MUNDIAL

Padeiro de Vinhedo mira título mundial

Vinte competidores de várias partes do mundo, farão pães com ingredientes característicos do país

Alenita Ramirez
13/10/2019 às 09:49.
Atualizado em 30/03/2022 às 11:11

Um padeiro de Vinhedo vai representar o Brasil no Campeonato Mundial do Pão, que ocorre entre os dias 19 e 23 deste mês, em Nantes, na França. Fernando de Oliveira, de 38 anos, conquistou a vaga após disputá-la com 11 concorrentes brasileiros, em uma seletiva no ano passado. Serão 20 competidores de vários países, que deverão apresentar mais de 120 tipos de pães com ingredientes característicos de seu país. De acordo com a organizadora do evento, a Ambassadeurs du Pain, a competição tem como proposta construir uma conexão global entre os profissionais de panificação; incentivar a evolução de novas técnicas e os progressos do setor, além de promover ideias inovadoras de gastronomia e incentivar jovens padeiros. “O prêmio em dinheiro não é grande, mas o que vale mesmo é o reconhecimento. O vencedor se torna o melhor padeiro do mundo e isso em termos profissionais é muito importante”, disse Oliveira. Junto com Oliveira, vão para o Mundial Johannes Roos, Embaixador do Pão e técnico de fermentação natural da Puratos, e Lucas Mariano, que atuará como auxiliar técnico de padeiro. Eles têm dez horas para preparar os pães. “É bem puxado e temos uma semana para treinar”, disse Oliveira, frisando que os chineses, japoneses e taiwanêses são os mais fortes concorrentes. “Eles são muito dedicados e disciplinados. Nesses países, o governo incentiva”, acrescentou. A equipe de padeiros será avaliada por um júri composto por profissionais renomados da área de panificação, que avaliarão a diversidade de receitas, apresentação, sabor e regularidade no formato dos pães. Os brasileiros levarão oito tipos de pães do mundo, como baguettes, pães típicos e o pão nutricional, os viennoiserie (folhados), sanduíche feito com o pão nutricional e o pão biológico e brioches com tranças e uma peça artística feita de pão. Todos os participantes do torneio terão 90 minutos de preparo no dia anterior e 8h30 no dia seguinte para realizar todas as receitas. Em 2019, o campeonato terá o tema de esportes. Além dos pães, outro importante critério avaliado no campeonato é a integração de profissionais e aprendizes. Inclusive, haverá um prêmio para o melhor. Cada equipe precisa ter o padeiro profissional e um assistente, com no máximo 22 anos, para estimular a troca de conhecimentos, visando o futuro da panificação. Carreira Fernando de Oliveira tem uma carreira marcada pela luta e também pelas oportunidades. De família humilde, o padeiro, confeiteiro e hoje empresário começou no batente cedo, aos 13 anos. Filho da auxiliar de produção Nadir de Oliveira, de 66 anos, o caçula de quatro irmãos aprendeu a arte de preparar salgados e pães ainda criança, observando a mãe. Aos seis anos, ficou órfão de pai e para reforçar o orçamento de casa, dona Nair, que trabalhava em uma empresa, teve que fazer salgados e pães para vender. Louco para comer as delícias preparadas, Fernando fazia questão de esperar a mãe. “Eu observava tudo o que ela fazia e, ao final, ela sempre me dava alguma coisa para comer”, contou. Aos 13 anos, diante da necessidade da família, ele se viu obrigado a trabalhar. Nessa época surgiu uma vaga de auxiliar geral na padaria em que a irmã mais velha trabalhava e foi lá onde começou sua carreira de padeiro. Assistente de um padeiro “folgado”, como descreve brincando, ele aprendeu a arte de fazer pão e, aos 14 anos, virou o padeiro oficial da padaria. “Quando a gente é jovem, aprende muito rápido. Como ajudava o padeiro, aprendi as receitas. Um dia ele faltou e não tinha ninguém. Nosso patrão ficou desesperado. Então falei que poderia fazer os pães. A princípio o dono estranhou, mas se vendo sem saída, me deixou. Enfim, o pessoal gostou dos pães e o padeiro foi demitido”, lembrou. “Passei a ganhar três vezes mais que minha mãe e isso era maravilhoso, pois eu a ajudava muito. Foi um caminho que me ajudou a crescer profissionalmente e em casa”, frisou. Fernando não cursou faculdade e só veio a fazer cursos de especialização quase dez anos depois. Neste período, o padeiro também mudou de emprego e alçou novos voos. “Virou profissão mesmo e passei participar de competições. Criei minhas receitas, inclusive, escrevi dois livros. Há dois anos montei uma escola de padaria e confeitaria. Posso dizer que Deus me ajudou muito e sou eternamente grato a Ele”, disse. Esta será a terceira competição sobre pães que ele participa. Ele embarcou para a França ontem. Dia do pão é comemorado em outubro Em 2000, a União Internacional de Padeiros e Afins instituiu 16 de outubro como o Dia Mundial do Pão para celebrar esse alimento essencial. O pão é o alimento mais popular do mundo, estando presente nas várias refeições. O primeiro registro do pão fermentado data de aproximadamente 4 mil anos antes de Cristo, quando os egípcios realizaram a fermentação de uma massa de trigo. O pão era o alimento do povo. Os egípcios amassavam o pão com os pés, utilizando espécies de trigo de qualidade inferior. O trigo de qualidade superior estava reservado para os ricos. 

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