santa bárbara d'oeste

Polícia ouve motorista acusado de racismo

A Polícia Civil de Santa Bárbara d'Oeste ouviu ontem o motorista de transporte por aplicativo acusado de ter cometido crime de racismo no último dia 6

Daniel de Camargo
16/07/2019 às 09:45.
Atualizado em 30/03/2022 às 22:53

A Polícia Civil de Santa Bárbara d'Oeste ouviu ontem o motorista de transporte por aplicativo acusado de ter cometido crime de racismo no último dia 6. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), outras oitivas, incluindo um novo depoimento da vítima, serão realizadas. Segundo Boletim de Ocorrência (BO) registrado por A.S.R., auxiliar-geral de 23 anos, sua entrada no veículo não foi permitida por ela ser negra. Ao vê-la, o condutor fez um gesto de pare" com uma das mãos. Em seguida, afirmou que não faria a viagem.  “Olha a sua cor. Você está suja. Eu não transporto pessoas como você no meu carro, que é novo”, disse, de acordo com o documento policial. A jovem relembra que começou a chorar copiosamente. Nesse momento, o autor teria dito: “Pode chorar e cancele (em referência a corrida).” “O mundo desabou na minha cabeça. Fiquei sem chão”, comentou. Apesar de abalada, a mulher fez nova solicitação na plataforma 99. Dessa vez, o motorista a atendeu sem ressalvas. A corrida custou R$ 16,80. Ao chegar no destino, o homem informou que R$ 5 desse valor eram referentes ao cancelamento da viagem anterior. A vítima relatou o que, tinha acontecido e foi instruída a denunciar o agressor a 99. Assim o fez, detalhando o modelo, a marca e a placa do automóvel. Em seguida, foi até o plantão policial da cidade. Desde o episódio, A.S.R afirmou que não consegue se alimentar ou dormir direito. “Não consigo acreditar que ainda existem pessoas assim”, encerrou. A 99 informou, em nota, que “repudia qualquer forma de preconceito e tem uma política de tolerância zero em relação a isso. Essa não é a experiência que o aplicativo quer proporcionar aos passageiros.” A empresa recebeu a denúncia, a qual classifica como grave, e no mesmo dia conversou com a vítima.” O motorista foi bloqueado preventivamente da plataforma e a companhia está disponível para colaborar com investigação da polícia”, informou trecho do texto. Recusa de atendimento a clientes pela cor é crime Qualquer ato de discriminação por raça e cor são considerados crimes no Brasil desde 1989. Naquele ano, entrou em vigor a Lei 7.716, chamada Lei Caó em homenagem a seu autor, o então deputado e ativista do Movimento Negro Carlos Alberto de Oliveira. Pela lei, está sujeito a pena de dois a cinco anos de prisão quem, por discriminação de raça, cor ou religião, impedir pessoas habilitadas de assumir cargos no serviço público ou se recusar a contratar trabalhadores em empresas privadas. Também comete o crime de racismo quem, pelos mesmos motivos, recusa o atendimento a pessoas em estabelecimentos comerciais, veda a matrícula de crianças em escolas, e não permite que cidadãos negros entrem em restaurantes, bares ou edifícios públicos ou utilizem transporte público.

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