24ª CAMPANHA

Pais correm para vacinar os filhos contra a Influenza

Ação de imunização da gripe, prevista apenas para maio, foi antecipada este ano

Ronnie Romanini
26/04/2022 às 08:35.
Atualizado em 26/04/2022 às 08:35
Menina é vacinada no Centro de Saúde da Vila Ipê, em Campinas: pais que estavam no local ontem citaram que os pediatras também estão recomendando a imunização contra a gripe (Gustavo Tilio)

Menina é vacinada no Centro de Saúde da Vila Ipê, em Campinas: pais que estavam no local ontem citaram que os pediatras também estão recomendando a imunização contra a gripe (Gustavo Tilio)

Começou nesta segunda-feira (25) em Campinas a vacinação contra a gripe para as gestantes, puérperas e crianças com a idade entre seis meses e cinco anos. Inicialmente, a 24ª campanha de vacinação contra influenza abrangeria esses públicos apenas em maio. Com a antecipação, foi iniciada a 2ª etapa da campanha, após a primeira etapa, voltada aos trabalhadores da saúde e pessoas com 60 anos ou mais. As crianças dessa faixa etária também poderão, desde ontem (25), receber a vacina contra o sarampo, que também foi antecipada.

A vacina contra a gripe deste ano é trivalente e protege contra duas cepas de influenza A: H1N1 e H3N2 - responsável pelo grande surto de gripe no país no fim do ano passado - e uma cepa do vírus B. 

A infectologista da Unicamp e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Raquel Stucchi, afirmou que a antecipação é extremamente importante, ainda mais levando-se em conta o cenário preocupante em relação ao número de crianças internadas.

"Temos visto na cidade que a quantidade de crianças com quadros respiratórios e necessidade de hospitalização é muito grande, o que traz dificuldade para a Secretaria de Saúde lidar com a necessidade de internação. As crianças voltaram para as atividades presenciais escolares, os pais voltaram a trabalhar, então, devemos ter uma circulação maior do vírus da gripe este ano."

Na análise da infectologista, os três grupos que foram liberados para receber o imunizante podem ter formas mais graves da doença. "A gripe em crianças, gestantes e puérperas pode ter uma evolução grave, necessitando de internação e, muitas vezes, até mesmo de terapia intensiva. Então, é importante a antecipação e o comparecimento. Que os pais levem às crianças abaixo de cinco anos e que gestantes e puérperas compareçam às unidades básicas para se vacinar", reforçou.

O primeiro dia

No Centro de Saúde da Vila Ipê, o movimento foi maior pela manhã, mas no fim da tarde, com a liberação de algumas crianças das escolas, pais, mães e avós não perderam tempo e levaram os pequenos para a imunização. 

Todos os que estavam lá para vacinar os filhos e conversaram com a reportagem tinham algo em comum: ficaram sabendo da antecipação da vacinação contra a gripe por meio de propagandas na internet ou pela mídia. 

"Eu vi no jornal que a partir de segunda (25) a vacina estaria disponível. Como a minha filha vai para a escola, é melhor prevenir, ainda mais com essa mudança de tempo que qualquer coisinha a criança fica resfriada. E não é bom apenas para as crianças, mas também pensando no coletivo. A minha filha começou a frequentar uma creche este ano e já precisou faltar por causa disso algumas vezes. Quando muda o tempo ela fica ruinzinha. A criança que frequenta creche, se puder vacinar, é melhor o quanto antes", opinou a pedagoga Tamires Cassiane.

"Eu resolvi vir no primeiro dia, quando descobri pela mídia. Não deixo para depois nenhuma vacina, procuro vaciná-la o mais rápido possível. Todos têm de trazer as crianças, pois é muito importante para a saúde", afirmou Simone Francisca do Nascimento, avó de Quézia, vacinada nesta segunda-feira.

Além da mídia, os pais citaram que os pediatras também recomendaram a vacina contra a gripe, como contaram Juliana Nogueira e Fernando José da Cruz, casal que levou a filha de 2 anos e 3 meses para a imunização. "Vi propagandas e também a pediatra nos orientou, então, vim correndo, não quis perder tempo."

Sobre um possível temor de alguns pais em vacinar os filhos, a recomendação é a de que os adultos esqueçam o seu medo e ofereçam a oportunidade de proteção às crianças. "Certamente recomendo que outras mães levem as crianças para vacinar. E não apenas contra a gripe, mas qualquer vacina, o que estiver disponível. É muito bom e protege", orientou Juliana. 

"Antes ser imune a algo do que não ser a nada. Toda campanha de vacinação é importante, ainda mais nesse contexto, com as doenças que estamos vivenciando. Esqueça o medo e pense no melhor para o seu filho", completou Cruz.

Havia no Centro de Saúde da Vila Ipê outras crianças dentro da faixa etária alvo, que estavam acompanhando pessoas da família, mas que não se vacinaram. A maioria dos adultos, nesses casos, disse desconhecer que havia a possibilidade para a imunização contra a gripe nas crianças entre seis meses e cinco anos de idade. 

Uma mãe explicou que, mesmo sabendo, esperaria o final de semana para que o filho não precisasse ficar em casa em caso de reação. Outra, alegou que passaria de novo nesta terça-feira (26) no CS para a vacinação. 

A Prefeitura não informou quantas crianças, gestantes e puérperas foram vacinadas segunda (25), primeiro dia de inclusão desses grupos na campanha. Os números devem ser divulgados até sexta-feira. 

Na atualização feita na quarta-feira da semana passada, dia 20, a Administração divulgou que 72.328 idosos haviam ido a alguma unidade de saúde receber o imunizante contra a gripe, índice que a infectologista Raquel Stucchi considera baixo. 

A estimativa da Pasta da Saúde é a de que a população com 60 anos ou mais seja superior a 146,5 mil pessoas em Campinas. Também foram aplicadas 13.653 doses em profissionais da saúde. 

Próximas etapas

Serão mais duas fases de vacinação para grupos prioritários. A partir do dia 9 de maio, se não houver antecipação, a campanha vai incluir os povos indígenas, professores, pessoas com deficiência e pessoas com comorbidades. No dia 16 de maio, os caminhoneiros, trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso, trabalhadores portuários, forças de segurança e salvamento, Forças Armadas, funcionários do sistema prisional, população privada de liberdade e adolescentes e jovens sob medida socioeducativa.

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