Mário dos Santos Sampaio, de 22 anos, foi esfaqueado durante uma discussão pela diferença de R$ 7,00 na conta de um restaurante na cidade litorânea
Estudante e cinco amigos passavam no Guarujá, e, antes da meia-noite foram jantar no restaurante Casa Grande, na Praia da Enseada (Arquivo Pessoal)
O comerciante José Adão Pereira Passos e seu filho Diego Souza Passos foram condenados nesta quinta-feira (22), em julgamento realizado no Guarujá, a 17 e 14 anos de prisão, respectivamente, em regime fechado. Eles foram condenados por homicídio duplamente qualificado e fraude processual. No dia 31 de dezembro de 2012, eles brigaram e assassinaram o turista de Campinas Mário dos Santos Sampaio, então com 22 anos, com três facadas nas costas. O crime ocorreu na churrascaria de José Adão e do filho, na praia da Esneada, no Guarujá. Um garçom teria também se envolvido no crime. Dois dias depois do assassinato, pai e filho foram presos e José Adão disse que não queria matar Mário. “Queria defender meu filho; só queria furar um pouquinho”. A discussão teria começado por uma diferença de R$ 7,00 nos valores a serem pagos. Argumentos Pela manhã e no começo da tarde, acusação e defesa apresentaram os últimos argumentos de suas teses. A defesa pedia que Adão, que confessou dar os golpes de faca na vítima, respondesse por homicídio simples e que a pena de Diego fosse para lesão corporal. Os sete jurados se reuniram, por volta das 15 horas, para dar o veredicto. Por maioria de votos, os membros do júri definiram que os dois réus foram responsáveis pela morte de Mário Sampaio. Além do motivo fútil do crime (a cobrança de R$ 7,00), outro agravante foi o fato de dupla ter dificultado a defesa do ofendido. Eles também foram considerados culpados pelo desaparecimento do equipamento que gravava as imagens do restaurante, que gerou a acusação e condenação por fraude processual. A pena aplicada neste caso é de seis meses, que podem ser cumpridos em meio aberto. Emoção O terceiro e último dia do julgamento, que durou mais de 30 horas, foi marcado pela emoção do público que assistia os trabalhos. “Essa é uma grande tragédia para todos, tanto para as famílias envolvidas quanto para a sociedade”, disse o advogado de defesa, Gilberto Antonio Rodrigues. Enquanto parentes do turista de Campinas choravam, os familiares dos réus demonstravam agonia e ansiedade para saber do destino de pai e filho. As lágrimas foram vistas durante todo o dia. Em alguns momentos, até os jurados eram flagrados secando os olhos. Nem o promotor Fabio Perez Fernandez escapou da emoção. Durante a réplica, ao ler um texto de uma psicanalista sobre a dor da perda de um filho, ele ficou com a voz embargada e chegou a chorar também. Ao final da leitura da sentença, feita pelo juiz Edmilson Rosa dos Santos, o silêncio da sala do Tribunal foi quebrado pelo desabafo da mãe de Sampaio. “Graças a Deus eu vou poder sepultar meu filho”, gritou Maria Helena dos Santos Sampaio, que foi aplaudida por boa parte do público que lotou o local durante três dias. Mesmo considerando a pena aplicada menor do que a desejada, ela se compadece da outra mãe que acompanhou o caso. “Deus abençoe a mãe daquele infeliz. Eu vi o sofrimento dela, que não tem culpa do filho que tem”, conclui Maria Helena. O caso Em 2012, a vítima veio de Campinas com amigos passar o Ano Novo em Guarujá. Na noite do dia 31, o grupo foi a uma churrascaria, na Enseada, que pertencia aos réus. Depois de ter reclamado de uma diferença no preço da conta, Sampaio teria sido agredido por Diego e pelo garçom Robinson de Jesus Lima. Durante a discussão, José Adão deu três facadas nas costas do jovem, que morreu no estabelecimento. Os três envolvidos fugiram, mas se apresentaram à polícia dias depois. Lima também foi denunciado pelo Ministério Público e aguarda julgamento, que ainda não tem data definida. Os outros acusados já estavam presos, desde janeiro de 2013.