Plano amplia segurança nos cemitérios

A Serviços Técnicos Gerais (Setec) vai começar a revistar os carros de prestadores de serviços que entram nos cemitérios da Saudade e de Sousas, em Campinas. A ação faz parte de uma ofensiva para barrar furtos que vêm ocorrendo nos últimos meses nestes espaços. O plano prevê ainda a criação de um cadastro com a identificação de todos os prestadores de serviços dos cemitérios, a colocação de vigilantes armados, o aumento do número de câmeras de monitoramento e até mesmo o uso de drones. A preocupação com os furtos tem levado a autarquia a defender a criação de uma taxa de manutenção anual, para garantir mais recursos para melhorar a estrutura e a segurança desses locais. Segundo o presidente da Setec, Arnaldo Salvetti, atualmente a empresa de vigilância contratada para atuar nos cemitérios tem autonomia para fazer as vistorias dos veículos dos prestadores de serviço, mas como os vigilantes não trabalham armados, eles se sentem receosos, pois há registros de ameaças feitas a esses funcionários, segundo ele. Salvetti ressaltou que a vistoria não inclui os carros de visitantes, já que a ação seria constrangedora para os idosos. O contrato com a empresa que presta serviço de vigilância vence em outubro e a expectativa é que o próximo acordo já venha com a alteração, de modo que os vigias possam trabalhar armados nos cemitérios. “A licitação tem que ser feita até outubro. A ideia é que no próximo contrato conste vigilância armada”, disse. Salvetti também afirmou que pretende implementar um sistema de cadastro para as pessoas que forem realizar serviços no Saudade, e também no cemitério de Sousas, que também tem registrado casos de furtos. A Setec já tem o controle de todas as empresas que prestam serviços, mas o objetivo agora é cadastrar todas as pessoas que forem aos cemitérios para fazer algum trabalho. O novo cadastro já deve começar neste mês. “Vamos cadastrar empreiteiros, as pessoas que trabalham com esses empreiteiros. Queremos saber quem são essas pessoas, se têm ou não problema com a justiça, credenciá-los e à empreiteira dar um crachá identificatório”, explicou. A ofensiva contra os furtos de esculturas em túmulos, de placas e peças em bronze e outros objetos vem sendo feita pela Setec, em conjunto com a Polícia Civil e com a Guarda Municipal, responsável pela segurança dos próprios públicos. Dentro desse conjunto de ações, a Setec também deve colocar mais câmeras nos cemitérios e um de seus funcionários vai atuar dentro da Central Integrada de Monitoramento de Campinas (CimCamp), monitorando as áreas onde a Setec tem atribuição para fiscalizar. O cemitério da Saudade já tem uma câmera e o estudo prevê a instalação de outras duas, que vão funcionar via rádio, sem cabo. O cemitério de Sousas não tem câmeras ainda, mas a ideia é instalar pelo menos uma. “Acho que em mais um mês vamos estar viabilizando o valor para custear as câmaras, fazer a instalação. A ideia é colocar em Sousas também, mas não tem prazo ainda. Lá não tem a mesma frequência de furtos que no Saudade. Também vamos ceder um funcionário para monitorar os cemitérios pelas câmaras da CimCamp, para ficar acompanhando as imagens e ajudar no controle melhor, com fiscalização na rua também”, acrescentou o presidente da autarquia. Salvetti ressaltou a dificuldade de fiscalização do cemitério, especialmente o da Saudade, que é o maior da cidade, com aproximadamente 38 mil jazigos. A Setec estuda a implantação de uma taxa administrativa anual para os donos de túmulos nos três cemitérios públicos de Campinas. O documento com o projeto está em análise na procuradoria jurídica do Executivo, que prepara o texto final para ser encaminhado ao prefeito e, na sequência, ao Legislativo. O valor da taxa será de R$ 150 para os túmulos dos cemitérios da Saudade e de Sousas e de R$ 85 para o os jazigos do Cemitério Nossa Senhora da Conceição (conhecido como Amarais). Salvetti defende que a taxa vai garantir além da melhor preservação do cemitério, a segurança dos jazigos e dos frequentadores. “A situação é grave. Falta iluminação. Queremos ampliar as câmeras, colocar drone para cobrir os pontos cegos. São vários estudos que estamos fazendo, mas o município está em situação de recessão. Toda taxa é difícil, mas a que estamos planejando cobrar é irrisória em relação ao custo-benefício. Nesses cemitérios não temos só túmulos. Temos obras de arte. Se não preservarmos, restaurarmos esses espaços, se não mantivermos a segurança, a população de Campinas vai em alguns anos desconhecer a história que tem.” Polícia apura sumiço de esculturas de túmulos do Saudade Diversas esculturas foram furtadas de túmulos no Cemitério da Saudade, em Campinas, nas últimas semanas, como relatou o Correio há duas semanas. Uma das imagens é de Nossa Senhora de Lourdes, feita em bronze, com cerca de um metro e meio de altura e que ornamentava o túmulo da família do Monsenhor Geraldo Azevedo. A cerca de meia quadra do mausoléu da família Santoro está a da família do marido da dona de casa Jane Maria Marion Vicentin, de 61 anos. No final de semana, também foi levada a estátua de cerca de 60 centímetros de Nossa Senhora Aparecida. A imagem estava lá havia 40 anos. Segundo faxineiros contratados por famílias para zelar os túmulos, os furtos tinham parado há alguns meses, mas voltaram a acontecer. Segundo eles, os criminosos agem a qualquer hora e devem sair por portões laterais, carregando o material em sacos plásticos. Na última quinta-feira, uma equipe do 5º Distrito Policial realizou uma ação de campo visando combater ocorrências de furto no Saudade. Em armários destinados para funcionários, foram encontradas e apreendidas placas de metal e uma munição calibre 38. Os armários não eram trancados e a polícia conduziu alguns desses funcionários, responsáveis por trabalhos informais no local, para o registro de ocorrência de localização e apreensão de objetos, tentativa de receptação e posse irregular de munição. O caso permanece em investigação. “Tem um excelente trabalho investigativo feito pela polícia. Pessoas estão sendo detidas e agora o delegado está em uma segunda ação investigatória”, completou Salvetti, da Setec.