Entidade tem retrospecto de mais de 170 mil jovens formados desde 1966
A instituição conta com 950 jovens no programa Jovem Aprendiz e outros mil no programa Oficina de Formação Geral para o Mundo do Trabalho (Alessandro Torres)
O Patrulheiros Campinas chega aos 59 anos neste mês de maio com um retrospecto de mais de 170 mil jovens formados desde a sua fundação, em 1966, consolidando a organização como uma referência em aprendizagem profissional e transformação social na região. Hoje, cerca de 80% de seus colaboradores foram patrulheiros e servem de exemplo para os jovens de 14 a 24 anos que desejam aprender e iniciar sua trajetória no mercado de trabalho. Atualmente, são 110 empresas dos setores público e privado que têm parceria com os Patrulheiros. A instituição conta com 950 jovens no programa Jovem Aprendiz e outros mil no programa Oficina de Formação Geral para o Mundo do Trabalho.
O desenvolvimento profissional dos jovens conta com dois programas, que incluem formação nas áreas de recursos humanos, administração, finanças, logística, TI, contabilidade, responsabilidade social, atendimento ao cliente, marketing, comunicação e relacionamento. O primeiro, voltado para os menores de 18 anos, é o Arco Ocupacional em Administração, onde o jovem aprende sobre as atividades profissionais competentes de um assistente administrativo. Os principais critérios para os adolescentes fazerem parte do programa de jovem aprendiz é estarem matriculados no 1˚ ano do Ensino Médio de uma instituição de ensino pública, ou, caso estude em uma instituição particular, ele deve comprovar que recebe bolsa integral. O estudante também deve manter a freqüência escolar acima dos 75% e não pode repetir de ano. Já para os maiores de 18 anos, existe o Arco Ocupacional em Logística, onde o jovem aprendiz aprende sobre a atuação de um assistente de logística em transporte, controlador de entrada e saída, assistente administrativo e conferente de carga e descarga.
O presidente da instituição, Adailton Silva, destacou o programa de Convênios e Parcerias, dentro da cota social de aprendizagem, que é quando uma empresa por lei deve contar com o programa de Jovem Aprendiz. Com o programa, esses jovens ocupam postos de aprendizagem em empresas parceiras. "Temos um convênio com o Tribunal Regional do Trabalho (TRT-15), onde temos 28 jovens dentro dessas cotas e outros 22 jovens na Prefeitura Municipal de Campinas". Adailton também destacou o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo (SCFV), que através do Sistema Único de Assistência Social (Suas), acolhe jovens em situação de vulnerabilidade e suas famílias, "que faz parte dos serviços que prestamos em prol da comunidade, pois somos uma entidade de interesse público".
Para o vice-presidente Leandro Garcez, a instituição é uma ponte entre os jovens que estão em situação de vulnerabilidade social e as oportunidades do mercado de trabalho, evitando assim que muitos desses adolescentes escolham o caminho do tráfico de drogas. "É uma ponte pois, nesse universo de 59 anos, muitos ex-patrulheiros estão em grandes empresas como gerentes e gestores". Ele lembrou que a instituição Patrulheiros Campinas começou a funcionar na garagem do Palácio da Justiça, por iniciativa de sua fundadora, Maria Angélica Pyles, no acolhimento e orientação profissional dos menores de idade que trabalhavam como engraxates em frente ao antigo Fórum. Portanto, existe um cuidado da instituição em acolher jovens em situação de vulnerabilidade social. "Atendemos a todos, mas temos esse olhar para os que mais precisam de oportunidades". Sobre os funcionários da instituição que foram patrulheiros, Garcez afirmou que eles são o exemplo concreto do sucesso de anos de trabalho. "E com certeza inspiram todos os jovens que passam por nossos programas".
"São ciclos geracionais que passam por aqui e conseguem oportunidades para o desenvolvimento profissional e pessoal também", disse o analista técnico administrativo sênior, Reginaldo Souza. Ele está no Patrulheiros Campinas desde 1988, local onde conheceu sua esposa e por onde também passou seu filho. "Com 18 anos ele tem uma visão de mundo diferente por causa dos Patrulheiros". Souza destacou que com 59 anos a organização se tornou um expoente para as pessoas que já passaram pelos programas de aprendizagem. "São os pais trazendo seus filhos". Reginaldo enfatizou que, ao longo dos anos, as empresas parceiras da instituição entenderam o verdadeiro propósito dos Patrulheiros, que é a formação de um jovem profissional. "Ele será ensinado a como trabalhar, a como é viver em um ambiente profissional e, a partir daí, poderá se desenvolver dentro de suas aptidões".
Jackeline da Silva, analista técnico administrativo, foi patrulheira em 2003. Ela destacou que a informatização dos últimos 20 anos ajudou a qualificar o trabalho de acolhimentos dos jovens. "Antes no período de inscrição as filas eram enormes e muitos não conseguiam se inscrever". As inscrições atualmente são totalmente online, dessa forma foi possível construir um banco de dados, onde os jovens são contactados gradualmente para integrarem os cursos preparatórios. "O contato engloba a família, que também participa de todo o processo de inscrição do jovem nos cursos".
A analista de gestão de pessoas, Tatiane Ramos Marques, foi jovem aprendiz pelos Patrulheiros em 2010, ela trabalhou com um contrato de 22 meses na Unicamp. "Foi um tempo de experiência muito positivo". Com relação aos 15 anos que separam sua experiência das dos jovens que ela atende hoje, Tatiane destacou o avanço da tecnologia, que possibilita o trabalho remoto por exemplo, e a percepção objetiva do jovem dentro do programa de aprendizagem. "Antes os jovens priorizavam conseguir o primeiro emprego para ganhar dinheiro, atualmente desenvolver a própria experiência e de fato aprender no ambiente de trabalho, como de fato um aprendiz". Como exemplo, Tatiane contou que acompanha um jovem que está como patrulheiro no Instituto Eldorado. Lá ele se interessou pelo campo da pesquisa acadêmica. "O supervisor dele foi jovem aprendiz também e se tornou um exemplo e fonte de motivação para que ele se dedique aos estudos em sua área de interesse".
Ela também refletiu sobre o período depois da pandemia. "Notamos os jovens mais ansiosos, com medo até de pegar um ônibus, nosso trabalho também procura desenvolver mais autonomia e confiança, mostrando para eles que eles podem se desenvolver". Por isso, para ela, o acolhimento a esses jovens é essencial para o sucesso no campo de gestão de pessoas. "Temos esse cuidado e responsabilidade de entender quem é cada jovem, independente de sua raça, opção do gênero ou classe social".
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