EMPREENDEDOR

Pela ONU, consultor desbrava fronteiras

Se engana quem pensa que se trata de uma vida de glamour e ostentação. Os destinos do consultor são, na maioria das vezes, países pobres ou em desenvolvimento

Fábio Gallacci
31/07/2016 às 13:34.
Atualizado em 22/04/2022 às 23:13

Nascido em Tatuí, na região de Sorocaba, Roberto Gandara, de 61 anos, está em Campinas há quase quatro décadas, mas pode-se dizer que o seu endereço verdadeiro são os quatro cantos do mundo. Engenheiro de produção com atuação no setor industrial, na Fepasa, na Secretaria de Planejamento do Estado e na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), hoje ele é um consultor da Organização das Nações Unidas (ONU) e está sempre de malas prontas para cruzar os continentes. Se engana quem pensa que se trata de uma vida de glamour e ostentação. Os destinos de Gandara são, na maioria das vezes, países pobres ou em desenvolvimento, que precisam de apoio técnico vindo do Exterior para desenvolver suas economias e encontrar formas de empregar suas populações. E é justamente aí que está a alma da missão desse campineiro de coração: ajudar empresas e trabalhadores a se desenvolverem e empreender mais em seus territórios. Locais como Vietnã, Tanzânia, Etiópia e Síria fazem parte do roteiro desse profissional que chega para mostrar novos caminhos a pessoas que nem falam a sua língua. “Atuo em projetos econômico-sociais da ONU desde o início dos anos 2000. Faço capacitação de pessoas para que elas sejam multiplicadoras de novas iniciativas. Também trabalho com os empresários locais para que eles desenvolvam os seus negócios e possam gerar renda e emprego nos setores agrícola, industrial e de serviços, por exemplo”, explica o engenheiro que já morou nos EUA, Inglaterra e Japão, sempre fazendo cursos ou treinamentos para ampliar o currículo já bem vasto. Pela ONU, Gandara já trabalhou em 15 países espalhados pela América Latina, África, Ásia, Oriente Médio e Europa. O engenheiro fala inglês, espanhol e tem domínio de francês. Como se não bastasse, ainda arranha o árabe e o russo, idiomas muito estratégicos em vários do lugares por onde já passou. “A permanência depende da ação que será desenvolvida no país. Em lugares como a Jordânia e a Rússia, por exemplo, fiz viagens constantes durante anos. Para o Vietnã, fiz visitas periódicas por dois anos. Em uma delas, fui deportado apenas porque um dos guardas não queria entender o que eu faria lá”, conta. Quando o trabalho é concluído e chega a hora de voltar para o Brasil, o engenheiro tem por hábito andar pelas ruas do país visitado para sentir a vida real do lugar, o cotidiano das pessoas que vivem ali. O costume já rendeu boas histórias, fotos inusitadas e alguns apertos inesperados. No “diário de bordo” de Gandara em suas andanças, ele já se surpreendeu com sacrifícios em nome da fé, ameaças de prisão, risco de violência, ameaças, preconceito e línguas extintas. Mas como tudo na vida tem dois lados, ele também conheceu inúmeras pessoas interessantes, teve experiências ricas, fez amigos e viu coisas que jamais esquecerá. Todas guardadas em sua memória e nas milhares de fotos que reúne em sua casa em Barão Geraldo.

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