CARTILHA

PM orienta vítima a nunca resistir

Cartilha diz que manter calma ao ser roubado é necessário para evitar tragédias

Felipe Tonon
21/02/2013 às 08:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 03:57

A Polícia Militar de São Paulo mantém uma cartilha em seu site com as principais dicas de como agir durante um assalto, aumentando as chances de evitar uma tragédia como a ocorrida ontem em Campinas, quando o empresário Romário de Freitas Borges, a filha e o neto de 20 anos tentaram impedir o roubo e o primeiro acabou sendo assassinado .

O major da Polícia Militar Marci Elber Rezende da Silva alerta para que a vítima nunca reaja, uma vez que os assaltantes são imprevisíveis. “Não tem como mensurar a postura do bandido que vai para o roubo a mão armada, se ele está sob efeito de droga, por exemplo. O marginal é oportunista, quer ter sucesso e pensa na possibilidade de fuga, mas às vezes ele está mais nervoso que a própria vítima.”

Para não se expor ainda mais à ação criminosa, apesar do momento de estresse que envolve um assalto, o policial indica que é preciso manter a calma e jamais entrar em luta corporal com o assaltante. “A histeria pode agravar ainda mais a situação. É uma questão de segurança tentar ficar calmo”, afirmou.

Outra prática condenada é a tentativa da pessoa assaltada de tentar “ser amigo” do criminoso, durante uma abordagem. “Algumas pessoas tentam conversar amigavelmente com o bandido, tenta ser amigo, mas tivemos experiências que acabaram sendo o inverso e o marginal acabou disparando contra a vítima.”

O pedido de socorro, afirma o major, deve ser feito apenas quando o assaltante já tiver deixado o local. “Aí sim deve discar para o 190 e passar a maior quantidade possível de informações, como fisionomia e a direção da fuga.”

Rezende afirmou que as informações sobre as roupas utilizadas pelos bandidos são secundárias, uma vez que podem ser mudadas em poucos segundos após cometerem um roubo, justamente para dificultar o reconhecimento pela polícia.

Momento crítico

A professora de psicologia forense da PUC-Campinas Maria de Fátima Franco dos Santos disse que, em um roubo, os assaltantes também estão em um momento psicológico crítico.

“Se o assaltante sentir que será atacado, pode ser por um simples movimento da vítima, ele vai atirar, porque naquele momento ele acredita que a segurança dele também está em risco. Eles pensam que é matar ou morrer”, disse.

A especialista, autora de uma pesquisa sobre homicídios em Campinas, disse que observou que na grande maioria dos casos em que a vítima reage a uma abordagem o criminoso atira.

“O fato de não morrerem tantas pessoas em assalto se deve a situações em que os criminosos atiraram a esmo, e acabaram atingindo a vítima, mas sem gravidade. O fato é que, se há reação, eles sempre atiram, e a chance de a vítima ser morta aumenta. Ninguém coloca uma arma na mão a troco de nada”, afirmou.

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