CAMPINAS

Pane deixa o último bondinho na garagem

Passeio sobre trilhos é uma das atrações da Lagoa do Taquaral, principal parque da cidade

Sheila Vieira
24/05/2013 às 07:30.
Atualizado em 25/04/2022 às 14:46
Bondinhos do Taquaral estão parados, aguardando manutenção (Gustavo Tilio/Especial para AAN)

Bondinhos do Taquaral estão parados, aguardando manutenção (Gustavo Tilio/Especial para AAN)

O passeio de bondinho está temporariamente suspenso no Parque Portugal, também conhecido como Lagoa do Taquaral, o principal parque de Campinas, depois da pane no único carro em operação, ocorrida na tarde do último domingo (19). A administração do parque colocará faixas no ponto de embarque informando a suspensão do passeio. O preço do passeio é R$ 2,00 e cerca de mil pessoas fazem o circuito aos domingos.

A quebra foi provocada pelo desgaste das engrenagens responsáveis pela tração do bonde, informou o secretário de Serviços Públicos, Ernesto Dimas Paulella. Na terça-feira (21), as duas peças danificadas — cremalheira e pinhão — foram enviadas para uma empresa de usinagem de Hortolândia, que dará nesta sexta (24) à Prefeitura o orçamento do molde para a fabricação dos itens. O prazo do conserto será determinado pela necessidade ou não de licitação e o tipo do documento, dispensado para valores inferiores a R$ 8 mil e que pode ultrapassar 90 dias para orçamentos superiores a R$ 80 mil.

O Parque Portugal tem quatro bondes, dois deles com os motores passando por retífica em uma empresa de São Paulo, recuperação iniciada em abril e que deve custar R$ 200 mil. Além do recondicionamento dos motores elétricos, também serão reformados os trucks, que compreendem a parte rodante com rodas, suspensão, rolamentos e freios. “A expectativa é de que os dois bondes estarão circulando dentro de 50 dias”, informou Paulella. Segundo ele, a licitação do conserto foi concluída em abril, prazo considerado razoável e que permitiu incluir a recuperação dos bondes no plano de ação de 100 dias de obras na cidade. De acordo com Paulella, a situação dos bondes é o reflexo do sucateamento ocorrido nos últimos 16 anos, período em que as composições funcionaram sem manutenção ou receberam peças inadequadas.

A promessa é preservar esses elementos do patrimônio histórico da cidade incumbindo o Departamento de Parques e Jardins à supervisão de uma empresa que será contratada para a manutenção regular das máquinas, observando as horas de funcionando de cada bonde e substituindo regularmente as peças. Outro fator fundamental é manter um carro reserva para impedir o funcionamento das máquinas até a exaustão. “Arrisco dizer que a manutenção periódica dos quatro bondes não custaria mais de R$ 10 mil”, disse o secretário.

O carro que quebrou atendia sozinho os visitantes da Lagoa do Taquaral desde o segundo semestre do ano passado, depois que outros dois bondes fundiram os motores. Os três carros passaram por reformas em 2011. Um quarto bonde — o número 1 — está sem previsão de voltar a rodar e se resume à carcaça após ter tido rodas, motores e toda a parte responsável pela movimentação furtada em 2010. A unidade permanece em cima de cavaletes, sem perspectiva de quando poderá rodar. Uma sindicância aberta no início do ano tenta descobrir o responsável pelo sumiço do material, mas até agora as investigações não avançaram.

Para o diretor-presidente da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (Abpf) de Campinas, Hélio Gazetta Filho, entidade responsável pela maria-fumaça, uma ideia para assegurar a manutenção do carros, seria desvincular o passeio de bonde da Administração pública e criar uma associação para cuidar das relíquias.

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