RIO ATIBAIA

Polícia Ambiental aponta extração ilegal na região

Área rural em haras seria uma mineradora clandestina, mas geólogo nega e diz que obra era para servir à piscicultura

Alenita Ramirez
23/09/2020 às 11:41.
Atualizado em 28/03/2022 às 07:56
Empreendimento derrubou vegetação: local tinha dragas e tratores (Wagner Souza / AAN)

Empreendimento derrubou vegetação: local tinha dragas e tratores (Wagner Souza / AAN)

A Polícia Militar Ambiental localizou e embargou, na manhã de ontem, uma mineradora ilegal, localizada em um haras, em uma área rural, às margens do Rio Atibaia, no limite de Jaguariúna e Campinas. Segundo a corporação, o empreendimento clandestino equivale a cinco campos de futebol. Além da extração irregular de minérios, a vegetação nativa da área foi prejudicada. Quatro homens foram detidos, mas liberados após depoimentos aos policiais no próprio local. O dono da empresa que presta consultoria na obra, o geólogo Luciano Cândido, negou se tratar de mineradora e garante que a obra é para tanques de criação de peixes. A Polícia Ambiental encontrou o local após receber denúncias anônimas. A reportagem apurou que havia queixa de falta de água nos poços caipiras localizados nas imediações. Entretanto, a polícia não conseguiu confirmar o dado com os moradores. Os agentes constataram que foi retirado do solo argila, areia e outros minérios. No terreno, foram encontradas duas dragas e diversos tratores que faziam a retirada dos componentes da terra. São dois tanques que, segundo Cândido, seriam destinados a piscicultura e que o material extraído era mantido no haras. Entretanto, em buscas na área, segundo o tenente da Polícia Ambiental, Matheus Zanchetta de Sousa, o material não foi encontrado, mas foram vistos diversos caminhões saindo da propriedade. “A areia tinha que ser mantida aqui na propriedade, mas não achamos nada. Os equipamentos encontrados aqui demonstram que a atividade é de uma mineradora”, disse Sousa. Cândido alegou que tinha autorização, mas o documento se tratava de uma dispensa de outorga emitida pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) para a construção de tanques. De acordo com Sousa, a mineradora existe no local desde fevereiro deste ano e não tem licença de operação da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). A companhia foi acionada e confirmou a irregularidade. A Polícia Ambiental aplicou multas de R$ 2,7 mil por danos de nove árvores nativas e R$ 10 mil, caso o dono do empreendimento desobedeça a ordem de embargo. Relatório segue para a Polícia Federal˜. Impacto Apesar de a polícia não confirmar, o ambientalista Wilson Shelter afirma que a extração de argila realmente leva à redução de água em poços caipiras. Geralmente, a extração do material, segundo Shelter, destrói as minas de água, que abastecem os poços caipiras. “Um poço caipira pode ter entre seis e oito metros de profundidade. Se a argila estiver em local mais baixo, a extração prejudica sim os poços, pois o lençol freático vai migrar para a área mais baixa.”

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