CAMPINAS

Petista que expulsou 13 é promovido no Legislativo

Ari Fernandes boicotou colegas que aceitaram cargos no governo do prefeito Jonas (PSB), que é oposição

Milene Moreto
16/05/2013 às 07:30.
Atualizado em 25/04/2022 às 15:54

A nomeação do presidente do PT de Campinas, Ari Fernandes, para ocupar um dos cargos reservados aos integrantes da Mesa Diretora da Câmara de Campinas repercutiu entre os expulsos do partido, que agora pretendem submeter o líder petista a uma comissão de ética e afastá-lo do cargo.

A justificativa dos “infiéis” é de que a Presidência do Legislativo foi composta pelos mesmos partidos aliados ao prefeito Jonas Donizette (PSB) na Prefeitura, o que incluiu o DEM e o PSDB e, portanto, a legenda também não poderia atestar a aliança na outra esfera do poder público.

Fernandes foi contratado inicialmente como assessor no gabinete do vereador Angelo Barreto (PT). Na portaria publicada ontem no Diário Oficial do Município, o presidente da legenda subiu de cargo e teve sua nomeação atrelada ao comando da Casa, cujas vagas possuem maior remuneração.

Anteriormente, Fernandes recebia R$ 2,9 mil. Agora o salário do líder petista é de R$ 6,6 mil na vaga de assessor funcional. Por ser parte da Mesa Diretora, o PT tem direito a duas vagas no quadro de funcionários da Presidência, mas a informação entre os integrantes da bancada é de que somente a que está nas mãos de Fernandes foi preenchida.

Segundo Fernandes, no ano passado, o PT aprovou em reunião da comissão executiva a presença de uma representação da bancada da Câmara na Mesa e, com isso, os petistas também teriam participação no quadro de assessores. “Nós temos uma bancada com quatro vereadores. Nada mais justo do que essa participação. Foi uma composição absolutamente transparente em todos os pontos e aprovada por unanimidade”.

Por esta razão, o líder petista alega que não existe descumprimento de determinação do diretório como houve no caso do grupo dos “infiéis”. A Mesa conta hoje com cerca de 30 cargos dividos entre DEM, PSDB, PTB, PSB, PT, PSD, PRB, MD e PV.

No final do ano passado, após a eleição municipal, o PT decidiu que seria oposição ao governo Jonas devido ao bom desempenho nas urnas do então candidato, o economista Marcio Pochmann, que conseguiu levar a legenda para o segundo turno.

Apesar do posicionamento do partido, 13 petistas aceitaram cargos no governo. O caso mais emblemático foi do atual Secretário de Trabalho e Renda, Jaírson Canário. Houve então a abertura de uma comissão de ética e o grupo acabou expulso do partido. A decisão também foi mantida pelo diretório estadual. Canário conseguiu na Justiça o direito de permanecer na legenda até que o mérito da ação que moveu contra o PT seja julgado.

Canário disse que a aliança do PT na Câmara é muito mais “absurda” do que a feita no governo pelo grupo dos “infiéis”, uma vez que a mesa é encabeçada pelo DEM do presidente Campos Filho e pelo vice-presidente Artur Orsi (PSDB), dois rivais histórios do PT. Barreto foi eleito para ocupar o cargo de segundo secretário.

Canário disse que vai aguardar a notificação do diretório sobre sua liminar que o mantém na legenda — o que deve ocorrer amanhã — e já adiantou que irá protocolar um pedido para a abertura de uma comissão de ética.

“O fato do PT estar nos cargos da presidência é mais grave do que a presença do PT no governo. Vou protocolar o pedido para a abertura de uma comissão de ética e solicitar o afastamento imediato do presidente do partido”, afirmou.

Fernandes evitou um confronto com Canário e disse que se o secretário quiser apurar sua conduta ética, que faça o pedido no partido. “Mas primeiro será preciso que o secretário olhe o estatuto do PT”, disse o presidente.

Eleição

Na eleição da Mesa da Câmara ocorrida na primeira sessão do ano, os petistas ficaram com a segunda secretaria, atestaram a composição da chapa proposta pelos democratas que teve supervisão do governo, mas deixaram em branco o voto para presidente. Barreto afirmou que foi acordado que o PT participaria da Mesa Diretora e que, inicialmente, os petistas integravam a composição com Rafa Zimbaldi (PP), até então candidato a presidência.

Sobre a contratação de Fernandes, o vereador disse que o partido tem direito a integrar os cargos da Mesa e que o nome do presidente do PT foi escolhido por questões técnicas. “O Ari é um grande conhecedor dos planos locais de gestão das macrozonas, que vamos votar neste ano. Não tinha condições de bancar sua contratação no meu gabinete, portanto, ele assumiu a vaga na Presidência.”

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