MANUTENÇÃO

Poda de árvore desafia a paciência

Rachaduras nas casas, calçadas irregulares e risco às residências estão na lista de problemas

Henrique Hein
27/10/2019 às 16:53.
Atualizado em 30/03/2022 às 14:07

A presença de árvores no contexto urbano é fundamental para liberação de oxigênio, absorção de poluentes, redução da sensação térmica e melhoria da qualidade do ar. No entanto, uma vez plantadas, elas necessitam de cuidados técnicos constantes para conseguirem exercer essas funções. Em Campinas, a falta de uma boa manutenção por parte do poder público tem colocado em risco a vida e a segurança de muitos moradores. Um dos casos é o de uma árvore com mais de cinco metros de altura, plantada há 15 anos na calçada da Rua Manoel Antônio de Almeida, no Jardim Santa Genebra. A árvore tem causado problemas para o casal de aposentados Paulo Clemente Luciano, de 78 anos, e Regina Estela Brolezi, de 72. Isso porque as raízes cresceram desordenadamente e causaram rachaduras na calçada, garagem e até mesmo nas paredes do imóvel onde os dois moram com o filho Fernando, de 38 anos, que é cadeirante. Além do risco de desabamento sobre a casa, a árvore, segundo os moradores, traz ainda um problema adicional: as grandes rachaduras na calçada dificultam a locomoção de Fernando para entrar e sair da sua própria casa. A família alega que desde 2015 vem pedindo providências para extração da árvore, mas que a Prefeitura, além de não atender à demanda, ainda os proíbe de fazer o corte, sob pena de uma multa de cerca R$ 5 mil. “Vai ficar assim até quando? Até uma tragédia acontecer e a casa desabar com meus pais aqui?”, questiona Fernando. Além das rachaduras, outro problema que assombra os moradores da residência são os fios de energia elétrica, que estão se enroscando com as folhas e troncos da árvore. Regina explica que a árvore é frutífera e que muitas crianças da rua sobem nos galhos para pegar as frutas. “Isso é um perigo, porque o corpo deles fica bem pertinho dos cabos de alta-tensão”, afirmou. Uma equipe do Departamento de Parques e Jardins (DPJ) da Prefeitura esteve no local depois de o Correio Popular ter relatado, um dia antes, o problema para a Administração. Fernando, no entanto, contou que a visita dos funcionários não resolveu o problema, já que eles apenas podaram uma parte insignificante da árvore e não extraíram a raiz do solo. “Foi uma visita que durou poucos minutos e o trabalho ainda foi feito nas coxas”, alertou. Outros casos A falta de uma boa manutenção em árvores por parte do Poder Público não é somente uma exclusividade dos aposentados Paulo e Regina. A auxiliar administrativa, Kátia Silva, de 32 anos, por exemplo, teve que desembolsar mais de R$ 8 mil depois que uma árvore, de mais de 15 metros, caiu sobre o muro de sua casa no último dia 21 de setembro, na Vila Pompeia. Segundo ela, vários pedidos de extração foram feitos junto à Prefeitura nos últimos três anos. “Nunca fizeram questão de me dar atenção. A árvore caiu no mês passado e está me dando um prejuízo gigantesco. Já procurei meu advogado e vamos entrar com um processo contra a Prefeitura”, afirmou. O aposentado Manuel Claure Iriarte, desde maio de 2018 espera pela extração de uma árvore que se transformou em um problema para ele e para seus vizinhos. Plantada em frente ao número 61 da Rua Limeira, no bairro Cidade Jardim, a árvore, com o tempo, cresceu de forma desordenada e acabou ocupando praticamente a calçada inteira da via. A copa já está maior que o sobradinho de sua propriedade. Por causa disso, ele não consegue mais alugar o espaço. “Eu já tinha reduzido o valor do aluguel, mas agora faz mais de um ano que não consigo inquilino. As pessoas não aceitam porque as folhas entopem calhas, sujam varanda e área de serviço”, diz o aposentado, que ainda vê o risco da árvore cair. “Está cheia de cupim e pode desabar a qualquer momento”. Manuel disse ainda ter procurado alguns vereadores em busca de solução para o problema, mas que até agora nada mudou. No final do mês passado, a falta de manutenção em mais uma árvore na cidade por pouco não terminou em tragédia na Rua Olavo Egídio, na Vila Castelo Branco, próximo à Avenida John Boyd Dunlop. O tronco, que estava seco, cedeu e a árvore quase caiu um uma residência. Agentes de mobilidade urbana da Empresa Municipal de Campinas (Emdec) precisaram ir até o local interditar a via. Resposta Em nota, a Prefeitura de Campinas informou – quando foi avisada pela reportagem sobre os problemas – que o Departamento de Parque e Jardins (DPJ) vistoriaria os bairros Jardim Santa Genebra e Cidade Jardim, para tomar as providências necessárias nos endereços mencionados. “Importante esclarecer que nem sempre a poda e a extração são necessárias. É preciso uma avaliação técnica do DPJ antes, para saber exatamente o que precisa ser feito. Muitas vezes é necessário que o trabalho seja em conjunto com outro órgão, como a empresa de energia elétrica, por exemplo, para lidar com os cabos de alta-tensão. No caso de extração, a avaliação também é muito criteriosa, porque a árvore é um bem público e deve ser preservado”, informou a nota. Ainda de acordo com a Administração, a extração de árvores é feita somente quando elas estão mortas, com alguma doença grave ou que apresente algum tipo de risco. “De todos os pedidos de extração de árvores que chegam, após análise técnica, cerca de 70% não se justificam. Os cidadãos podem solicitar as avaliações de poda e/ou extração de árvores por meio do telefone 156”.

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