Condutores de Campinas e Valinhos paralisaram as atividades por 2 horas
Passageiros do Terminal Ouro Verde foram surpreendidos com uma greve de motoristas (Kamá Ribeiro)
Parte da população de Campinas e Valinhos ficou, por cerca de duas horas, sem o transporte público coletivo na manhã de quinta-feira (1º). O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Campinas e região promoveu uma paralisação nas duas cidades por falta de reajuste nas remunerações, que não ocorrem há um ano e meio.
Em Campinas, a greve aconteceu nas linhas da empresa VB1, que atende a região do distrito do Ouro Verde - a maior em população da cidade e prejudicou cerca de 25 mil usuários. Os ônibus só começaram a sair das garagens por volta das 6h. Em Valinhos, todos os ônibus da SOU também ficaram parados na garagem até por volta das 6h.
De acordo com a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), uma manifestação de um grupo de motoristas da empresa VB1 paralisou parcialmente a operação do transporte público, impactando 58 linhas operadas pela empresa entre 4h e 6h. "O ato foi inesperado e a situação foi totalmente normalizada ainda pela manhã. Os usuários voltaram a ser atendidos gradualmente a partir das 6h. A Emdec lamenta que a reivindicação salarial tenha reflexos e prejuízos aos usuários do sistema e vai adotar as medidas judiciais cabíveis", informou através de nota oficial.
A Administração também ressaltou que para minimizar os transtornos aos usuários e garantir a prestação do serviço, a Emdec conta com o Plano de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência (Paese), que consiste no remanejamento de ônibus de outras empresas para suprir as linhas impactadas.
O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros da Região Metropolitana de Campinas (SetCamp) foi procurado e informou que foi pego de surpresa, porque que as negociações de reajuste salarial com a atual diretoria recém-empossada estavam sendo realizadas de um processo, até então, considerado normal e que as mesmas não haviam se encerrado.
"Que, mais uma vez, em pleno andamento de um processo de negociação e sem qualquer aviso prévio, conforme estabelecido em legislação vigente, os sindicalistas interferiram na operação de uma concessionária. Um ato intempestivo e irresponsável trouxe prejuízo a pelo menos 25 mil pessoas no dia de hoje. O SetCamp entende que a manutenção do diálogo, sem prejuízo à população e à comunidade é o melhor caminho", disse através de nota oficial.
A Prefeitura de Valinhos apenas confirmou que ocorreu a paralisação, A SOU Valinhos foi procurada, mas disse que não iria se pronunciar. A reportagem não obteve retorno quando pediu dados sobre quantidade de ônibus parados e quantos moradores foram afetados.
População
A vendedora Edilaine Valéria da Silva, de 51 anos, contou que, por conta do horário que trabalha, conseguiu pegar o ônibus e não teve problemas na quinta-feira (1), mas ela acredita que em situações assim somente a população sai prejudicada. "Acho que as pessoas têm mesmo que lutar por melhorias, mas prejudica a população. Quando eu cheguei, já tinha começado a rodar, mas e se não tivesse? Não tenho condições de ficar pagando uber e trabalho como autônoma. Se eu não for trabalhar, não ganho o dia", disse.
Trabalhador na área de carga e descarga do Aeroporto Internacional de Viracopos, Walison Dias, de 27 anos, não teve a mesma sorte e teve que esperar por quase três horas. "Eu pego quase o primeiro ônibus do dia no Jardim Melina, mas ele não passou. Só fui conseguir trabalhar às 7h. Eu apoio a busca por melhores condições, mas acho que tem que ser avisado antes para ninguém ficar prejudicado", afirmou.