Gerôncio Souza é acusado de invadir a Vara Criminal da cidade e ameaçar de morte a escrivã do fórum
O lavrador Gerôncio de Brito Souza, pai de duas das cinco crianças do caso Monte Santo, na Bahia, foi preso segunda-feira (15) acusado de desacato a uma escrivã do fórum da cidade.
De acordo com a Polícia Civil de Monte Santo, ele invadiu a Vara Criminal e agrediu verbalmente a escrivã Célia Maria de Oliveira Santos. Ele ainda teria feito ameaças de morte contra a funcionária pública. Gerôncio, que é pai dos irmãos mais velhos, hoje com 7 e 8 anos, responde a diversos processos criminais, entre eles de roubo e tentativa de estupro.
“Ele foi ao fórum embriagado, ameaçou e desacatou a escrivã, disse que ia matá-la. Queria que ela desse andamento no processo”, disse o investigador Ubirajara Braga. O lavrador foi preso em flagrante pelo delegado Elísio Ramos e transferido para a cadeia de Euclides da Cunha, cidade vizinha a Monte Santo.
Como ele responde a outros processos, não foi possível arbitrar fiança e vai aguardar a decisão da Justiça local. Gerôncio não vê os filhos há cerca de dois meses, desde quando Silvânia deixou a cidade de Monte Santo sem informar seu paradeiro.
“Eles levaram as crianças de volta. Tem mais de dois meses que eu não vejo os meus sobrinhos. Ele (Gerôncio) está bravo porque quer ver os filhos, e a mãe (Silvânia) não quer perder a guarda das crianças e carregou os meninos não sei pra onde. Ela está com medo que tirem os filhos dela”, disse a tia de Gerôncio, Jacira Maria de Matos.
Deputada
O Correio recebeu informações de que as crianças estariam vivendo na cidade de Camaçari, que fica a 320 Km de Monte Santo e a 50 Km de Salvador.
Nesta terça-feira (16), a deputada estadual da Bahia Luiza Costa Maia (PT), confirmou a informação e disse que está auxiliando Silvânia.
“Sou apoiadora do Cedeca (Centro de Defesa à Criança e ao Adolescente) e contribuo com eles todo mês. A advogada do Cedeca me pediu para dar apoio porque a família estava sendo perseguida por uma das mães adotivas”, informou a parlamentar.
A casa onde Silvânia está morando é alugada e as despesas pagas pela deputada. “Fazemos uma vaquinha aqui com as amigas, o pessoal do gabinete. A deputada, que é de Camaçari e já foi vereadora por três mandatos, afirmou que as crianças frequentam a escola e recebem apoio de psicólogos.
Ela disse que uma CPI do tráfico de pessoas deverá ser aberta na Assembleia Legislativa do estado. “Ainda existe muita coisa pra ser explicada nesse caso”.
As cinco crianças conviveram com famílias adotivas de Campinas e Indaiatuba durante um ano e sete meses, que detinham a guarda provisória dos menores. Em dezembro do ano passado, o juiz Luis Roberto Cappio determinou o retorno das crianças à Bahia. Ele está afastado do cargo por suspeita de irregularidades e será julgado hoje pelo Tribunal de Justiça.