EPIDEMIA

Pacientes peregrinam atrás de atendimentos nos hospitais

Aumento da demanda faz com que pacientes busquem opções 'quase sempre sem sucesso'

Sarah Brito/AAN
faleconosco@rac.com.br
10/04/2014 às 05:00.
Atualizado em 27/04/2022 às 01:36

Diante de unidades de saúde públicas e privadas superlotadas, além da longa espera por atendimento devido à epidemia de dengue que tomou a cidade de Campinas, os pacientes têm feito uma “peregrinação” na tentativa de receber acolhimento mais rápido. O caos vivido na saúde também gerou a migração da população com sintomas de dengue para cidades da região. Hospitais de Valinhos têm recebido pacientes de Campinas, Vinhedo e Hortolândia.A operadora de telemarketing Deonice Batista, de 32 anos, esperava atendimento havia uma hora nesta quarta-feira (9), na Casa de Saúde, no Centro de Campinas, com o filho. Os dois estavam com sintomas de dengue — febre alta, dor no corpo e de cabeça. Segundo ela, esteve em outros dois hospitais durante o dia, mas desistiu pela demora no atendimento. “Não tinha pediatra nos outros hospitais. E olha que eu tenho convênio. Meu filho está queimando de febre. É uma verdadeira peregrinação”, disse. A média de espera para passar pela triagem era de duas horas.A empresária Fernanda Rodrigues, de 27 anos, também já havia tentado se consultar em outro hospital, sem sucesso, e procurou a Casa de Saúde ontem. Novamente, desistiu do tratamento. Segundo ela, ficou quatro horas na espera, e quando foi acolhida e tomava soro, precisou ser retirada da maca, por causa da alta demanda. “Me pediram para esperar lá fora. É precário, pior que o público. Desisti e vou procurar outro hospital”, disse.Quem decide insistir acaba enfrentando uma longa espera. A costureira Fabiane Bressane, de 29 anos, procurou o Hospital Municipal Dr. Mário Gatti por volta das 7h. Às 15h, esperava o resultado do exame, feito uma hora antes. A expectativa: mais quatro horas. O exame era feito para acompanhar a evolução da dengue.Nesta quarta-feira (9), os hospitais públicos Mário Gatti e Complexo Hospitalar Ouro Verde mantinham o cenário de lotação e espera de pacientes. O volume médio de atendimento aumentou 40% na última semana em ambos hospitais. Geralmente, são 500 pessoas no pronto-socorro adulto do Mário Gatti e 600 no Ouro Verde. Com a epidemia da dengue, o número chegou a 800 em ambos. Do total de atendidos, 40% têm suspeita de dengue.O Hospital Celso Pierro, da PUC-Campinas, manteve nesta quarta, pelo terceiro dia consecutivo, a restrição de atendimento por atuar acima de sua capacidade instalada, de 20 leitos. O hospital continuava superlotado: eram 32 pacientes no pronto-socorro adulto. No neonatal, 16. A média de espera na classificação verde — casos considerados pouco urgentes em que o paciente não corre risco se esperar — era de quatro horas. Já a azul — não urgente de menor complexidade — podia chegar a 12 horas.O hospital chegou a ter, no último domingo (6), espera de até 18h. O hospital informou, por meio de assessoria de imprensa, que 50% dos casos atendidos são de suspeitas de dengue. VenenoNesta quarta, a nebulização das ruas — feita por dois caminhões — começou nos bairros Itajaí e Santa Rosa. A ação será feita das 18h às 22h, pois o veneno é fotodegradável e perde a validade quando exposto ao sol. Durante a nebulização, cada máquina atinge 2 mil imóveis por período.A força-tarefa não conta ainda com apoio do Exército, que começaria nesta quarta, como foi informado na última quinta-feira (3). Cem soldados que fariam a selagem das caixas d’água ainda não fizeram o treinamento, que deve ocorrer somente na próxima segunda-feira (14). Na terça-feira (15) é esperado que os homens comecem a ir para as ruas.

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