ENTREVISTA

Para Paulella, ‘todos temos que aprender a lidar com as mudanças climáticas’

Secretário de Serviços Públicos de Campinas considera que Prefeitura e sociedade precisam estar preparadas para conviver com eventos extremos

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
05/02/2023 às 10:42.
Atualizado em 05/02/2023 às 10:42
O secretário Ernesto Paulella: “Temos que aprender a viver com os efeitos das mudanças climáticas, para podermos evitar tragédias” (Rodrigo Zanotto)

O secretário Ernesto Paulella: “Temos que aprender a viver com os efeitos das mudanças climáticas, para podermos evitar tragédias” (Rodrigo Zanotto)

Campinas passará por mudanças, a partir deste ano, na operação de serviços relacionados à questão ambiental. O número de equipes que realizam as podas de árvores (a cidade tem um conjunto de 700 mil exemplares) mais que dobrará, passando de sete para 15. Outra novidade será a entrada em operação de uma cooperativa de material reciclável que trabalhará apenas com aparelhos eletroeletrônicos. Além disso, o manejo e a destinação final do lixo urbano também serão qualificados. As alterações foram divulgadas pelo secretário municipal de Serviços Públicos, Ernesto Dimas Paulella, que tem enfrentado neste início de 2023 duras críticas por causa das adversidades enfrentadas pelo município em decorrência dos estragos provocados pelas fortes chuvas, as mais volumosas dos últimos 12 anos para o mês de janeiro.

As precipitações contínuas causaram duas mortes por quedas de árvores em áreas verdes públicas. Dias seguidos de tempestades deixaram um saldo de seis pontes comprometidas, queda de 300 árvores, 100 galerias de águas pluviais danificadas e 25 muros de gabiões (pedras) que ruíram ou foram comprometidos. Para Paulella, os ataques partem de "oportunistas de plantão". 

Segundo ele, os estragos sofridos pela cidade são em decorrência das mudanças climáticas, que resultam no aumento de impactos em todo o planeta. Paulella considera que tanto a população quanto o poder público terão que se adaptar e a enfrentar os eventos climáticos extremos, que tendem a se tornar frequentes. Funcionário público concursado, prestes a completar 46 anos de carreira, o secretário tem o orgulho de ter implantado 23 dos 25 parques e bosques de Campinas. Na última semana, ele visitou o Correio Popular a convite do presidente-executivo do jornal, Ítalo Hamilton Barioni, e concedeu a entrevista que segue.

Qual a sua origem?

Eu sou de Amparo. Eu fui para um colégio agrícola interno, em Espírito Santo do Pinhal, aos 15 anos. Na cidade também fiz a Faculdade de Engenharia Agrícola. Eu vim para Campinas em 1976, para trabalhar com o Lauro Péricles (ex-prefeito), quando ele criou o Departamento de Parques e Jardins. O diretor era o falecido Oriovaldo Passadori, um paisagista de mão cheia. Sou funcionário público municipal de carreira. Eu fui secretário do Magalhães Teixeira nos dois governos, do Jonas (Donizetti) nos dois governos e do Dário (Saadi) agora. Sempre fui convidado, são critérios do prefeito, nunca pedi para ser secretário. Eu assumo essas funções com muita honra por ser funcionário de carreira. É espinhoso, se enfrenta situações difíceis, mas é muito gratificante. Campinas tem 25 parques, eu fiz 23. Apenas não fiz a Lagoa do Taquaral e o Bosque dos Jequitibás, que já estavam aí. Os outros 23, projetei e construí.

Campinas teve duas mortes por árvores que caíram em áreas de lazer públicas municipais. Quais foram os motivos dessas quedas?

A árvore que caiu no Bosque dos Jequitibás foi investigada pelo Instituto Biológico e pelo Instituto Agronômico e estava saudável. Por que caíram então? Por que não podou ou podou demais? O problema é a sustentação, solo saturado, excesso de água, a raiz não sustenta mais. Como a Prefeitura, o poder público vai prevenir isso? Eu até tenho dito isso, o que a gente tem feito é aprender com esse novo momento. O mundo está vivendo isso. Vemos reportagens na Europa, nos Estados Unidos que mostram desastres ambientais todo dia. Temos que aprender a viver com isso, ver o que aconteceu, o que pode voltar a acontecer e como evitar. Por exemplo, choveu muito, tem que fechar os parques. Eu não posso colocar o frequentador em risco porque eu não controlo a umidade do solo. A (Rua General) Marcondes Salgado, onde ocorreu o acidente com um rapaz, fica ao lado do Bosque dos Jequitibás, que é um fragmento florestal, onde a umidade do solo é diferente, demora muito mais tempo para enxugar, não entra sol, tem sombreamento. Então, choveu muito, tem que interditar a rua. É assim que o mundo está aprendendo a viver com esse novo momento.

Mas a Prefeitura tem sofrido diversas críticas pelo que ocorreu, que aponta para falhas no monitoramento e manejo das árvores na cidade. As críticas procedem?

Infelizmente, tem os oportunistas de plantão. Eles estão falando inverdades, prestando um desserviço à população. Quando se ignora o que está acontecendo, está se replicando uma informação errada.

O vereador Paulo Gaspar (Novo) tem defendido a privatização dos parques públicos para resolver os cuidados com essas áreas e o manejo das árvores. O que o senhor pensa dessa proposta?

Essa é maior bandeira dele. Eu falei para ele, na época: sou contra privatizar parque. O parque, em um país como o nosso, é um dos poucos locais que a família pobre pode fazer um lazer. Não concordo com isso, mas quem manda é o prefeito. Se ele mandar fazer, vai assumir essa responsabilidade. Mas ele também não quer, também entende que não é o caso.

O marco de 80 milímetros de chuva, referência para fechar os parques, como foi definido?

Não tem uma equação ainda para isso. O que estamos observando é que, se ocorrer em 72 horas um acumulado de 80mm, eu devo fechar os parques. Mas choveu só 20mm, e aí? Bom, se em 72 horas eu não tenho contribuição, o estudo de solo mostra que ele não está saturado. Mesmo em áreas mais sombreadas vale esse coeficiente de enxugamento. Eu não estou afirmando que esse é o melhor marco, mas é o que nós temos agora. As universidades que estudam o solo falam isso: 80mm em três dias consecutivos saturam o solo. Em função disso, com certeza, pesquisadores vão tentar estabelecer novos parâmetros. A árvore que caiu na Lagoa (Lagoa do Taquaral) e matou a menina caiu em um dia que não tinha chuva, não tinha vento. O histórico que tínhamos é que as quedas ocorriam quando havia chuva e vento. A árvore estava perfeita. Inclusive, eu trouxe até o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) para fazer essa análise. O pesquisador foi lá e disse: "Está perfeita essa árvore."

Então, quais os motivos que ocasionaram a queda?

Aí vai uma associação de coisas. Esse fragmento de eucaliptos na Lagoa do Taquaral é dos anos 1950, quando já eram adultos. Eu tenho até fotos que mostram isso. Esses pés são da época em existia a Fazenda Taquaral. Então, por que eles plantaram o eucalipto ali? Porque o local é úmido, um lugar de brejo e havia um conceito naquela época de que a espécie chupa a água. É um conceito meio errado, mas é o que tinha para a época. Ele foi plantado em um tipo de solo que se chama hidromórfico, é brejo. É um solo turvo, tem muita argila, é um solo podre, vamos dizer assim. Por que as raízes perfeitas caíram? Porque é um solo podre. Agora, foi a Prefeitura que plantou? Não, os eucaliptos vieram da fazenda, são quase centenários. Eu acredito, pelo porte que tinham em 1950, que eles foram plantados entre 1935 e 1940.

Agora, a Prefeitura avalia a possibilidade de cortar esses eucaliptos?

Nós pedimos para o IPA (Instituto de Pesquisas Ambientais), que é o antigo Instituto Florestal do Estado, para fazer uma análise para ver se é o caso de fazer a supressão de todo o fragmento florestal de eucaliptos, dado que ele está plantado em um solo hidromórfico, sujeito a encharcamento muito rápido. Por que estamos pedindo isso para o IPA? Porque o eucalipto não é nativo, é exótico, não é imune de corte. Só que a legislação fala: tudo o que está em APP (Área de Preservação Permanente), que é o caso da Lagoa, mesmo que seja exótico, é protegido por lei. A questão não é a espécie, mas a área. Eu tenho que ter um estudo mais encorpado, de um órgão estadual, para dizer se é melhor cortar.

O corte dos eucaliptos trará algum impacto ambiental?

Essa é outra análise. Vamos pegar o Comdema (Conselho Municipal de Meio Ambiente), que merecia um estudo de doutorado. Qual que era o grande discurso dos membros do conselho? Diziam que as árvores não podiam ser podadas. Faziam denúncias ao Ministério Público, querendo proibir a Prefeitura de podar árvore, que é manejo de arborização. Agora, depois do que ocorreu, eles estão dizendo que o problema "é porque vocês não podam árvores". Mudou o discurso, isso é oportunismo. Por isso que eu digo que é preciso colocar luz nesse tema. É preciso enxergar isso à luz da ciência, do conhecimento. Não se pode ter chute, ideologia política. Tem muita gente que quer se aproveitar do momento para aparecer. Só que isso não contribui em nada para a sociedade. Fica esse jogo, essa coisa ruim. A Prefeitura tem a obrigação de cuidar da arborização. Então, se ela poda, porque o manejo exige, a crítica é porque poda. Se não poda, está assim porque não poda. Esse não é o melhor caminho. O melhor é estudar o manejo, que é científico. Hoje nós temos centenas de teses de doutorado sobre arborização urbana.

Mas, voltando ao caso da Lagoa do Taquaral, teria algum impacto ambiental?

Os estudos de botânica mostram que o eucalipto afugenta a pequena fauna. Você não vê passarinho entre eucaliptos, não vê ninho, por causa do aroma, do cheiro forte. A fauna brasileira não reconhece esse cheiro como sendo bom. Esse é um primeiro aspecto importante. Segundo, o eucalipto é uma árvore que chega a 50 metros de altura, é muito inadequada para o espaço urbano. Terceiro, ela consome muita água. Um eucalipto adulto consome entre 1 mil e 1,5 mil litros de água por dia. Esses são dados científicos. Então, esses três aspectos já são suficientes para mostrar que não é para ter eucalipto, é totalmente inadequado. Só que por ser um maciço verde, tem um aspecto de coisa saudável, massa verde. Muitas vezes, porque a gente não consegue se comunicar direito, essa informação não é passada. Quando entrei na Prefeitura, em 1976, Campinas já não plantava mais eucalipto.

A Prefeitura está fazendo um levantamento sobre a saúde das árvores de Campinas, mas há críticas quanto à lentidão do serviço, que levará décadas para ficar pronto. Procede?

Nós estamos fazendo o levantamento fitossociológico de todas as árvores da cidade. A gente usa um software do Google, e os engenheiros vão em árvore por árvore na rua, identificam a espécie e fazem uma análise fitossanitária. Nós já fizemos isso em 30,5 mil árvores de um total de 700 mil. Acho que foi o Comdema que, em uma entrevista, disse: "Em dois anos fizeram isso em somente 30 mil árvores. Fazendo uma conta rápida, vão levar 60 anos para fazer todo o levantamento." Primeiro que não é isso. Nesses dois anos, nós fizemos um treinamento, aprendemos a fazer, porque ninguém sabia. Foi um piloto, mas agora nós temos gente para dar treinamento e vamos dar escala ao serviço, e isso vai andar mais rápido. Mesmo que demorasse 60 anos, se fosse fácil, já teriam feito. Levantamento fitossociológico, na ciência, a gente só tem em fragmento florestal, onde é muito mais fácil fazer. Em um ambiente de rua, de avenida, isso é muito mais difícil, porque os fatores que vão interferir são totalmente diferentes. Em qualquer árvore de rua que a pessoa esfregar a mão, ela ficará preta. Isso é dióxido de carbono, que praticamente inexiste em um fragmento florestal. O dióxido de carbono vai apodrecendo a casca, vai criando situações muito propícias para fungos. Então, essa árvore tem muito mais possibilidade de adoecer do que no fragmento florestal. Tudo isso é manejo que nós fomos aprendendo em mais de 40 anos. Eu sou professor universitário, sempre fui muito ligado a essa questão dos institutos de pesquisa. Fui amigo íntimo do doutor Hermes Moreira de Souza, que era o maior pesquisador de arborização. Eu introduzi, pelas mãos dele, mais de 50 espécies novas na arborização de Campinas.

Campinas tem um nível de arborização bom, mas o manejo feito é criticado. O que precisa mudar?

Segundo dados do IBGE de 2020, Campinas tem a segunda maior arborização do país, só perdemos para Goiânia. É fruto do governo do Magalhães, do Jonas, do Jacó? Não, é fruto do trabalho da cidade, que desde o início do século 20 se preocupou em fazer a arborização. Hoje ela tem esse patrimônio. Agora, os tempos mudaram, vieram as mudanças climáticas, as adversidades, os eventos fortíssimos e temos que aprender a viver com eles. Essa é a grande verdade. O conhecimento sobre manejo hoje é muito difundido. O que temos é limite orçamentário. O prefeito, quando faz o orçamento, precisa dividir equitativamente para todas as áreas e a gente tem aquilo que é possível. Hoje eu tenho sete equipes de podas de árvores, cada uma com dez homens e um caminhão com guindaste. O ideal era ter 20, uma em cada área administrativa da cidade, mas não tenho dinheiro para ter 20. Hoje eu gasto em torno de R$ 2 milhões por mês. Para ter o ideal, teria de gastar R$ 6 milhões. Vai ter esse dinheiro? Não vai ter, a não ser que aumente os impostos. A população está disposta a pagar mais impostos? Não está, pois pagar o que tem hoje já é difícil. Mas é um patrimônio da cidade. O prefeito, diante das situações, já autorizou dobrar. Nós vamos fazer uma nova licitação agora, visto que o contrato atual termina em setembro. Vamos contratar 15 equipes. Já vai melhorar muito. Isso já está sendo feito e na próxima primavera, verão, já teremos mais equipes trabalhando. Mas é preciso salientar que trabalhamos com limitação orçamentária. 

Durante muito tempo não houve planejamento, acidade cresceu desordenadamente. A questão da arborização também foi feita dessa forma. Há muitas espécies que não deveriam estar aonde estão e a periferia é carente nessa área, como o eixo da Avenida John Boyd Dunlop. Como está essa questão e como evitar que esse problema ocorra em novos pontos da cidade?

Hoje nós temos uma lei de arborização. Temos o Guia de Arborização Urbana, inclusive sou um dos autores. Isso foi feito no governo da Izalene (prefeita Izalene Thiene, PT) e contribuí como professor da PUC. Esse guia dá toda a regra, as espécies, em que situação podem ser plantadas, a largura do passeio, embaixo ou não de fiação aérea. Hoje não tem mais isso de plantar flamboyant e paineira em calçada. Mas você tem um patrimônio que foi feito há 70, 80 anos, que esta aí. Então, o que você vai fazer, cortar tudo? Não é de bom senso fazer isso. Se a árvore não está oferecendo perigo, nenhum risco, não tem porque cortar. Em setembro do ano passado, nós demos início à arborização de todo o distrito do Campo Grande, que é uma área de cerrado. Nós vamos plantar cinco mil árvores nessa região. Isso já está sendo feito, começando no Parque Valença I e estamos terminando o Valença II. Hoje, isso é feito seguindo critérios técnicos, regras para se plantar as árvores. Nesse plantio que está sendo feito, há uma bióloga que acompanha árvore por árvore. A coisa é muito diferente.

O senhor colocou que é preciso aprender com as adversidades climáticas que o mundo atravessa. Citou a adaptação a essa nova realidade. Campinas adotou algumas medidas preventivas, como podas emergenciais e fechamento dos parques. Quais outros aprendizados o senhor pode mencionar?

Primeiro, como já havia comentado, a arborização é um patrimônio importante para o cidadão. A árvore, no processo de fotossíntese que faz 24 horas por dia, retira da atmosfera o gás carbônico e o transforma em oxigênio. Ela é um filtro, não dá para pensar em um meio urbano sem árvore. Isso impacta na qualidade de vida do cidadão. É preciso ver o histórico das árvores plantadas, como os eucaliptos do Taquaral, que têm quase 100 anos. A figueira branca que caiu no Bosque dos Jequitibás era uma árvore nativa, nasceu sozinha, está dentro do aspecto de renovação florestal. Então, o que eu poderia dizer, além do que já falamos, é que o cidadão precisa ter essa consciência. Por isso eu disse que é preciso pôr luz no problema, para não ter interpretações erradas. Esse alarmismo que ocorreu quintuplicou os pedidos de podas e remoções de árvores. A equipe vai fazer vistoria e constata que a árvore não tem nada, mas a pessoa não quer mais a árvore, está morrendo de medo por conta do alarmismo. Isso é um desserviço. É preciso ter educação ambiental. A Prefeitura e os órgãos de imprensa deveriam investir na educação ambiental, principalmente nesse momento de mudança climática. As árvores também estão se adaptando à mudança do clima. Isso vale para a arborização urbana, para a agricultura. No ano passado, por exemplo, os ipês (roxo e rosa) floresceram três vezes. O mês do roxo é junho, julho. No passado, floresceu em junho, setembro e em dezembro de novo. A planta fica biruta, gasta toda a energia na florescência, tira a sua resistência.

A pandemia de covid-19 causou mudanças na questão dos resíduos sólidos, do lixo urbano?

A pandemia trouxe uma diminuição de 15% na geração de lixo porque as pessoas perderam renda, perderam o emprego. Isso vem se mantendo. A gestão do lixo também é um desafio. A lei federal fala que aterro sanitário somente pode ser usado para levar lixo tratado, não in natura. Isso quer dizer que tem que ter um tratamento prévio. O lixo orgânico tem quer ir para a compostagem; o seco, para a reciclagem. Mesmo assim, sobram 30% de resíduos que vão para o aterro. Porém, a compostagem e a reciclagem agregam valor porque se aproveita tudo: tira gás, adubo, matéria-prima que pode ser reaproveitada e CDR, o combustível derivado de resíduo, que é carvão do lixo para ser usado em caldeira. O que nós precisamos fazer? Fazer essas usinas. Parte disso já fizemos, que é a usina de compostagem, para onde vai a galharia, palha de grama, resíduo de Ceasa, junto com o lodo de esgoto da Sanasa. Com esses materiais, a gente faz uma torta, uma compostagem aeróbica. Em 70, 80 dias, ela vira adubo, que já está certificado pelo Ministério da Agricultura como composto orgânico. Nós vamos fazer uma licitação agora para vender 15 mil toneladas de adubo por ano, uma receita esperada em torno de R$ 12 milhões. Em fevereiro, deve ir para licitação.

Como estão as outras frentes relativas aos resíduos urbanos?

O desafio agora é montar essas usinas. Nós começamos agora um processo, ainda com o Jonas, da PPP do lixo, uma Parceria Público-Privada. Porém, em função dos problemas orçamentários, isso deu uma esfriada. É mais ou menos assim; hoje eu gasto com o lixo, do jeito que está, R$ 160 milhões por ano. Com a PPP, gastaria R$ 220 milhões porque tem investimentos, tratamento. Isso assustou um pouco a Secretaria de Finanças. Nós estamos fazendo agora uma adequação do projeto. Na linha técnica, não muda nada, mas vamos pedir ao concessionário para construir uma usina de reciclagem. As usinas de compostagem e CDR ele fará por conta e ficará com o produto para a venda, para não onerar o investimento da Prefeitura. Campinas tem a taxa de lixo, que é cobrada com o IPTU, que está estimada este ano em R$ 230 milhões. Dinheiro carimbado, pois nós temos investir na gestão dos resíduos. Por que a PPP? Porque na PPP quem remunera o concessionário é a Prefeitura. Se fosse concessão, que é outro modelo, teria que ter tarifa, a taxa não serviria. Isso muda todo o sistema de cálculo. No Brasil, o lixo tem uma questão social importante. Em Campinas, nós temos 12 cooperativas de reciclagem. A Prefeitura contratou 11 para fazer a coleta nos bairros e a triagem. Em média, cada uma recebe R$ 40 mil por mês como incentivo para que esse negócio prospere. A própria lei nacional de resíduo é muito clara quando ela fala que, prioritariamente, deve-se atender as cooperativas de catadores. Uma cooperativa decidiu não ser contratada.

Essa ação será ampliada?

Nós estamos montando agora uma 13º cooperativa, a Coopersilício, que funcionará dentro da Ceasa. Os cooperados já foram treinados pelo Centro Renato Archer para aprender a desmontar um aparelho eletroeletrônico e saber o que tem de valor ali. Começará a funcionar este ano, junho ou julho. É um trabalho muito mais limpo, agrega muito mais valor.

Qual é o seu hobby?

Eu gosto muito de cinema, a minha diversão é ver filme. Eu tenho uma coleção de filme muito grande, deve ter umas 400 cópias de títulos em DVD e videocassete. O melhor filme que já vi é 'O Segredo de Santa Vitória", também gosto muito das produções do Mazzaropi. 

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