Juízes que atuam no Caso Guarani sofrem ameaças virtuais e a Polícia Federal instaura inquérito para identificar os responsáveis
Guarani já se prepara para uma mudança do regulamento da Série A2 do Campeonato Paulista do ano que vem ( Janaína Ribeiro/ ANN )
Torcedores do Guarani são investigados pela Polícia Federal de Campinas por ameaçarem pela internet os juízes do trabalho Ana Cláudia Torres Vianna e Carlos Eduardo Oliveira Dias, que proferiram decisões contrárias aos interesses do clube — dentre elas a arrematação do Estádio Brinco de Ouro em leilão no último dia 30. Os juízes foram à delegacia da PF ontem com cópias de várias mensagens publicadas em sites e no Facebook em que estão expostos os crimes de injúria, calúnia e difamação, além da própria ameaça. Um inquérito foi aberto nesta terça-feira (7) e a expectativa é que dentro de 30 dias todos os autores sejam identificados. O delegado Jessé Coelho de Almeida explicou que as mensagens começaram a circular assim que o leilão do estádio foi consumado e a situação amenizou dois dias depois com a nota oficial da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 15ª Região e os Juízes do Trabalho do Fórum Trabalhista de Campinas, que repudiou as manifestações praticadas contra o Tribunal e contra a juíza. "Eventuais questionamentos das decisões devem ser feitos pelas vias processuais próprias, e não mediante comentários ofensivos e ameaças dirigidas aos julgadores", ressaltou o texto. Na oportunidade, foi reforçado que a situação estava sendo "devidamente monitorada pelas autoridades competentes, para identificação e responsabilização daqueles que praticaram e vem praticando esses atos repudiáveis." Os conteúdos não foram detalhados, mas em uma publicação, que acabou compartilhada, foi usada uma foto do juiz Dias com a filha de 16 anos em um jogo da Ponte Preta, insinuando que o interesse pessoal teria influenciado sua decisão. "Independente de torcida, se for para A, B ou C, ele está cumprindo a lei", reiterou o delegado Renato Rodrigues Gottardi, afirmando ainda que a maioria das mensagens foi retirada do ar. "Não houve ameaças diretas pela internet nem tête-à-tête. Queremos evitar isso", esclareceu. Almeida afirmou que o tribunal ofereceu segurança aos juízes, que a princípio não mudaram sua rotina.