TECNOLOGIA VIRTUAL

Plataforma caçará fake news durante eleições

Projeto desenvolve software para denúncia de mentiras na rede

Rogério Verzignasse
20/03/2018 às 07:30.
Atualizado em 23/04/2022 às 06:47
O engenheiro industrial argentino Ariel Kogan (à esq.) e Márcio Vasconcelos Pinto, fundador do IT&E  (Dominique Torquato/AAN)

O engenheiro industrial argentino Ariel Kogan (à esq.) e Márcio Vasconcelos Pinto, fundador do IT&E (Dominique Torquato/AAN)

Cerca de 40 organizações da sociedade civil já são signatárias de um projeto que pretende combater as fake news durante as eleições. As entidades organizadas — empresas de tecnologia, centros de pesquisa, universidades, associações e partidos políticos — vão recorrer a ferramentas virtuais para identificar e denunciar notícias falsas na rede. Ao mesmo tempo, conectado à mídia, o movimento #NãoValeTudo vai denunciar fontes suspeitas e promover a remoção imediata, das redes, das informações indevidamente replicadas. A proposta é incentivar um processo eleitoral mais justo e transparente, que não seja embasado em mentiras e factoides. À frente do projeto estão especialistas do Instituto Tecnologia e Equidade (IT&E), uma organização social sem fim lucrativo, que usa recursos oferecidos por fundações do mundo inteiro para o desenvolvimento de plataformas social e eticamente responsáveis. Será um serviço gratuito ao público, desenvolvido em parceria com o Instituto Tecnologia e Sociedade (ITS-Rio) e o AppCívico. Até maio, os pesquisadores devem estar reunidos em um espaço físico, a chamada “sala de monitoramento”, cedido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Lá dentro, técnicos vão trabalhar no monitoramento das redes sociais e na identificação dos chamados “bots”, ou “robôs”. São os programas de inteligência artificial, capazes de reproduzir, em segundos, a mesma (e falsa) informação a milhares e milhares de internautas conectados. Os bots, por sinal, apareceram como uma tecnologia de informação em defesa dos interesses públicos. Um desses softwares, por exemplo, denuncia possíveis incorreções na prestação de contas dos deputados, na Câmara Federal. A tecnologia denuncia gastos supostamente incorretos, e coíbe manobras. Infelizmente, no entanto, a plataforma também é usada para difundir mentiras. É como aconteceu na última semana. Caso Marielle Após o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) (leia mais na página A14), as redes foram invadidas por 876 mil mensagens. Muitas mentiras deslavadas. Uma dizia que a campanha eleitora da moça tinha sido financiada pelo Comando Vermelho. Outra afirmava que a vereadora foi casada com o traficante Marcinho VP. Enfim, um bot propagou em segundos informações esdrúxulas, replicadas pelos internautas desavisados. “Vamos apresentar um conjunto de recomendações para o uso ético dessa tecnologia. Criaremos uma plataforma aberta de identificação e denúncias de uso de robôs. Vamos abrir essas informações aos políticos e a toda sociedade”, explica o engenheiro industrial Ariel Kogan, argentino, que há dez anos atua em instituições brasileiras voltadas ao uso ético da tecnologia. Ele é um dos fundadores do IT&E. Quando a sala de monitoramento estiver montada (em maio, provavelmente), a proposta é postar relatórios diários a todos o órgãos de imprensa, sobre as fake news detectadas. O objetivo do projeto é minimizar o impacto negativo da desinformação durante o pleito. 

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