REDE PRIVADA

Planos de saúde: 96% dos usuários reclamam

Levantamento, encomendado pela APM, consulta 836 pessoas em SP

Renato Piovesan
20/07/2018 às 07:14.
Atualizado em 27/04/2022 às 13:20
Pesquisa aponta também que 75% dos médicos sofrem alguma interferência das empresas nas condutas (Banco de imagem)

Pesquisa aponta também que 75% dos médicos sofrem alguma interferência das empresas nas condutas (Banco de imagem)

Pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Datafolha aponta que 96% dos pacientes com planos de saúde já enfrentaram algum problema na utilização dos serviços no Estado de São Paulo. O levantamento, que foi encomendado pela Associação Paulista de Medicina (APM), também questionou os médicos, e 75% deles relataram sofrer interferências das operadoras em seus trabalhos. Foram ouvidas 836 pessoas, sendo 470 na Capital e Grande São Paulo e 366 no Interior, todas com mais de 18 anos e das diversas classes econômicas, que possuem planos de saúde e o utilizaram nos dois anos anteriores à pesquisa. Em Campinas, o Procon recebeu 149 reclamações contra planos de saúde no primeiro semestre deste ano. O professor Marcos Rogério de Araújo, de 52 anos, conta que já aderiu a um plano de saúde há quatro anos, mas desistiu por não contar com o suporte que necessitava na época. “O plano até ajuda, mas para as consultas e exames mais básicos só. Quando precisa para valer, não compensa. Eu precisava fazer uma tomografia e meu irmão tinha uma suspeita de tuberculose, e nos mandaram procurar o SUS”, afirma. A administradora de empresa Gláucia Conceição Vidal, de 60 anos, reclama da burocracia. “A impressão que tenho é que os planos de saúde no Brasil priorizam mais o lado curativo que o preventivo. Eu procuro sempre me prevenir das doenças, que é algo mais barato que passar por uma cirurgia ou tratamento depois. Mas a gente encontra muita burocracia para conseguir alguns exames e até acaba desistindo”, afirma Gláucia. Na pesquisa, as principais reclamações a planos de saúde contabilizadas foram, pela ordem, local de espera lotado; demora na marcação de consultas; realizar exames em vários locais diferentes; teve poucas opções de hospitais e demora para o plano autorizar cirurgia. Todos os serviços oferecidos pelos planos, como consultas, exames, pronto-atendimento, internações e cirurgias, tiveram aumento de reclamações em relação a 2012, último ano em que o balanço foi feito. O pronto-atendimento liderou nas queixas, com 8 em cada 10 pacientes informando já ter enfrentado algum tipo de contratempo. Na Justiça No último sábado, o Supremo Tribunal Federal (STF) barrou decisão judicial a favor da Agência Nacional de Saúde (ANS) que permitiu que operadoras de planos de saúde cobrassem dos usuários até 40% do valor dos atendimentos. O modelo de cobrança dos planos segue em pauta na Justiça. 

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