Parceria entre público, privado e ONG impulsiona a economia circular em Nova Odessa

Em mais uma ação voltada à sustentabilidade e preservação dos recursos naturais, a Prefeitura de Nova Odessa se junta ao terceiro setor e à iniciativa privada para impulsionar a reciclagem de embalagens cartonadas no município. Todo esse material recolhido, utilizado para embalar leite, molho de tomate, achocolatados, sucos, iogurte e demais produtos, é destinado à nova sede da Coopersonhos, cooperativa responsável por processar cerca de 17 toneladas de materiais mensalmente, promovendo a conscientização social com o conceito de economia circular.

São oito pontos de coleta de embalagens espalhados pela cidade. Desde março deste ano já foram mais de 200 mil embalagens recuperadas, limpas, abertas, completamente higienizadas e destinadas para a cooperativa. A campanha conta com um reforço positivo para motivar e engajar a população. A cada cinco embalagens destinadas corretamente, o morador concorre a um smartphone de última geração, que será sorteado no final do ano. 

A iniciativa surgiu por intermédio da organização não governamental (ONG) Espaço Urbano. A entidade foi criada há dez anos na cidade de São Paulo com o objetivo de promover a aproximação entre empresas e agentes políticos em iniciativas de conservação ambiental. “Entendemos que cada um tem sua potencialidade e criamos essa movimentação para projetos de transformação através do programa Recicla Cidade”, explicou Gabriel Macario, gestor de projetos da ONG. Em Nova Odessa, o projeto também conta com parceria e patrocínio de empresas privadas. 

O prefeito de Nova Odessa, Cláudio José Schooder (PSD), explicou que as pessoas que quiserem participar da iniciativa devem abrir e lavar as caixinhas antes de entregá-las nos pontos de coleta. Ele observou que muitas pessoas da cidade estão animadas com a iniciativa. Os jovens, especialmente, também estão animados com a possibilidade de serem recompensados com um aparelho celular moderno. “Se nós queremos um meio ambiente melhor, um planeta melhor para nossos filhos, nossos netos, nós temos que começar agora. É plantar agora e preservar”, reforçou. 

A cooperativa ganhou uma nova sede no dia 30 de maio, situada no Parque Industrial Fritz Berzin. O local foi equipado com esteira, prensa e balança de pesagem, além de uma talha, equipamento composto por um gancho e que é útil para movimentar as pesadas sacolas cheias com o material. Para Noêmia Firmino, presidente da Coopersonhos, o trabalho desenvolvido é essencial para o meio ambiente, para a cultura de reciclagem do município e para o futuro. “Somos nós que vamos salvar as novas gerações”, pontuou. O trabalho também exerce uma importante função social, uma vez que 70% das pessoas que trabalham dentro da cooperativa são mulheres. “São mães, arrimos de família, que não tinham a oportunidade de trabalhar em uma empresa e estão na cooperativa.” 

Além das embalagens cartonadas, o local também recebe materiais de vidro, madeira e equipamentos eletrônicos e eletrodomésticos. A cooperativa realiza periodicamente um evento para receber equipamentos eletrônicos por drive-thru, com a o intuito de ampliar a coleta desse tipo de resíduo. 

“Conseguimos processar cerca de 17 toneladas por mês de material, mas ainda poderíamos fazer mais. Temos espaço para que mais dez pessoas trabalhem com a gente”, afirmou Noêmia. Atualmente, a renda média dos cooperados é de R$ 1,5 mil por mês. A expectativa da Prefeitura é conseguir incrementar os rendimentos por meio aumento dos materiais recebidos, com possibilidade de dobrar a quantidade de material processado. “Nós temos compradores para todo o volume que é trabalhado aqui, logo, esperamos expandir o trabalho nos próximos meses”, reforçou Noêmia. 

Gabriel Macario explicou que a atuação de entidades como a que ele representa são importantes para criar caminhos de colaboração entre os setores público e privado. “É um caminho mais construtivo do que um embate direto com essas esferas, pois tais embates não desenvolvem de fato um local.” 

Presente em 40 cidades do Brasil, o projeto de reciclagem é um exemplo de como o diálogo entre as partes gera resultados práticos e transformadores. Macario salientou que uma pessoa que começa a praticar a reciclagem de uma caixa de leite, por exemplo, pode começar a reciclar outros materiais e a participar mais ativamente desse tipo de prática dentro da comunidade. Além disso, o envolvimento do poder público também foi ampliado pela proposta do Recicla Cidade. “Já não é mais uma pauta da Secretaria de Meio Ambiente, envolve todos os funcionários da Prefeitura, atinge de crianças a idosos na cidade. São diversos públicos atuando para a melhoria do ambiente na cidade.” 

REGIÃO 

A Coopersonhos integra o Consórcio Intermunicipal de Manejo de Resíduos Sólidos (Consimares), que reúne outras cooperativas nas cidades de Capivari, Elias Fausto, Hortolândia, Monte Mor, Nova Odessa, Santa Bárbara d’Oeste e Sumaré. Ao todo são 94 profissionais da reciclagem atendidos pelo consórcio. No caso das cooperativas que já estavam em plena operação, os cooperados conseguem uma renda média de R$ 2 mil por mês. Com relação ao total de volume processado, a Prefeitura de Nova Odessa informou que em 18 meses as cooperativas recuperaram 209 toneladas de materiais recicláveis. “Esse projeto em parceria com as cidades do Consimares está aumentando nossos índices de coleta seletiva e reciclagem, contribuindo assim com o meio ambiente e também com os profissionais da reciclagem, que ganharam dignidade para fazer seu trabalho, algo que é fundamental”, destacou o prefeito Cláudio Schooder. 

OUTRA AÇÕES 

Nova Odessa também se destaca em outros projetos ambientais, entre eles o de recuperação de áreas de nascentes degradada com a utilização de pequenas agroflorestas. O projeto, que recebeu o troféu de 1º lugar na categoria “Poder Público” da última edição do Prêmio Rac-Sanasa de Responsabilidade Ambiental, é desenvolvido na região do Jardim Terra Nova, onde existe uma área verde próxima a uma nascente que está sendo transformada em um modelo de restauração ambiental. A proposta une recuperação ambiental, inclusão social e educação ambiental e envolve toda a população que reside nas proximidades.

A estratégia adotada envolve o plantio de árvores frutíferas e de legumes como mandioca, abóbora, quiabo e hortaliças. A sombra das árvores e a retenção de umidade fornecidas pelas copas das árvores auxiliam na reestruturação do solo e na recuperação da nascente. 

Outro diferencial é o uso de adubo ecológico na ação de reflorestamento. O adubo é produzido a partir do tratamento do lodo da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) Quilombo, em um processo de compostagem que transforma os danos causados pela intervenção do homem na natureza em solução sustentável, com elevados índices de nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio.

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