Pinturas encerram semana especial

Hospital referência na América Latina no atendimento a crianças com câncer, o Centro Infantil Boldrini, em Campinas, lembrou de maneira especial o Dia das Crianças, comemorado ontem. Ao longo de toda a semana que antecedeu a data, o Boldrini promoveu atividades lúdicas com crianças e que terminaram com uma exposição de pinturas, realizadas pelas crianças atendidas, pais e funcionários. O esforço resultou num painel colorido, formado por seis telas compondo a imagem do Snoopy e que foi fixado na área de radioterapia do hospital. Por conta dos protocolos de saúde decorrentes da pandemia do novo coronavírus, que exigem distanciamento social, neste ano as comemorações tiveram novos formatos, mas nem por isso foram menos especiais. A ação foi realizada em parceria com a Fundação Americana FFHA (Foundation of Hospital Art), instituição que se dedica, desde 1984, a suavizar o ambiente hospitalar em todo o mundo com pinturas coloridas, murais e telas. “Queremos espalhar cor e arte por lugares nos quais, muitas vezes, as pessoas passam por momentos difíceis; onde a esperança precisa estar no ar, onde os sonhos de vida são desafiadores e onde expressamos nossas mais profundas orações e pensamentos. Adicionando cores e belas cenas da natureza, acredito que podemos transformar espaços em branco em espaços de esperança”, comentou por e-mail o artista plástico americano Scott Feight, que é fundador da FFHA. No ano passado, ele esteve aqui na PaintFest. Este ano, as telas foram enviadas via serviço de entregas, por conta da pandemia. Diagnótico O Centro Boldrini atingiu a marca de 7 mil exames de mapeamento de retina para detecção de tumores oculares e malformações oculares. Desde 2003, quando foi promulgada em Campinas uma lei municipal, o Boldrini realiza gratuitamente para todas as crianças nascidas na cidade o exame de mapeamento de retina. A indicação é para que bebês sejam avaliados aos 4 e 15 meses de idade, mesmas datas das vacinas obrigatórias. Segundo dados da Sociedade do Inca (Instituto Nacional do Câncer), o retinoblastoma é um câncer considerado próprio das crianças e acomete uma a cada 15 mil crianças, a maioria antes de quatro anos de idade. Quando diagnosticado precocemente, a chance de cura é de 90%. No entanto, no Brasil, cerca de 50% dos casos ainda são diagnosticados tardiamente. “Nosso desafio, como profissionais da saúde, é trabalhar para que seja criada essa cultura médica de realização dos exames oftalmológicos em bebês, antes da ocorrência dos sintomas. O trabalho dos pediatras nesse cenário é fundamental para disseminar essa informação. Os bebês devem ser encaminhados ao oftalmologista para os exames do fundo do olho rotineiros aos 4 e 15 meses, mesmo sem suspeita ou constatação de sintomas”, avalia a médica Maristela Palazzi, oftalmologista responsável pelo programa de diagnóstico precoce de malformações e tumores oculares em crianças nascidas em Campinas, realizado no Boldrini.