VIADUTO CURY

Perícia afasta falha mecânica em ônibus

Na análise preliminar, especialista constatou freio e suspensão em ordem e pneus em bom estado

Cecília Polycarpo Cebalho
30/07/2013 às 09:02.
Atualizado em 25/04/2022 às 07:14
Perita do IC, Ângela Sampaio de Mara vistoria ônibus articulado que caiu do Viaduto Cury: laudo deve ficar pronto até o final de agosto (César Rodrigues/AAN )

Perita do IC, Ângela Sampaio de Mara vistoria ônibus articulado que caiu do Viaduto Cury: laudo deve ficar pronto até o final de agosto (César Rodrigues/AAN )

A perícia complementar feita ontem pelo Instituto de Criminalística (IC) no ônibus articulado que despencou do Viaduto Miguel Vicente Cury no último dia 23, em Campinas, indica que o veículo não tinha problemas mecânicos. Na análise preliminar conduzida pela perita Ângela Sampaio de Mara, o ônibus tinha o sistema de freios e suspensão em ordem e os pneus estavam em bom estado. Ela disse ainda acreditar que o circular trafegava a uma velocidade inferior a 60km/h.O ônibus, que está dividido em duas partes em uma das garagens da VB Transportes Turismo, foi fotografado durante a tarde e ficará disponível e intacto para novas avaliações, caso necessário. Durante os trabalhos, o veículo danificado foi comparado a um ônibus articulado de mesmo modelo em perfeitas condições, estacionado na garagem. A equipe do IC foi acompanhada por um mecânico da empresa, que tirava dúvidas em relação à mecânica do carro. A análise durou aproximadamente duas horas. O tacógrafo do ônibus, aparelho que mede o tempo de uso, a distância percorrida e a velocidade que o veículo desenvolveu, será periciado separadamente ainda esta semana. Ela irá analisar também as imagens da Central Integrada de Monitoramento de Campinas (Cimcamp) antes de fazer o laudo final, que deve sair até o final de agosto.“Vou juntar todo material que tenho e aplicar fórmulas físicas e matemáticas antes de fazer o laudo. Também não descarto nova perícia no local do acidente, com o veículo em movimento. Mas isso só será feito se não chegarmos a conclusões em 30 dias. A perícia de hoje foi satisfatória, consegui elementos importantes”, explicou. Segundo Ângela, a chuva é um fator determinante no acidente, que não tem como ser simulada. A perita afirmou que é possível que o veículo tenha perdido contato com o solo por causa de um lâmina de água. “Estava chovendo muito. Eu, por exemplo, tive muita dificuldade em fazer a perícia e as fotos no dia, por causa do volume de água.” Para fazer uma simulação com o ônibus em movimento, a perita disse que seria necessário colocar pessoas dentro do carro. “Vamos ter que montar uma estrutura grande para isso. Por esse motivo, a simulação será feita somente se não chegarmos a uma conclusão.”Essa foi a terceira perícia feita desde a tragédia. No domingo, Ângela afirmou que o ônibus caiu de uma altura de 3,98 metros.A assessoria de imprensa da VB Transporte informou que só irá comentar o assunto depois de o laudo ser apresentado oficialmente. As vítimas do acidente começaram a ser convocadas no dia 26 para prestar depoimentos, de acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP). Parte das vítimas não teve o telefone registrado no boletim de ocorrência e, por isso, será necessário mais tempo para que sejam colhidos os relatos de todos os envolvidos, segundo a pasta. O motorista e a cobradora do coletivo, além de policiais miltiares que atenderam à ocorrência, já prestaram depoimentos. O caso foi registrado no 1 Distrito Policial como homicídio culposo e lesão. FalhaO relatório elaborado pela Secretaria de Serviços Públicos de Campinas e entregue para a Secretaria de Infraestrutura em janeiro de 2013 apontava que a proteção do Viaduto Cury não estava em condições de segurança para suportar o tráfego de 60 mil veículos por dia que o lugar recebe. A obra, há 50 anos, foi projetada para receber 20 mil veículos/dia. “Na época da reforma do viaduto passamos para a Secretaria de Infraestrutura um relatório com os problemas estruturais no viaduto e pedimos reparos na estrutura da construção”, afirmou o secretário de Serviços Públicos, Ernesto Paulella. O documento indicava ainda a necessidade de reformas, como corrigir ferragens aparentes nas vigas que dão sustentação ao viaduto.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por