CASO FESTA BICUDA

Paolla Miguel enfrentará CP por suposta quebra de decoro

Plenário acatou uma denúncia apresentada pelo vereador Nelson Hossri (PSD)

Luis Eduardo de Sousa/ [email protected]
18/04/2024 às 08:41.
Atualizado em 18/04/2024 às 08:41
Apoiadores da vereadora do PT, Paolla Miguel, lotaram o plenário da Câmara Municipal na sessão de ontem à noite em sinal de apoio à parlamentar, que será submetida a uma Comissão Processante (CP) (Alessandro Torres)

Apoiadores da vereadora do PT, Paolla Miguel, lotaram o plenário da Câmara Municipal na sessão de ontem à noite em sinal de apoio à parlamentar, que será submetida a uma Comissão Processante (CP) (Alessandro Torres)

A Câmara Municipal de Campinas aprovou na noite de quarta-feira (17) a abertura de uma Comissão Processante (CP) contra a vereadora Paolla Miguel (PT). Com 24 votos a favor e 6 contra, o plenário acatou a denúncia apresentada pelo vereador Nelson Hossri (PSD), mediante maioria simples. A acusação versa sobre alegada quebra de decoro parlamentar e improbidade administrativa por parte da parlamentar, em virtude de seu apoio, através de emenda parlamentar, à festa "Bicuda", realizada no distrito de Barão Geraldo no último domingo (14), evento que gerou controvérsia após a divulgação de vídeos nas redes sociais contendo cenas de nudismo e conteúdo de teor sexual.

Apesar dos protestos dos apoiadores da vereadora do PT, que lotaram o plenário da Câmara em sinal de apoio a Paolla, a votação contou com a abstenção tanto do denunciante Hossri, conforme proibição regimental por ser o autor da denúncia, quanto do presidente da Casa, o vereador Luiz Rossini (Republicanos).

Manifestaram-se contrários à denúncia apenas os representantes da bancada de esquerda, composta pelos vereadores Guida Calixto e Cecílio Santos (PT), além dos parlamentares Paulo Bufalo e Mariana Conti (PSOL) e Gustavo Petta (PCdoB). Logo após a aprovação da abertura da comissão, a composição da CP foi definida por meio de sorteio. Os escolhidos foram Guida Calixto, Petta e Edvaldo Cabelo, que integrarão o grupo de trabalho, cabendo à colega de partido de Paolla a presidência das oitivas.

CLIMA DE TENSÃO

Desde o início, o clima da 21ª Reunião Ordinária foi marcado por intensa tensão. Vereadores de diferentes vertentes políticas trocaram acusações enquanto debatiam a viabilidade da aprovação da comissão processante.

Horas antes do encontro, a vereadora Guida expressou ao Correio Popular sua preocupação de que a ação se tornasse uma justificativa para criminalizar o mandato de Paolla Miguel, além de ser utilizada como um pretexto para censurar eventos apoiados pela Secretaria de Cultura. 

"A cidade está cheia de problemas, no Centro, no transporte e sobretudo na saúde, que está caótica, mas a base do governo está preocupado em abafar as questões importantes para promover perseguição política", disse Guida.

Além disso, a vereadora relatou que a Secretaria de Cultura procurou sua colega de partido solicitando apoio para a festa Bicuda. "A Cultura é quem executa orçamento, o próprio nome já diz, executivo, mas o prefeito é oportunista, e para ele é interessante promover esse tipo de balão de ensaio na Câmara", complementou.

Minutos antes do início da reunião, o vereador Paulo Bufalo declarou à reportagem que a abertura da comissão processante estabelece um precedente perigoso, permitindo que o Executivo culpe o parlamento por eventos decorrentes de emendas impositivas. "É crucial entender o que está acontecendo agora, já que o Executivo parece estar se eximindo de responsabilidade por suas próprias ações", concluiu.

CONTEXTO

As controvérsias em torno da festa "Bicuda" surgiram durante a 20ª Reunião Ordinária da Câmara Municipal, na última segunda-feira (15). O evento, que recebeu uma verba pública de R$ 15 mil proveniente de uma emenda da vereadora Paolla, foi palco de apresentações artísticas com cenas de nudismo e conteúdo de teor sexual, realizadas na Praça Durval Pattaro, em um ambiente aberto ao público das 13h às 20h30.

No mesmo dia, a Secretaria Municipal de Cultura anunciou a implementação de classificação indicativa para eventos que recebessem financiamento público. Em resposta à festa, o prefeito Dário Saadi (Republicanos) a classificou como "baixaria" e assegurou que não permitiria futuras edições do evento.

Durante o desenrolar da festa, os artistas contratados realizaram uma simulação de sexo oral, cujas imagens foram gravadas e rapidamente disseminadas nas redes sociais. Em resposta às críticas, a vereadora Paolla afirmou não ter conhecimento prévio sobre os artistas contratados e o conteúdo de suas apresentações. Segundo ela, seu mandato apoiou o evento após ser abordado pela organização, que solicitou auxílio para a montagem da estrutura necessária. Os recursos obtidos foram direcionados para a instalação de banheiros químicos, montagem de palco e iluminação.

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