Religioso era acusado do crime contra dois ex-coroinhas, quando atuava na paróquia da cidade
O ex-padre Pedro Leandro Ricardo quando ainda cumpria as suas atividades na função, como a de rezar missas: religioso estava afastado desde 2019 (Reprodução/Facebook)
A Justiça de Araras condenou a 21 anos de prisão, em regime fechado, o ex-padre Pedro Leandro Ricardo por crimes de abuso sexual contra menores. A decisão foi do juiz Rafael Pavan de Moraes Filgueira e dada na quinta-feira (19). Pedro Leandro pode recorrer em liberdade.
Foram analisados crimes cometidos entre os anos de 2003 e 2006. Pesam contra o ex-padre a acusação de abuso sexual de dois ex-coroinhas, que atuavam na Paróquia São Francisco de Assis, em Araras.
As denúncias foram feitas pelo Ministério Público (MP) em 2019 e aceitas pela Vara Criminal de Araras, em 2020. De acordo com a promotoria, havia como agravante a posição de autoridade que o ex-padre exercia perante as vítimas.
Alegação
Na decisão, foi alegado que o ex-padre usava da sua condição e escolhia as vítimas com situações familiares desestruturadas, sabendo que não seria questionado ou enfrentado por seus atos.
Pedro Leandro ainda foi acusado de cometer os mesmos crimes contra outras duas crianças. A não condenação nesses dois casos foi porque, à época, toques corporais, mesmo em menores de idade, não eram considerados atentado violento ao pudor e eram classificados como contravenção penal de perturbação da tranquilidade.
Devido à repercussão do caso, neste ano, em 11 de março, Pedro Leandro foi expulso da Igreja Católica pelo Papa Francisco.
“A partir da data de hoje, após a devida notificação, o senhor Pedro Leandro Ricardo não poderá mais exercer, válida e licitamente, o ministério sacerdotal”, disse, na época, o bispo José Roberto Fortes Palau, de Limeira, responsável por emitir o comunicado. De acordo com ele, a decisão foi adotada “para o bem da Igreja”.
Defesa alega inocência
O advogado Paulo Henrique de Moraes Sarmento, que atua na defesa de Pedro Leandro Ricardo, disse que irá recorrer da decisão. Segundo ele, a decisão do juiz não levou em consideração pontos apresentados pela defesa, que incluem 30 testemunhas. O advogado sustenta que o ex-padre é inocente.
“O juiz condenou parcialmente, acho que esse é o primeiro ponto, eram quatro acusações e duas caíram por terra, meras contravenções penais e que foram prescritas. Com relação às duas acusações, nós iremos recorrer. Até porque o juiz de direito não analisou as provas da defesa. Foram mais de 30 testemunhas ouvidas”, defende.
Segundo ele, entre as provas apresentadas pela defesa estão informações que sustentam que o padre não ficava sozinho em casa, sempre com funcionários que alimentavam os cachorros, o que iria contra a acusação de que ele encontrou as vítimas em sua casa e a de que uma das vítimas não comparecia à igreja após o então padre assumir a paróquia. “Ele é inocente”, defende.
Hoje, o padre vive em Americana. A reportagem não conseguiu contato com a defesa das vítimas.