UM NOVO TEMPO

Polo de Inovação desafogará o trânsito de Barão Geraldo, em Campinas

Proposta inclui construção de ruas e avenidas mais largas no acesso ao distrito

Rodrigo Piomonte
11/11/2022 às 09:43.
Atualizado em 11/11/2022 às 09:43
Trânsito congestionado na Avenida Albino J. B. de Oliveira no Distrito de Barão Geraldo, no final da tarde de ontem: congestionamentos são comuns e constantes nos horários de pico (Gustavo Tilio)

Trânsito congestionado na Avenida Albino J. B. de Oliveira no Distrito de Barão Geraldo, no final da tarde de ontem: congestionamentos são comuns e constantes nos horários de pico (Gustavo Tilio)

O futuro Polo de Inovação e Desenvolvimento Sustentável (PIDS), previsto para ser implantado em uma área de 17 milhões de metros quadrados em Barão Geraldo, permitirá a abertura de ruas e avenidas mais largas e seguras no distrito, sem alterar as suas características urbanas, sociais e ambientais. Com isso, o projeto deve solucionar um dos maiores gargalos da região, que são os longos congestionamentos nos horários de pico. Além disso, o projeto prevê benefícios fiscais para atrair empresas e outros empreendimentos. Uma lei específica nesse sentido será elaborada pela Prefeitura de Campinas. As informações foram repassadas na quinta-feira (10) pela secretária de Planejamento e Urbanismo, Carolina Baracat Lazinho, com exclusividade ao Correio Popular.

O PIDS será instalado na área que engloba o Polo de Alta Tecnologia (Ciatec 2), sua zona de expansão e os campi da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). A proposta é incentivar a instalação de centros de pesquisa e empresas de alta tecnologia em Barão Geraldo. Para isso, a Administração segue discutindo com moradores e entidades uma proposta de mudança na lei de zoneamento da área contemplada pelo polo tecnológico.

Hoje, os moradores de Barão Geraldo terão a oportunidade de conhecer mais de perto a proposta de mudança na Lei de Uso e Ocupação de Solo, nº 6.031, para permitir a ocupação mista (residencial, comercial e industrial), associada à preservação ambiental no distrito. A área total de interferência é de 17 milhões de metros quadrados. O encontro com os moradores de Barão Geraldo será realizado hoje, a partir das 14h, no salão da Igreja Santa Isabel. Será o quarto debate sobre o projeto na cidade esta semana. A reunião será aberta à comunidade, que poderá tirar dúvidas e discutir propostas a serem incluídas no projeto. Uma audiência pública ainda será realizada em janeiro de 2023, antes do projeto ser finalizado e enviado à Câmara de Vereadores.

A secretária Carolina Baracat Lazinho explica que a mudança do zoneamento proposta é a base para a construção de um novo ecossistema de inovação para a gestão do território em que se prevê a construção do Polo de Desenvolvimento. Ela lembra que grande parte da área do PIDS está compreendida pelo HUB Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com seus 11 milhões de metros quadrados, e o restante pertence a particulares.

Ela destaca o enorme desafio que tem sido estruturar a construção do Polo e enaltece a participação das universidades em todo trabalho. "As parcerias com a Unicamp e a PUC-Campinas foram e são fundamentais para o polo. Mas o desafio é muito grande e precisa também da adesão dos proprietários para internalizar e colocar em prática esse novo modelo de urbanização", disse.

A secretária ressalta que a instalação do Polo vai ser um agregador à dinâmica econômica e social pujante do distrito de Barão Geraldo, que já possui uma vocação tecnológica. De acordo com a secretária, o urbanismo inovador que carrega o projeto contribuirá para ajudar na solução de problemas que o distrito já enfrenta por conta de um adensamento de décadas atrás.

"O conceito de um pólo está atrelado ao que o plano diretor traz de desenvolvimento. No caso dessa proposta ela está baseada no Desenvolvimento Ordenado pelo Transporte, ou seja, por onde passar esse eixo de transporte será preciso levar um adensamento maior, por isso que surge o zoneamento dessa região, permitindo que as glebas possam ser ocupadas não só por uma atividade econômica como atualmente, mas também por residência, um comércio, um serviço", explica.

A secretária destaca que a mudança no zoneamento é importante, porque ao empreender em gleba você não doa as áreas públicas, não doa a rua, então a cidade e o bairro não se constroem. Segundo Baracat, toda a experiência de polo que a Prefeitura pesquisou durante as fases de estudo é caracterizada por pessoas morando nele. "Tem que ter um comércio, um serviço e espaços de convívio e públicos. Mas a população pode ter certeza que toda a proposta está alicerçada em garantir que as características originais do distrito de Barão Geraldo permaneçam, abrindo inclusive novas perspectivas de melhoria como na questão da mobilidade, por exemplo", disse.

A secretária ressalta que a falta de infraestrutura na região ocorreu porque na época a legislação da cidade permitia a aprovação de empreendimento em gleba. "Aprovando o empreendimento na área toda você não abre ruas, não abre o viário, e por isso que a gente está trazendo um novo conceito de urbanismo inovador. Fazendo com que o projeto tenha esse conceito de distribuição pública, as fachadas ativas, calçadas e ruas mais largas, área comercial no térreo, que você tenha altura de até sete pavimentos e com novas vias de acesso melhorando o trânsito local e respeitando todas as características de Barão Geraldo", reforça.

Além da questão da mobilidade com a integração de modais de transporte, como ônibus, carros, bicicleta e circulação de pedestres, o projeto da Prefeitura prevê ainda regras inéditas para a ocupação do polo, como incentivos para uso de calçadas drenantes, redução da emissão de gases que causam o efeito estufa e utilização de energia solar. "Estamos fazendo uma lei totalmente conectada com tudo o que foi discutido no Plano Diretor e com base na sociedade do conhecimento, que é uma coisa muito forte em Barão Geraldo. A gente fomenta que Barão Geraldo seja o que Barão Geraldo é por conta de todo o carinho e respeito que temos por aquela região", disse Baracat.

A secretária destaca ainda o estímulo ao transporte público e a abertura de vias alternativas de acesso à área que abrigará o polo. "Hoje ou você acessa pela estrada ou por Barão. Então o projeto vai garantir uma malha viária que não só não sobrecarregue Barão Geraldo, mas que alivie o trânsito de Barão, fazendo com que Barão consiga transitar com muitos outros meios de transporte que não só o automóvel", disse.

O conceito do Projeto de Lei Complementar (PLC) do PIDS, os exemplos urbanísticos e os parâmetros de ocupação desejados serão apresentados no encontro de hoje com os moradores do distrito. A região é um dos três Polos Estratégicos de Desenvolvimento definidos pela comunidade no próprio Plano Diretor em 2018. Um novo zoneamento permitirá unir implantação de moradias, lazer, negócios e serviços em um espaço compartilhado. A Prefeitura ressalta que todo o projeto foi totalmente construído com as universidades Puc-Campinas e Unicamp, desde o diagnóstico até sua concepção.

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