‘MEDIDA PREVENTIVA’

Poda de falsa-seringueira foi correta, afirma especialista

Para o engenheiro agrônomo e arborista Joaquim Teotônio Cavalcanti Neto, medida radical foi necessária para evitar que eventual queda de galhos causasse acidentes

Da Redação
06/09/2023 às 09:13.
Atualizado em 06/09/2023 às 09:13
Segundo a Secretaria de Serviços Públicos e o arborista Joaquim Teotônio Cavalcanti Neto, poda radical foi correta, para evitar acidente em área com grande fluxo de carros e pedestres (Alessandro Torres)

Segundo a Secretaria de Serviços Públicos e o arborista Joaquim Teotônio Cavalcanti Neto, poda radical foi correta, para evitar acidente em área com grande fluxo de carros e pedestres (Alessandro Torres)

A ficus elastica, árvore-símbolo de Barão Geraldo que passou por uma poda radical, apresentou uma doença que a debilitou e passou a oferecer risco de queda de seus galhos, colocando em risco a vida de pedestres e motoristas que passam pela Avenida Albino José Barbosa de Oliveira, Jardim Afife, na área central do distrito. A afirmação foi feita na terça-feira (5) pelo engenheiro agrônomo e arborista Joaquim Teotônio Cavalcanti Neto, que prestou consultoria para a Prefeitura no manejo da árvore, também conhecida como falsa-seringueira.

Com 27 anos de experiência em floresta urbana e um dos 23 profissionais do país certificados pela Sociedade Internacional de Arboricultura (ISA, na sigla em inglês), ele apontou que o quadro apresentado pela ficus elástica indica a ocorrência de uma doença fúngica que atingiu as raízes e afetou a nutrição da copa, o que leva ao aparecimento dos problemas de cima para baixo. Entre os sintomas estão o apodrecimento dos galhos; queda das folhas, que são substituídas por outras menores; casca que se soltam em diversos pontos do tronco e manchas na parte interna do tronco, o que pode ser visualizado após a poda.

Para Cavalcanti Neto, o corte dos galhos até o tronco foi o correto "para salvar vidas". "Havia o risco dos galhos atingirem pessoas ou carros, uma vez que essa avenida é muito movimentada", justificou. "A Secretaria de Serviços Públicos fez o correto", reforçou. Ele lembrou que há cerca de 4 meses um grande galho caiu e esmagou um carro estacionado próximo à falsa-seringueira.

EXAME

O arborista apontou que apenas um exame técnico pode apontar o que afetou a árvore, mas ela não apresenta sinais de ataques por insetos ou pragas, como cupins ou brocas, ou de ter sofrido uma ação criminosa, como intoxicação por óleo diesel ou pulverização por herbicida. Ele citou como exemplo a presença de mato e outras plantas em torno da árvore que permanecem sadios.

O engenheiro agrônomo disse que a ficus elástica começou a apresentar problemas há dois anos, mas a evolução se acelerou mais recentemente. Ele tem uma empresa em Barão Geraldo que atua com arboricultura, consultoria, manejo integrado, licenciamentos e cursos e acompanhou o desenvolvimento do quadro daquele exemplar. "É óbvio que a população esteja afetada pela árvore, que representa uma relação de carinho, de amor, de ligação com a natureza, mas é preciso pensar na segurança, no risco potencial de causar um acidente fatal", afirmou Cavalcanti Neto.

Para ele, o manejo a ser feito tem de ser baseado em conhecimento técnico-científico. O arborista considerou que a Secretaria de Serviços Públicos fez a poda até a altura que considerou necessária para combater o apodrecimento dos galhos e em condições de dar uma possibilidade de rebrota para a ficus elástica.

A sua avaliação reforça a posição da Secretaria Municipal de Serviços Públicos, que divulgou que a ficus elástica apresentava "iminente risco de queda". "A poda ocorreu porque a falsa-seringueira já estava em franco declínio vegetativo, com doença fúngica constatada. Nós temos que prezar pela segurança da população. A árvore está em uma área de extremo fluxo de pessoas e veículos. Realizamos a poda no tempo correto, com intuito de oferecer segurança à população e a restauração do indivíduo arbóreo", justificou o engenheiro florestal da pasta, João Pedro Sangaletti Serrano.

Em nota, a Secretaria de Serviços Públicos acrescentou que "além da questão da segurança, a poda também é para recuperar a copa da árvore e estimular o crescimento de novos brotos." A Pasta garantiu que a ficus elastica não será extraída. Um laudo técnico de vistoria, datado de 4 de abril passado, traz fotos anexas que mostram a falsa-seringueira desfolhada e afirma que "o indivíduo arbóreo está em franco declínio vegetativo, colocando toda população circunvizinha em risco". Além de Serrano, o documento é assinado pela engenheira agrônoma Marcia Calamari.

OUTROS CASOS

Ao explicar a necessidade da poda, Cavalcanti Neto ressaltou que não há produto fitossanitário autorizado para uso em área urbana. De acordo com ele, o a doença que atingiu a ficus elástica já afetou outras árvores da mesma espécie em Barão Geraldo e não gerou o mesmo tipo de reação. Ele citou cinco falsasseringueiras na Vila São João, a 450 metros da Avenida Albino José Barbosa de Oliveira.

O engenheiro agrônomo acrescentou o porte da árvore recém-podada indicava que ela tinha em torno de 100 anos, mas o problema verificado não tem relação com a sua idade. Ele mostrou outras ficus elásticas em uma propriedade rural também em Barão Geraldo, porém mais jovens, com o mesmo quadro da árvore podada. "Aqui os galhos podem cair que não vão causar problemas, faz parte da natureza. Mas, na avenida, havia uma situação de risco", reafirmou.

A falsa-seringueira podada tinha em torno de 12 metros de altura e o tronco, 10 metros de diâmetro. Ela é uma espécie exótica, originária da Ásia. A árvore é utilizada como elemento ornamental em diversas regiões do mundo. Ela não é recomendada para jardins pequenos de frente ou de canto de muro, porque têm raízes agressivas e cresce consideravelmente. Especialistas apontam que o plantio deve ser evitado em espaços públicos e na composição da arborização urbana. 

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