Em 2024, Produto Interno Bruto da Região Administrativa foi de R$ 662,4 bilhões, o melhor resultado dos últimos três anos
A Região Administrativa de Campinas fechou o ano passado com saldo positivo de 62.036 empregos criados com carteira assinada; a alta foi puxada pelo setor de serviços, com a abertura de 26.803 vagas, seguido pela indústria (22.253), comércio (9.965) e construção civil (5.564) (Alessandro Torres)
O Produto Interno Bruto (PIB) da Região Administrativa (RA) de Campinas foi de R$ 662,4 bilhões em 2024 em valor corrente, com crescimento de 3,2% em comparação a 2023, o melhor resultado dos últimos três anos e superior ao de 21 estados brasileiros e do Distrito Federal. O melhor desempenho anterior havia sido em 2022, com alta de 2,1%, revelou o estudo divulgado pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). O cruzamento dos dados com os do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que o PIB regional foi inferior apenas ao do Estado de São Paulo (R$ 3,5 trilhões), Rio de Janeiro (R$ 1,33 trilhão), Minas Gerais (R$ 1,05 trilhão), Paraná (R$ 716 bilhões) e Rio Grande do Sul (R$ 706,82 bilhões).
O levantamento mostrou a RA de Campinas com o segundo maior valor no Estado de São Paulo, com participação de 19% no total. Ou seja, os 90 municípios da região foram responsáveis por R$ 1 de cada R$ 5,30 de todos os bens e serviços produzidos em território paulista. A liderança ficou com a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), com R$ 1,82 trilhão, o que correspondeu a 52,4% do valor estadual. A terceira colocação foi da RA de São José dos Campos, com participação de 5,2% e valor de R$ 181,7 bilhões.
Para a economista Rebeca Ramos, o aumento do PIB na região de Campinas foi impulsionado principalmente pelo aumento do consumo das famílias e investimentos. “Para o consumo das famílias tivemos uma conjunção positiva, como os programas de transferência de renda do governo, a continuação da melhoria do mercado de trabalho e os juros que foram, em média, mais baixos que em 2023”, avaliou.
A RA de Campinas fechou o ano passado com a criação de 62.036 novos empregos com carteira assinada, de acordo com o acompanhamento feito pela Seade com base no Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego. A alta foi puxada pelo setor de serviços, com a abertura de 26.803 vagas, seguido pela indústria (22.253), comércio (9.965) e construção civil (5.564). A agropecuária foi o único segmento da Região Administrativa com desempenho negativo, com o fechamento de 2.549 postos de trabalho. “O aumento das contratações eleva a renda familiar e o consumo”, afirmou a especialista.
INVESTIMENTOS
Uma empresa do setor de automação para armazenagem e distribuição foi uma das que investiu na região. Ela inaugurou uma nova fábrica em Indaiatuba para ampliar a capacidade produtiva e possibilitar a expansão do portfólio de produtos fabricados no país. A companhia investe na ampliação da equipe local de software WCS (Sistema de Controle de Armazém) e em treinamentos para garantir suporte pós-venda em português e no mesmo fuso horário dos clientes. Com a nova unidade, a empresa passou a contar com 120 funcionários.
“Hoje damos mais um grande passo. Este é um símbolo da nossa visão para o futuro, representando nosso compromisso com a inovação e o crescimento contínuo no Brasil’, destacou o CEO da empresa para a América do Sul, Frank Bender. Desde 1974, ela atua no mercado brasileiro no desenvolvimento de soluções automatizadas para setores como manufatura, armazenagem e distribuição. A indústria atende a setores como varejo, alimentos e bebidas, farmacêutico e automotivo.
Outra empresa do setor de logística investiu na construção de um novo hub de carga no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas. A unidade, junto ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, passou a centralizar cargas de importação provenientes da Ásia, Estados Unidos e Europa, para, em seguida, distribuí-las aos destinos da América Latina. Essa centralização permite maior volume de transporte e tarifas mais competitivas, segundo a empresa.
“Quanto mais carga inserirmos, melhor será a negociação e as tarifas envolvidas. Isso traz ganhos nas importações já em operação e em breve trará benefícios nas exportações, pois existe um volume considerável de carga dos países da América Latina para outros continentes”, explicou o gerente de Exportação Aérea da empresa, Gabriel Blasi. Com uma Área Bruta Locável (ABL) de 15.215 metros quadrados (m²) e taxa de ocupação de 48%, o espaço tem capacidade para processar um volume de até 9,5 mil toneladas por mês, recebendo diversos tipos de produtos de importação, exportação, frete nacional e remessas expressas.
RITMO
A alta do PIB da RA de Campinas acompanhou a média do Estado, que foi de 3,4% no ano passado. O desempenho regional foi o sexto melhor em comparação às 15 Região Administrativas e à RMSP. Proporcionalmente, o maior crescimento foi da região de Ribeirão Preto, com 5,1%, seguida pela Região Metropolitana de São Paulo (4,5%), Central (4,39%), Barretos (4,2%) e São José do Rio Preto (3,32%). De acordo com o estudo da Seade, o pior desempenho no ano passado foi da RA de Registro, com queda de 3,3% no PIB. Também tiveram desempenho negativo as regiões de Presidente Prudente (-0,7%), São José dos Campos (-0,5%) e Itapeva (-0,4%).
De outubro a dezembro de 2024, apontou o levantamento, o aumento do Produto Interno Bruto da região de Campinas foi de 0,5% em relação ao trimestre imediatamente anterior (julho a setembro), descontados os efeitos sazonais. Já em comparação do quarto trimestre de 2024 com o mesmo período do ano anterior, o crescimento da região foi de 4,4%. No Estado, o setor com o maior crescimento do PIB foi o de serviços, com 3,33%, enquanto a indústria amentou 2,27%. Em dezembro passado, o PIB paulista cresceu 1,2% em relação a igual mês do ano anterior, com expansão da atividade agropecuária (4,4%) e de serviços (1,9%).
2025
A economista Rebeca Ramos previu, porém, dificuldades para o crescimento do PIB neste ano. O país registrou uma alta de 3,5% em 2024, surpreendendo os especialistas que projetavam elevação de 1,5% no início do ano. O ritmo de aumento, no entanto, perdeu fôlego no último bimestre. “Os indicadores mensais mostraram uma atividade mais fraca nos meses de novembro e dezembro. Apesar disso, a expectativa é de uma aceleração da atividade na margem neste início de ano, impulsionada principalmente pelo PIB agropecuário e pelo ajuste do salário mínimo”, analisou Rebeca Ramos.
A previsão do mercado financeiro é que o PIB aumentará 2% em 2025. Setores menos sensíveis ao ciclo econômico – agropecuária e indústria extrativa – devem adicionar 0,6 ponto percentual ao crescimento geral do Produto Interno Bruto. A expectativa é de uma taxa de crescimento média de 0,3% trimestre a trimestre neste ano, enquanto no ano passado esse índice ficou em 1% trimestre a trimestre.
Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o PIB do setor industrial deverá crescer 1,3%, contra 3,8% em 2024. Em nota técnica, a entidade considerou que o ano deverá ser marcado por menor impulso fiscal e pelo ambiente externo mais desafiador, sobretudo em função das incertezas econômicas em torno da economia dos Estados Unidos e dos potenciais impactos macroeconômicos da condução da política comercial americana. “Esse cenário externo mais adverso corresponde a um desafio adicional para a atividade da indústria”, disse o texto.
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