Prefeitura estima que Campinas tenha, aproximadamente, 50 mil bueiros e bocas de lobo; mesmo chumbadas com cimento e concreto, vândalos conseguem arrancar as barras de ferro que compõem o bueiro (Alessandro Torres)
Campinas vive desde o ano passado uma onda de furtos e vandalismo contra bens públicos. Para dificultar pelo menos o furto das tampas de poço de visita (termo usado para as instalações por onde se tem acesso às redes de serviços subterrâneos, como esgoto, águas pluviais, telefone, energia elétrica, etc) e gradil de bueiros, a Secretaria de Serviços Públicos decidiu substituir gradativamente, em toda a cidade, os equipamentos existentes por placas de concreto maiores e mais pesadas. Além disso, a Administração tem adotado o modelo de bueiro que é construído em concreto nas guias das calçadas com meio arco vertical, chamado de guia chapéu.
A Secretaria explicou que nas grades e tampas de poço, o material utilizado é o ferro fundido, de alto valor no mercado. De acordo com a Pasta, depois da pandemia do covid-19 o número de furtos passou de 200 por ano para 500, o que dá uma média mensal de quase 42 furtos. O prejuízo estimado aos cofres públicos é de R$ 1 milhão. Segundo a Prefeitura, a substituição dos equipamentos acontece cada vez que um deles é furtado. Em vez de receber o modelo feito pelo mesmo material, a Secretaria utiliza o equipamento de concreto.
De acordo com a Prefeitura, no lugar das bocas de lobo com grades em novos bairros e loteamentos da cidade, os bueiros já são construídos pelo novo modelo, que têm maior nível de segurança e fixação, dificultando que o equipamento seja levado. A estimativa é que Campinas tenha aproximadamente 50 mil bueiros e bocas de lobo. Apesar de estarem chumbadas com cimento e concreto, os criminosos conseguem arrancar as barras de ferro que compõem o bueiro. Em locais de grande acúmulo de volume de água, juntamente aos novos bueiros que são construídos, a Prefeitura também instala as bocas de lobo com grade, como na bacia do Córrego Piçarrão, que tem as funções (grade e guia chapéu).
O secretário de Serviços Públicos, Ernesto Paulella, disse que tem buscado formas de melhorar a segurança dos equipamentos para evitar que sejam levados. “Cada grade vale cerca de R$ 2 mil. O prejuízo para a cidade, com os furtos, gira em torno de R$ 1 milhão por ano. Com este valor seria possível construir cerca de 20 casas populares ou duas praças de esporte de grande porte, por exemplo”, disse Paulella. “É importante que as pessoas se conscientizem que o dano ao patrimônio público traz um prejuízo para toda a sociedade”, completou.
ONDA DE FURTOS
Desde o ano passado a região de Campinas vive uma onda de furtos de objetos públicos em metal, ferro e cobre. Os furtos atingiram até mesmo os radares de fiscalização eletrônica que ainda estavam em fase de teste na Avenida Camucim, no conjunto Residencial Mauro Marcondes, no distrito do Ouro Verde.
Também foram registrados furtos de grade de boca de lobo, em Sumaré, e tampa de poço de fiscalização de água e esgoto, em Limeira. Até uma grade de proteção da Avenida Brasil, em Americana, foi levada pelos vândalos.
Também em Campinas, bandidos já invadiram a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Piçarrão e furtaram 1,2 mil metros de cabos de energia elétrica. A Guarda Municipal foi chamada e conseguiu achar parte do material próximo ao córrego.
A Guarda Municipal de Campinas precisou interditar um ferro-velho irregular na Vila Andrade Neves. No local, foram encontrados uma grande quantidade de sucatas, fios elétricos picados, 19 botijões de gás e material de reciclagem.
VANDALISMO
Em setembro deste ano, a Prefeitura de Campinas chegou a registrar pelo menos 16 atos de vandalismo em imóveis, equipamentos de lazer e esportes, terminais de ônibus, sanitários públicos e até mudas de árvores. Em nota oficial divulgada naquele mês, a Prefeitura lembrou que é a população que perde quando um bem é depredado, pois fica impossibilitada de usufruir dos serviços. Além disso, a Administração afirmou que gasta mais para repor o que foi danificado, o que causa prejuízo aos cofres públicos. “Importante lembrar que vandalismo é crime, conforme artigo 163 do Código Penal brasileiro”, enfatizou a Prefeitura na ocasião.
A Secretaria de Serviços Públicos, gestora de boa parte dos equipamentos abertos, de uso livre e nas ruas, como parques, praças, iluminação, academias, parquinhos, lixeiras, árvores, bocas de lobo, entre tantos outros, disse à época que o dinheiro gasto com o vandalismo poderia ser destinado a outras melhoras na cidade. “Com o recurso, poderíamos fazer outras obras ou implementar projetos importantes para a cidade”, destacou o secretário Paulella à época, exemplificando que entre as melhorias estariam campos de futebol, com alambrado e iluminação, a construção de um parque ecológico de 100 mil metros quadrados equipado ou a urbanização de três praças de médio porte (média de R$ 300 mil cada). Também seria possível, como outro exemplo, recapear 5 km de vias públicas.
Por conta da pichação ocorrida duas vezes em quatro dias, também em setembro, a pista de skate street na Lagoa do Taquaral teve de ser grafitada. A obra foi realizada pelo artista Di Labarca, também responsável pelo grafite no painel do Espaço do Amanhã, na Chácara Santa Letícia, distrito do Ouro Verde. A Administração apostou na arte como um impeditivo da ação dos vândalos.
A Lagoa do Taquaral foi alvo de outras ações de vandalismo em 2023. Banheiros da área esportiva foram pichados e quebrados, assim como as placas de informação. Não bastasse, houve um incêndio, com características de ato criminoso, numa touceira de bambu do parque, o que poderia ter causado uma tragédia se não tivesse sido contido a tempo. O prejuízo, neste caso, foi de R$ 60 mil. Até parquinhos infantis inclusivos, adaptados para que crianças com e sem deficiência brinquem juntas, não escaparam.
Outro exemplo de vandalismo aconteceu nos banheiros públicos do Centro, na Praça Rui Barbosa. Eles foram reabertos à população após uma obra de recuperação que teve início no dia 3 de agosto. Os banheiros tinham sido totalmente vandalizados e inutilizados. Foi necessário um período com o equipamento sem poder ser utilizado e o custo para a reforma foi de R$ 80 mil.
No início de setembro, cerca de 40 mudas de árvores recém-plantadas na Avenida Soldado Percílio Neto, no Taquaral, foram quebradas e arrancadas. Menos de uma semana depois, após novo plantio, as mudas foram novamente depredadas.
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