Quilombo

PCJ projeta R$ 177 mi para recuperar ribeirão

Montante envolve regeneração de matas ciliares e obras de combate a enchentes

Maria Teresa Costa
19/04/2018 às 07:33.
Atualizado em 22/04/2022 às 04:13
Trecho do poluído Ribeirão Quilombo na altura do Jardim Campineiro: curso deságua no Rio Piracicaba (Leandro Ferreira/AAN)

Trecho do poluído Ribeirão Quilombo na altura do Jardim Campineiro: curso deságua no Rio Piracicaba (Leandro Ferreira/AAN)

Estimativa do Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) indica que serão necessários R$ 177 milhões de investimentos nos próximos dez anos, para a recuperação do Ribeirão Quilombo, que nasce em Campinas e deságua no Rio Piracicaba, em Americana. O montante envolve a recuperação de matas ciliares e obras de combate a enchentes, mas não inclui os aportes para o tratamento de esgoto, para melhorar a qualidade de suas águas. Entre a nascente e a foz, o rio altamente poluído passa por Paulínia, Hortolândia, Sumaré e Nova Odessa, resultando em desastres naturais, mortes e prejuízos materiais provocados por enchentes, deslizamentos e outros acidentes causados pela degradação ambiental. O grupo de trabalho, definido pelo presidente do Consórcio e prefeito de Nova Odessa, Benjamin Bill de Souza (PSDB), fará sua primeira reunião hoje em Nova Odessa, para estabelecer o planejamento para execução do projeto de recuperação do ribeirão. A equipe apresentará a situação atual do curso d’água e as ações necessárias para melhorar a qualidade da água. Esse grupo é formado por dois representantes das prefeituras e dois das Câmaras das seis cidades que estão na Bacia do Quilombo: Americana, Campinas, Hortolândia, Nova Odessa, Sumaré e Paulínia. “Vamos atualizar o plano, levantar o que precisa ser feito e trabalhar em projetos para ir atrás dos recursos. Falta de verba não será problema se tivermos bons projetos”, afirmou. Bill observou que a intensa urbanização da região metropolitana mostra que não são mais indicadas soluções isoladas de combate às inundações. As inundações provocadas pelas cheias do Rio Quilombo são frequentes principalmente em Sumaré. Ocorrendo também, embora em menor escala, nos demais municípios que atravessa — Hortolândia, Nova Odessa e Americana. Plantio de mudas Dados preliminares indicam que será necessário o plantio de 280 mil mudas nativas, com aportes financeiros de R$ 5,7 milhões, o que demandará investimentos de R$ 570 mil anuais até 2027. Já para o projeto de contenção de cheias e construção de 11 reservatórios o aporte é bem maior, sendo necessários R$ 17 milhões por ano na próxima década. O Ribeirão Quilombo é receptor de grande parte dos efluentes domésticos e industriais desses municípios, lançados sem tratamento prévio. Com isso, as inundações expõem a população ribeirinha a sérios riscos de contaminação por doenças de veiculação hídrica. Essas inundações decorrem do subdimensionamento da seção de bueiros e pontes em relação aos atuais índices de impermeabilização das áreas contribuintes. O manancial é classificado como de classe 4, o que significa que suas águas só servem para navegação e harmonia paisagística e, mesmo com tratamento, não serve para o abastecimento público Dentro de Campinas, o Quilombo recebe dois afluentes. Pela margem direita recebe o Córrego da Lagoa, que passa pelos bairros Vila Costa e Silva, Chácara dos Amarais, Jardim Campineiro e Jardim São Marcos, e pela margem esquerda o Córrego Boa Vista, que passa pelos bairros Jardim Eulina, Parque Via Norte, Vila Padre Anchieta e Jardim San Martin. Piscinões O Plano de Macrodrenagem do Quilombo de 2002 previa a construção de 13 piscinões, distribuídos ao longo dos seus 40 quilômetros de extensão, além da construção de diques e, pelo menos, quatro áreas seriam destinadas à preservação permanente, além de ações de cobertura vegetal para conter a erosão.  A proposta visava melhorar o escoamento da água em curto prazo, problema que, se tudo tivesse sido implantado, estaria equacionado até 2020. A falta de recursos impediu a implantação do projeto na totalidade. “O grande problema que temos no Quilombo é a poluição das águas, por causa do lançamento de esgotos. Melhorar o tratamento será essencial para a vida voltar ao ribeirão”, afirmou o especialista em recursos hídricos, Geraldo Mascarenhas. Fazer a vida voltar ao ribeirão, disse, depende de ações dos prefeitos que precisam buscar recursos para tratar esgoto, remover as populações que ocupam as áreas de preservação permanente do manancial e construir piscinões para combater as enchentes.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por