REFLEXO

Pandemia muda planos de campineiros

Muitas famílias não vão investir em grandes reuniões com parentes e amigos no fim deste ano

Henrique Hein
22/11/2020 às 10:39.
Atualizado em 26/03/2022 às 23:58
Ricardo, Sueli, Paulo e o analista de marketing Fábio Reis (à direita): família decidiu rever a viagem (Leandro Ferreira/AAN)

Ricardo, Sueli, Paulo e o analista de marketing Fábio Reis (à direita): família decidiu rever a viagem (Leandro Ferreira/AAN)

A pandemia do novo coronavírus mudou não só a vida das pessoas, como também a rotina e os planos de muita gente. Ainda sem uma vacina e com medo de se infectar, muitas famílias campineiras estão deixando de lado a possibilidade viajar ou organizar celebrações em casa no período das festas de fim de ano. É o caso, por exemplo, do analista de marketing Fábio Reis, de 26 anos, e do engenheiro Evandro Franceschinelli, de 57. Ambos deixarão as tradicionais festividades de lado para protegerem eles e suas famílias da Covid-19. Morador do Jardim Nova Europa, Fábio conta que antes de a pandemia começar ele e sua família estavam planejando passar o Réveillon em Miami, nos Estados Unidos. A ideia, no entanto, foi revista e descartada na metade desse ano. Agora, ele, seus pais e seu irmão mais novo passarão o fim de 2020 longe de qualquer tipo de aglomeração. “A gente manteve essa decisão e optou por fazer um programa mais reservado, sem sair de Campinas. Vamos passar o Natal com meus avós para eles não ficarem sozinhos, mas estaremos de máscara e mantendo distância. Na virada, vamos passar em casa só nos quatro”, comentou. Evandro também vai seguir essa mesma linha de pensamento adotada por Fábio. Ele conta que passará as festas de fim de ano em sua residência ao lado da esposa Carol e dos filhos Rodrigo e Helena. “Os meus irmãos e os da Carol já estão na casa dos 60 anos, e como estão dentro do grupo de risco e possuem o agravante de terem alguns problemas de saúde, decidimos que o melhor é não aglomerar”, disse ele. O engenheiro conta que sua família tem o costume de organizar eventos para amigos e demais conhecidos na última semana de dezembro, mas que desta vez não será assim. “Nos outros anos, a gente chegou a reunir mais de 30 pessoas em casa, mas a situação será diferente esse ano por causa da pandemia”, destacou. Pesquisa A decisão tomada por Fábio e Evandro é, inclusive, a de muitas outras famílias brasileiras. Uma pesquisa feita pela Hibou, em parceria com Score Group, mostra que 52% dos brasileiros mudaram os planos para este fim de ano por causa da pandemia de Covid-19. O estudo foi feito com mais de 1,1 mil pessoas, em setembro, nas principais capitais do Brasil. De acordo com a pesquisa, 48% dos brasileiros não irão mais viajar e 48% desistiram de comemorações em bares e restaurantes. Além disso, 35% reduzirão o número de visitas que receberão em casa nas comemorações. Entre os entrevistados, 79% disseram que vão passar o Natal em casa com suas famílias, enquanto 65% farão o mesmo na virada de ano. Essa mentalidade também se refletirá nas compras. Os dados mostram que 62% dos entrevistados vão comprar de maneira online, sendo 80% por meio do smartphone, para evitar sair de casa e se expor ao vírus. Dos brasileiros que vão comprar presencialmente, 65% preferem desta forma porque já levam o produto para casa. O shopping center é o lugar presencial preferido para 41% dos entrevistados, seguido das lojas de grandes redes (27%), lojas de bairros (22%), outlets (5%) e encomendas de pequenas lojas (4%). Com relação à forma de pagamento, 32% pretendem pagar tudo à vista, enquanto 29% irão parcelar no cartão e 16% devem pagar em dinheiro. Segundo o estudo, 19% dos entrevistados vão escolher marcas que tiveram atitudes relevantes durante a pandemia. A média de quantidade de presentes será de quatro a cinco e 75% das pessoas vão gastar até R$ 100,00.Por causa da pandemia, empresas buscam alternativas para festas de fim de ano As festas de fim de ano serão bem diferentes, por causa do novo coronavírus. Mesmo assim, quem trabalha com a organização de confraternizações começou o planejamento, para garantir as tradições do Natal e do ano-novo, apesar da crise econômica.  Promotores de festividades irão recorrer à criatividade Quando o ano chega ao fim, é hora de juntar amigos e família para confraternizar. Seja no Natal ou no Ano Novo, a tradição inclui festas, ceias e reuniões. No entanto, devido à pandemia do novo coronavírus, o cenário em 2020 não será o mesmo. Por isso, os segmentos que promovem festas buscam saídas criativas. “O mercado começa a se movimentar agora. As confraternizações serão diferentes. As empresas com 30, 40 funcionários vão levá-los para eventos drive-in. As que têm mais colaboradores optarão por espaços maiores e abertos”, prevê Luís Otávio Neves, presidente do Sindicato das Empresas de Promoção, Organização, Produção e Montagem de Feiras, Congressos e Eventos do Distrito Federal (Sindeventos). Ele espera a recuperação do setor no começo do próximo ano, caso a vacina contra a covid-19 esteja em aplicação no DF. Para quem oferece serviço de bufê, o ano é de adaptações. A chef de cozinha Ana Claudia Morale, 35 anos, estava acostumada a, nesse período, preparar cardápios para confraternizações de empresas e para ceias de 15 ou mais pessoas. “Neste ano, tenho certeza de que as festas serão pequenas. Mas a gente espera que, com a melhoria do mercado, venham vários pequenos eventos que compensem ou equilibrem a perda (por causa) dos grandes”, afirma. Ela oferecerá quatro menus diferentes, com duas opções de lanche e duas de jantar. Para a ceia, o peru sai de cena, dando lugar a opções menores: tender e bacalhau. “As grandes aves são para jantares com muitas pessoas. Em uma ceia para quatro, não adianta, porque vai sobrar muito. Se houver demanda, vamos trabalhar com peru e chester também”, comenta Ana Claudia. Ela está otimista e acredita, inclusive, que fará contratações temporárias. “Na pandemia, tivemos perdas de eventos grandes, mas ganhamos muito em relacionamento com o cliente, que, hoje, sente-se mais ouvido. E eu faço as coisas baseadas no pedido direto deles. A internet nos trouxe isso”, avalia a chef. 

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