PROJEÇÃO

População idosa na região crescerá 85% até 2030

Estimativa feita pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) é de que a terceira idade passe de 12,3% para 19,8% dos habitantes da RMC

Bruno Bacchetti
bruno.bacchetti@rac.com.br
10/04/2015 às 20:55.
Atualizado em 23/04/2022 às 16:44

Fundado há mais de 100 anos, o Lar dos Velhinhos de Campinas é referência em acolhimento e conta atualmente com cerca de 80 idosos (Janaina Ribeiro/ Especial para AAN )

O avanço da medicina e os crescentes cuidados com a saúde e alimentação irão impulsionar a população idosa nos países desenvolvidos nas próximas décadas. Na Região Metropolitana de Campinas (RMC) a situação não deverá ser diferente, e as projeções apontam para uma grande expansão no número de idosos vivendo nos municípios da região. De acordo com estimativa realizada pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), em 2030 a população acima dos 60 anos deve atingir 680.037 pessoas, o que corresponde a um crescimento de 85% em relação a 2014, no qual a população idosa da RMC somou 366.859 habitantes. Com a expansão, a terceira idade deve representar 19,8% dos habitantes da RMC, contra os atuais 12,3%.A faixa entre 70 e 74 anos deverá ter um aumento ainda maior, superior a 100%. Somente em Campinas, a projeção da Fundação Seade é que a população idosa do município seja superior a 258 mil idosos. No geral de todas as faixas etárias, o aumento estimado da população para os próximos 15 anos é de 15,1%, saltando de 2,976 milhões de pessoas no ano passado para 3,427 milhões em 2030. A cientista social Guita Grin Debert, professora de Antropologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e especialista em velhice, atribui o envelhecimento da população ao avanço da medicina e os maiores cuidados com a saúde. Para ela, o crescimento da população idosa, combinado com a queda na quantidade de nascimentos, tem mudado o cenário da pirâmide etária. “As pessoas estão vivendo mais pelos avanços na saúde, e com o decréscimo da taxa de nascimento a pirâmide etária, está mudando e ficando quadrada. Mas existem níveis de autonomia funcional. No Brasil considera-se idoso acima de 60 anos, mas muitos trabalham, estudam. O drama é a velhice avançada e o aumento da dependência”, afirma a especialista. Guita ressalta que a expansão da terceira idade irá exigir das administrações de todas as esferas governamentais o aprimoramento das políticas públicas voltadas a essa parcela da população, principalmente aos de idade avançada e que exigem mais cuidados médicos. Ela aponta a necessidade da implantação de centros de convivência, onde os idosos poderão praticar atividades físicas, esportivas e culturais, além de casas de acolhimento para atender idosos que necessitam de cuidados de saúde. No entanto, diz que pouca coisa foi feita nesse sentido no País.“O que vemos no Brasil é que se faz muita coisa para os idosos autônomos, como programas de recreação e universidade da terceira idade. Isso é importante, mas para a velhice dependente tem pouca coisa feita. Precisa implantar instituições de longa permanência, isso ainda é muito precário”, avalia.Fundado há mais de 100 anos, o Lar de Velhinhos de Campinas é referência no cuidado e acolhimento de idosos e conta atualmente com cerca de 80 acolhidos. A entidade oferece serviços de psicologia, enfermagem 24 horas, área médica, nutrição, fisioterapia e dentista. Além de cuidados médicos, os idosos têm atividades recreativas como seções de cinema, jogos, passeios semanais e terapia ocupacional. O foco do Lar dos Velhinhos é realizar ações que promovam desde entretenimento a cuidado com a saúde dos idosos.“O nosso objetivo é melhorar a qualidade de vida desse idoso. Trabalhamos em conjunto englobando o indivíduo como um todo. Temos psicólogos, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, recreação, nutrição, serviço social, médicos e enfermeiros. Eles fazem muitas atividades, passeiam no shopping”, conta a terapeuta ocupacional do Lar dos Velhinhos, Giselle Habermann. As atividades realizadas por eles dependem do perfil de cada um. “Tem vários níveis de dependência e são divididos de acordo com isso. Os mais dependentes recebem cuidados constantes de enfermeiros”, completa.Para Giselle, além da quantidade de instituições que acolhem a população da terceira idade estar aquém da necessidade, é preciso ampliar a fiscalização para evitar a proliferação de espaços sem estrutura adequada. “Deveria ter mais centros-dia para oferecer atividades diárias. E também fiscalização, porque às vezes pegam uma casa, colocam um enfermeiro e só. O País não está preparado para o envelhecimento da população.”

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