Se engana quem pensa que se trata de uma vida de glamour e ostentação. Os destinos do consultor são, na maioria das vezes, países pobres ou em desenvolvimento
Nascido em Tatuí, na região de Sorocaba, Roberto Gandara, de 61 anos, está em Campinas há quase quatro décadas, mas pode-se dizer que o seu endereço verdadeiro são os quatro cantos do mundo. Engenheiro de produção com atuação no setor industrial, na Fepasa, na Secretaria de Planejamento do Estado e na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), hoje ele é um consultor da Organização das Nações Unidas (ONU) e está sempre de malas prontas para cruzar os continentes. Se engana quem pensa que se trata de uma vida de glamour e ostentação. Os destinos de Gandara são, na maioria das vezes, países pobres ou em desenvolvimento, que precisam de apoio técnico vindo do Exterior para desenvolver suas economias e encontrar formas de empregar suas populações. E é justamente aí que está a alma da missão desse campineiro de coração: ajudar empresas e trabalhadores a se desenvolverem e empreender mais em seus territórios. Locais como Vietnã, Tanzânia, Etiópia e Síria fazem parte do roteiro desse profissional que chega para mostrar novos caminhos a pessoas que nem falam a sua língua. “Atuo em projetos econômico-sociais da ONU desde o início dos anos 2000. Faço capacitação de pessoas para que elas sejam multiplicadoras de novas iniciativas. Também trabalho com os empresários locais para que eles desenvolvam os seus negócios e possam gerar renda e emprego nos setores agrícola, industrial e de serviços, por exemplo”, explica o engenheiro que já morou nos EUA, Inglaterra e Japão, sempre fazendo cursos ou treinamentos para ampliar o currículo já bem vasto. Pela ONU, Gandara já trabalhou em 15 países espalhados pela América Latina, África, Ásia, Oriente Médio e Europa. O engenheiro fala inglês, espanhol e tem domínio de francês. Como se não bastasse, ainda arranha o árabe e o russo, idiomas muito estratégicos em vários do lugares por onde já passou. “A permanência depende da ação que será desenvolvida no país. Em lugares como a Jordânia e a Rússia, por exemplo, fiz viagens constantes durante anos. Para o Vietnã, fiz visitas periódicas por dois anos. Em uma delas, fui deportado apenas porque um dos guardas não queria entender o que eu faria lá”, conta. Quando o trabalho é concluído e chega a hora de voltar para o Brasil, o engenheiro tem por hábito andar pelas ruas do país visitado para sentir a vida real do lugar, o cotidiano das pessoas que vivem ali. O costume já rendeu boas histórias, fotos inusitadas e alguns apertos inesperados. No “diário de bordo” de Gandara em suas andanças, ele já se surpreendeu com sacrifícios em nome da fé, ameaças de prisão, risco de violência, ameaças, preconceito e línguas extintas. Mas como tudo na vida tem dois lados, ele também conheceu inúmeras pessoas interessantes, teve experiências ricas, fez amigos e viu coisas que jamais esquecerá. Todas guardadas em sua memória e nas milhares de fotos que reúne em sua casa em Barão Geraldo.