PESQUISA

Parceria financia novos medicamentos

Unicamp e Emprabii assinam convênio de R$ 8,4 milhões com dois laboratórios farmacêuticos

Henrique Hein
29/01/2018 às 22:58.
Atualizado em 22/04/2022 às 10:00
Reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, assina a parceria em evento: pesquisas serão em modelo aberto, com resultado de domínio públicor
 (Patrícia Domingos/AAN)

Reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, assina a parceria em evento: pesquisas serão em modelo aberto, com resultado de domínio públicor (Patrícia Domingos/AAN)

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Emprabii) firmaram, na manhã desta segunda-feira (29), uma parceira com os laboratórios farmacêuticos Aché e Eurofarma no valor de R$ 8,4 milhões. As instituições vão trabalhar para desenvolver, a médio e longo prazo, uma série de medicamentos capazes de combater doenças infecciosas e câncer. Pela primeira vez no Brasil, as pesquisas serão realizadas em modelo aberto, no qual todo conhecimento gerado será de domínio público e poderá ser utilizado até a fase de validação do potencial terapêutico dos alvos biológicos. Após o término desta fase, as empresas farmacêuticas estarão autorizadas a patentear os remédios. A parceria tem duração de seis anos e os laboratórios vão arcar com R$ 4,8 milhões, enquanto os outros R$ 3,6 milhões serão custeados pela Emprabii, que vai dividir o dinheiro em duas partes iguais para cada laboratório. O reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, ressaltou a importância da Instituição participar de pesquisas que tragam benefícios à população no futuro. “É fundamental para uma universidade pública, como a Unicamp, estabelecer parceira com o setor produtivo através dos seus pesquisadores para buscar a inovação e novos remédios, que são tão importantes para a população e para uma saúde de maneira geral”, comentou Knobel. Para o coordenador da Unidade Embrapii Cqmed, Paulo Arruda, o desenvolvimento de um novo medicamento custa muito dinheiro. Segundo ele, “é impossível para uma indústria farmacêutica brasileira sozinha arcar com todos os custos. Então, a empresa se associando ao nosso centro, tem a oportunidade de explorar a expertise na área de biologia molecular, de genética, de química medicinal e, com isso, acelerar o processo de investigação para identificação de novos alvos”, comentou. Outra meta do projeto é evitar que um desfecho muito comum em pesquisas desse gênero aconteça. De acordo com os pesquisadores presentes no evento, em 95% dos estudos, as substâncias estudadas acabam não se tornando fármaco. Eles explicam que essa parceria pode acelerar o descobrimento de novos medicamentos. “É muito custoso uma empresa levar sozinha qualquer projeto do início ao fim. Agora, se você trabalhar em rede, englobando uma série de laboratórios e centros de pesquisa, você consegue compartilhar um conhecimento sobre a viabilidade deste projeto em uma fase muito inicial. Ou seja, você consegue responder muito inicialmente se determinado projeto é viável ou não, sem perder tempo e dinheiro com pesquisas que no futuro não vão sair do lugar”, explicou o diretor de inovação radical do Aché Laboratórios, Cristiano Guimarães. Para a Martha Penna, vice-presidente de inovação da Eurofarma, as indústrias farmacêuticas brasileiras agora estão prontas para dar um passo à frente na posição que elas ocupam. “Hoje em dia o desenvolvimento de uma molécula é de um valor elevadíssimo, e você conseguir fazer isso de uma forma descentralizada é importante para que você consiga diminuir os riscos de erro”, afirmou. Já a ministra em exercício da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, que esteve presente na assinatura do convênio, ressaltou a importância da pesquisa. “É impossível pensar em um país melhor sem educação e pesquisa”, declarou.

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