Tanques zerados pegaram quem tentava abastecer na região
Para quem foi surpreendido, o jeito foi esperar socorro das concessionárias (Leandro Torres/AAN)
Por alguma necessidade ou na esperança de conseguir abastecer em meio a greve dos caminhoneiros, 517 motoristas ficaram parados nas principais rodovias da Região Metropolitana de Campinas (RMC), entre o dia 20 e quarta-feira, devido à chamada “pane seca”, que ocorre quando o carro fica completamente sem combustível. Os dados contabilizados somam ocorrências registradas pelas concessionárias AB Colinas, AutoBAn, Rodovias do Tietê e Rota das Bandeiras, responsáveis respectivamente pelo trecho que liga Campinas a Indaiatuba, Sistema Anhanguera-Bandeirantes, Campinas-Monte Mor e, por fim, Corredor D. Pedro 1. A AutoBAn foi responsável por atender cerca de 60% (312) das ocorrências do período, número que representa 53% (585) dos auxílios prestados pela concessionária, pelo mesmo motivo, em abril passado. O procedimento padrão, segundo todas as empresas, é remover o veículo para áreas seguras, garantindo o tráfego da via. Preferencialmente, os carros ou motos e seus condutores são levados ao posto de gasolina mais próximo. Só em Campinas, maior cidade da RMC, estão registrados 903.910 Automóveis, de acordo com o Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran). Destes, aproximadamente 409 mil rodam somente à base de gasolina, fato que complicou a vida de seus condutores nos últimos dias. Apenas 5.737, ou seja, menos de 1% (9039) da frota campineira utiliza o Gás Natural Veicular (GNV), comercializado a um custo menor. Devido a greve dos caminhoneiros, a Polícia Rodoviária Federal não aplicou multas pelas ocorrências, que segundo o artigo 180 do Código de Trânsito Brasileiro é considerada uma infração média, passível de multa no valor de R$ 130,16 e perda de quatro pontos na carteira de habilitação. Mauro Sartori, de 36 anos, proprietário da MSG, empresa situada na Av. Antonio Franscisco de Paula Souza, na Vila Georgina, em Campinas, instala em média 30 kits por mês, convertendo o veículo para que possa operar com GNV. O empresário afirma que todos os seus clientes (pessoas físicas e jurídicas) o procuram motivados pelo fator econômico. “Se comparado à gasolina, a redução no gasto com combustível é de, no mínimo, 40%. Mas, geralmente passa de 50%, tendo em vista que você roda, em média, cerca de 4km a mais com 1m³ de GNV, contra 1 litro de gasolina”, comenta. Sartori diz que a instalação leva de dois a três dias, e o investimento varia de acordo com o veículo, indo de R$ 2,5 mil para carros mais antigos até R$ 6,5 mil para modelos mais atuais, que têm seis e não quatro cilindros. No momento, a mecânica tem fila de um mês para a realização do serviço, sendo que 30 kits devem ser instalados no período.Fernando Puziol, fotógrafo de 35 anos, converteu sua picape Fiat Strada há oito meses, e não se arrependeu. “Eu ando em média 300km por dia, por causa da minha profissão. A cada dois dias eu gastava em torno de R$ 150,00 para encher o tanque. Agora, somente R$ 50,oo”, afirma, dizendo que recuperou o investido no kit em cinco meses. Para realizar a conversão veicular, a empresa precisa estar credenciada junto ao Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), atendendo o regulamento da autarquia.