Entre 2000 e 2017, a quantidade de habitantes enquadrados nessa faixa etária (60 anos) mais que dobrou, saltando de 199.963 para 417.911
Idosa na Praça Carlos Gomes: cidade está classificada como a 13ª melhor do País para pessoas com mais de 75 anos (Leandro Ferreira/AAN)
Preocupada com o futuro da população idosa da Região Metropolitana de Campinas (RMC), que apresentou um crescimento de 109% entre os anos de 200 a 2017, a Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas apresentou um estudo na última terça-feira, que visa auxiliar o setor público e a sociedade civil na construção de políticas sociais e ações humanitárias que aumentem a qualidade de vida e o bem-estar desses cidadãos. Professor de economia e relações internacionais da instituição, Cristiano Monteiro da Silva assina o trabalho junto com quatro alunos. O docente explica que a grande motivação do levantamento foi o crescimento significativo no número de pessoas com 60 anos ou mais na região. Entre 2000 e 2017, a quantidade de habitantes enquadrados nessa faixa etária mais que dobrou, saltando de 199.963 para 417.911, segundo dados da Agência Metropolitana de Campinas (Agemcamp) e da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). O estudo completo pode ser conferido pelo link: https://www.v.calameo.com/?bkcode=0028127050cc2977d0ece&mode=viewer&showsharemenu=falseApós uma profunda análise exploratória de referências gerais, Silva diz que foi possível produzir um indicador para a apontar a 'Taxa de dependência dos idosos em relação a população adulta'. A métrica, de natureza simples, leva em conta a razão entre o número de pessoas com 60 anos ou mais pelo total da população adulta, sendo expresso na base de 100 mil habitantes. Considerou-se adulto, pessoas com idade entre 15 e 59 anos. A abordagem metodológica incorporou a visão sistêmica e a fenomenológica apoiadas em pesquisa bibliográfica e recursos da coleta e organização de dados, estruturação de indicadores e evidências do desenvolvimento social. Em observância a esse indicador, para cada 100 habitantes de Campinas, em 2000, havia 14 idosos dependentes. No último ano, a taxa era de aproximadamente 22. Silva esclarece que o envelhecimento da população impacta diretamente na dinâmica social, familiar, política e cultural dos municípios e da RMC. Isso porque existem diversos fatores a serem considerados, entre eles, a aposentadoria, por exemplo. "Quando alguém deixa de ser economicamente ativo, a carga destinada a essa pessoa acaba recaindo sobre outra", afirma, instruindo que isso é perceptível na arrecadação de tributos, que tem parte de seus recursos destinada à manutenção dos serviços públicos. "Entretanto, vale reiterar que, em muitos casos, devido a peculiaridades do Brasil, muitos idosos - aposentados ou não - precisam se manter no mercado de trabalho. A razão, na maioria das vezes, é que o cidadão permanece sendo o único gerador de renda da família", comenta. Questão social O estudo contextualiza que a definição do bem-estar da população idosa vai bem além das suas características demográficas e dos fatores de natureza econômica, como emprego e renda. "Trata-se de uma questão social que perpassa a dimensão humanitária e se combina com fatores sistêmicos, como o papel da família na vida dos idosos, saúde física e mental, cultura e lazer, proteção contra a violência, entre muitos outros aspectos", reconhece o texto. Considerações finais O estudo conclui que a população idosa da RMC vai precisar de assistência social para assegurar sua qualidade de vida. A rede de proteção social, muito provavelmente, será pressionada para os fins de distribuição de excedentes em favor desses cidadãos. O empreendedorismo ligado a essa faixa etária é um dos caminhos apontados para efeitos multiplicadores na economia. O "desafio é apoiar a valorização da experiência de vida, em seus distintos aspectos, e, o limiar das coisas, abandonando de vez a ideia falsa de que envelhecimento se combina como problema, atraso, doença...", encerra o estudo. Campinas A partir de 1º de julho deste ano, a população idosa de Campinas será de 138.666. Ao todo, 8% dos 1.589.944 habitantes vão ter 60 anos ou mais, segundo projeção da Seade. Em 2017, o município ficou na 11ª colocação em ranking agregado das cidades grandes, do Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade, realizado pelo Instituto de Longevidade Mongeral Aegon em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Isso no que diz respeito a habitantes na faixa etária entre 60 e 75 anos. Para as pessoas com mais de 75 anos, a cidade está classificada como a 13ª melhor (dentre as grandes) do País para se viver. Estado de São Paulo lidera o ranking de denúncias Instituído em 2006, pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa, foi celebrado ontem o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa. Um dos desafios no Brasil para este ano é reduzir o número de violações dos direitos desses cidadãos. O relatório de 2017, do Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos, do Governo Federal, registrou 33.133 denúncias e 68.870 violações aos direitos da pessoa idosa. Em 52% dos casos, a violência foi praticada pelos filhos e 85% na casa do próprio idoso. São Paulo foi o estado onde foi registrado o maior número de denúncias no País. Ao todo, 7.155, representando 21,59% dos números nacionais. Estatuto Os direitos da pessoa idosa estão reunidos no Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741), aprovado em 2003, após quase uma década de tramitação no Congresso Nacional. O documento reúne 118 artigos. Em suma, ele estabelece a obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público em assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. Em casos específicos, esses cidadãos tem assegurados atendimento prioritário e descontos.