CAMPINAS

População exige volta do Poupatempo no Centro

Prefeitura de Campinas ofertou parte do andar térreo do Paço Municipal para a instalação de um Poupatempo no local

Raquel Valli/ Correio Popular
12/02/2021 às 17:47.
Atualizado em 22/03/2022 às 01:20
Entrada do Porta Aberta, no Paço Municipal em Campinas: espaço foi oferecido pela Prefeitura ao governo do Estado, para abrigar uma unidade do Poupatempo na área central da cidade (Kamá Ribeiro/ Correio Popular)

Entrada do Porta Aberta, no Paço Municipal em Campinas: espaço foi oferecido pela Prefeitura ao governo do Estado, para abrigar uma unidade do Poupatempo na área central da cidade (Kamá Ribeiro/ Correio Popular)

A aposentada Aparecida dos Santos tem 90 anos, é insuficiente pulmonar e não anda. Usa cadeira de rodas e precisou ser levada pela filha, a dona de casa Maria José dos Santos, de 63 anos, até o Campinas Shopping, no Jardim do Lago, ontem, porque precisava de um serviço do Poupatempo. "Eu acho isso um absurdo a gente ter que vir até aqui, sendo que havia o serviço no Centro. Isso é muito, muito, ruim", diz a filha.

O servidor público Francisco Sanches Vilar, de 73 anos, concorda. "Dificultou muito pra gente. Era muito mais prático no Centro. E ainda é injusto porque a gente tem que arcar com o estacionamento".

A cake designer Maria Catarina Perina de Araújo, de 50 anos, prefere o Poupatempo no Jardim do Lago, porque mora perto, no Jardim das Bandeiras. "É bom pra mim por causa disso. Mas, e as outras pessoas? Aqui é fora de mão pra maioria. Além disso, há o custo de R$ 11 de estacionamento. E como é que uma pessoa de baixa renda vai conseguir arcar com isso? Não vai. E esse é um serviço para ajudar a população, portanto deveria facilitar a vida das pessoas, e não dificultá-la".

O Poupatempo do Centro foi fechado em maio do ano passado depois de funcionar por 21 anos no prédio que fica na esquina da Avenida Francisco Glicério com a Rua Ferreira Penteado. Com isso, a população que depende do serviço, passou a ter que se deslocar até o Campinas Shopping, onde funciona, desde então, a única unidade do posto em Campinas.

A justificativa do Governo do Estado de São Paulo, à época, era que "com a digitalização dos serviços, unidades com baixa demanda de atendimento presencial e de dimensões maiores, poderão ser transformadas em unidades com balcão único num formato mais enxuto, moderno e ágil, sem comprometer o atendimento ao cidadão".

Justificou também que Campinas era a única cidade do Estado, além da Capital, a ter dois postos (o do Centro e do Jardim do Lago).

O que a enfermeira Renata da Silva, de 57 anos, não entende é por que fecharam justamente a unidade central. "É brincadeira. Não tem nem comparação a quantidade de ônibus que passa no Centro, com a que passa lá no shopping. E ter que arcar com estacionamento, então? Pensaram em tudo, menos no povo".

Solução

Depois de todo esse transtorno e das constantes reclamações da população, a Prefeitura de Campinas ofertou parte do andar térreo do Paço Municipal para a instalação de um Poupatempo no local. A oferta foi há seis meses, mas até hoje ainda não saiu do papel porque depende de resposta da Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp) - que é responsável pelos postos.

Ontem, o prefeito Dário Saadi (Republicanos), acompanhado dos vereadores Paulo Haddad (Cidadania) e Luiz Henrique Cirilo (PSDB), foi até Taboão da Serra, para discutir a reabertura do Poupatempo no Centro. Reuniram-se com o diretor da Prodesp, Murilo Macedo.

"Foi definida uma visita ao local indicado pela Prefeitura, no Centro, na próxima quarta-feira (17), para o aprimoramento do projeto", informou a Prodesp, em nota, a respeito da reunião.

O vereador Cirilo foi mais detalhista e informou que uma equipe técnica da companhia ficou de vir a Campinas, para reunir-se com técnicos da Prefeitura de Campinas e estudar a proposta de trazer uma unidade do Poupatempo de volta à região central da cidade.

"Existe uma população tradicional do Centro da cidade, também idosa, que tem o hábito de utilizá-lo para fazer compras e para atividades do dia a dia. Sem contar que muitas pessoas, principalmente as mais experientes, acima dos 50 anos, têm uma dificuldade de acessar a internet e o que o Estado oferece em termos de informática", avaliou o vereador.

"Por não ter condições e aparelhamento, o munícipe fica refém, dependente de alguma empresa particular, para utilizar um serviço que é oferecido pelo Poupatempo sem ônus", finalizou.

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