Mas delegado Rui Pegolo admitiu que enfrenta dificuldades para solucionar assassinato do ex-prefeito
Ato Público pelos 12 anos do assassinato do ex-prefeito Antonio da Costa Santos, o Toninho (Elcio Alves/AAN)
No dia em que a morte do ex-prefeito de Campinas Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, completou 12 anos o delegado do Setor de Homicídios, Rui Pegolo, informou que a Polícia Civil ainda não desistiu de investigar o assassinato, mas admitiu que enfrenta dificuldades para solucionar o caso."Ainda não temos nenhum fio condutor e o caso é de difícil elucidação. A cada ano que passa, fica mais difícil seguir com as investigações. Ouvimos cinco pessoas e ainda há muito caminho a percorrer" .O delegado também revelou que a força-tarefa anunciada há um ano praticamente não existe mais. "Infelizmente, não temos mais uma equipe específica no caso. Temos feitos diligências quando descobrimos alguma coisa, mas avançamos muito pouco."Ainda segundo Pegolo, a falta de participação da população também tem influenciado no pouco andamento do caso. "Desde que as investigações foram reabertas, não houve nenhuma denúncia para contribuir com a investigação, mesmo com a garantia de sigilo e proteção. Não é possível que ninguém saiba de nada, nem tenha visto nada."O delegado também citou a sobrecarga da equipe do Setor de Homicídios que conta com apenas 12 investigadores para trabalhar em 200 casos. Com o caso em segredo de Justiça, a polícia não pode revelar o conteúdo das cinco oitivas realizadas neste último ano.Atualmente, o inquérito está no Fórum de Campinas para pedido de renovação de prazo para que ele seja concluído. Pegolo explicou que este procedimento é feito de quatro em quatro meses e, portanto, no último ano, a Polícia Civil pediu por três vezes que o tempo de trabalho fosse estendido.Segundo ele, o inquérito tem 45 volumes e nove mil páginas com o relato de testemunhas e provas documentais colhidas desde o início das investigações. Desde a reabertura do inquérito, em 2010, a família lutava para que o crime fosse investigado pela Polícia Federal.Entretanto, na segunda-feira (9), o advogado Willian Ceschi Filho declarou que o Ministério da Justiça negou o pedido. Para a família, a morte teve motivação política e foi a mando do crime organizado, mas a polícia afirma que essa hipótese não apareceu no inquérito, e, portanto, trata o caso como crime comum.Após ter o pedido negado, a família diz que vai denunciar o Estado por omissão à Organização dos Estados Americanos (OEA), órgão internacional de defesa dos direitos humanos."Apesar da decepção, afinal eles demoraram 12 anos para dizer não, ao menos agora podemos denunciar o Estado brasileiro por omissão. A decisão do Ministério da Justiça está totalmente equivocada diante de todos os elementos apresentados. O crime teve repercussão nacional, foi contra agente público no exercício da função, feriu os Direitos Humanos e, além disso, Toninho ajudou na investigação federal da CPI do Narcotráfico", declarou o advogado.A negativa do Ministério da Justiça foi a primeira manifestação formal indeferindo o pedido.A família já havia tido solicitações negadas, inclusive pela Polícia Federal, mas nunca tinha tido retorno definitivo do governo. Em 2008, a Polícia Federal entendeu não ser o caso de instauração de inquérito pelo fato de o crime não atender o requisito de repercussão interestadual.Com a reabertura das investigações em dezembro de 2010, no âmbito estadual, a família de Toninho solicitou a reconsideração em 2012. Novamente a Polícia Federal apresentou um parecer negando a possibilidade de intervir no caso.A reportagem entrou em contato com o Ministério da Justiça mas não teve retorno.