MEMÓRIA

Perícia avalia descaracterização de pintura em templo em Americana

Historiadores protestam contra cores fortes em colunas da Basílica Menor de Santo Antônio de Pádua, em Americana

Rogério Verzignasse
22/07/2015 às 05:00.
Atualizado em 28/04/2022 às 17:12
Polêmica sobre as cores da basílica começaram no ano passado com a chegada da imagem de Santa ( Carlos Sousa Ramos / AAN)

Polêmica sobre as cores da basílica começaram no ano passado com a chegada da imagem de Santa ( Carlos Sousa Ramos / AAN)

Perícia técnica contratada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Cultural de Americana (Condepham) vai apresentar, em 15 dias, um laudo técnico sobre a possível descaracterização da pintura interna da Basílica Menor de Santo Antônio de Pádua, em Americana, causada por uma reforma executada desde o mês de julho do ano passado. Acontece que o templo está em processo de tombamento. Para arquitetos e historiadores, foram abolidas as tonalidades pastéis do projeto original. Por conta das denúncias, a Justiça determinou a paralisação das obras, até que a reitoria do santuário e os descontentes entrassem em um acordo. Em uma reunião no mês passado, as partes decidiram pela elaboração da perícia. A restauradora Mariana Giurno esteve na igreja nas últimas semanas e promoveu a prospecção das colunas no térreo para encontrar a pintura original, usando bisturi e lentes especiais. Nas próximas semanas, a perícia será feita no piso superior do prédio. O tema é polêmico. Para o padre Leandro Ricardo, reitor do santuário, a pintura mais viva não descaracteriza o imóvel. O que aconteceu, diz, é que o templo jamais passou por uma reforma deste nível, e todas as dependências eram revestidas com uma tinta que desbotou. Além disso, fala, a reforma serviu para recuperar um prédio avariado pelo tempo. As obras executadas consumiram recursos da ordem de R$ 230 mil. Do outro lado, o arquiteto Heliton Escorpelo, presidente do Condepham, afirma que o padre errou a executar um projeto que desrespeita características de um prédio histórico. Ele se irritou porque o padre nunca prestou satisfação das obras ao conselho. Na sua opinião, o padre teve boa vontade em restaurar um imóvel degradado por goteiras e manutenção falha, mas a mudança das cores é inaceitável. Briga antigaA confusão começou ainda no ano passado, quando a basílica recebeu uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, oferecida pelo Santuário Nacional. A santa passou a ocupar um nicho projetado, logo na entrada principal do tempo. E a parede nos fundos da imagem foi pintada de azul-marinho, uma cor que destoava completamente do restante do edifício. Os historiadores protestaram muito. Na ocasião, o padre explicou que a cor escolhida fazia referência ao manto de Nossa Senhora. O tema já parecia superado, mas a briga recomeçou na pintura das colunas. Tons fortes de vermelho e lilás apareceram no térreo e no mezanino. Mais discórdia: Para proteger os afrescos pintados com cenas bíblicas em paredes de todo o templo, a reforma os revestiu com uma película transparente especial. Em tese, seria um cuidado capaz de proteger os desenhos. Para o Condepham, no entanto, a medida foi infeliz. O revestimento, como um verniz, corre o risco de “craquelar” com o tempo, ou seja, ficar todo cheio de minúsculas trincas.

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