CAMPINAS

Pacientes atestam falta de remédios em postinho

Usuárias de Centro de Saúde fazem pesquisa e constatam falta de 20 medicamentos

Cecília Polycarpo
17/09/2013 às 21:44.
Atualizado em 25/04/2022 às 02:41
Usuários passaram o dia na farmácia da unidade para verificar o que faltava (Gustavo Tillio/Especial para AAN)

Usuários passaram o dia na farmácia da unidade para verificar o que faltava (Gustavo Tillio/Especial para AAN)

Cansadas de verem pacientes do Centro de Saúde (CS) São Cristóvão, no Jardim Adhemar de Barros, em Campinas, saírem da unidade sem os remédios necessários, usuárias fizeram por conta própria uma lista com os medicamentos que faltam no posto. A “pesquisa”, feita na última segunda-feira (16) por um grupo de cinco mulheres, concluiu que o CS não possuiu pelo menos 20 dos fármacos mais requisitados. Para chegar à lista, elas ficaram de plantão na unidade para anotar o remédio em falta quando algum usuário tinha resposta negativa no balcão da unidade. A inciativa surgiu depois de a autônoma Ivonete Azevedo Bortolozzo, de 42 anos, presenciar uma cena de tensão dentro do CS. Revoltado pela unidade não possuir certo medicamento, um usuário agrediu verbalmente uma das funcionárias da farmácia. De acordo com Ivonete, diversos médicos competentes já deixaram a unidade por causa de episódios parecidos. “Fizemos a lista para cobrar da Secretaria de Saúde de Campinas os remédios. Os profissionais que trabalham no posto não têm culpa da escassez de recursos”, disse. A lista inclui remédios básicos, como o anti-inflamatório ácido acetilsalicílico (AAS) e o antibiótico azitromicina. Lucinha Lima, de 40 anos, ajudou a fazer a lista porque vai praticamente todos os dias ao local. A mãe, que teve um acidente vascular cerebral (AVC) há 4 meses, segundo ela, precisa tomar 25 comprimidos por dia. “Eu sei como o posto é carente de remédios. Quando não encontro tudo que preciso aqui, recorro a outros CS da região. Tenho muito mais trabalho, porque moro ao lado do São Cristóvão”, disse. Nesta terça-feira (17), o aposentado João Batista Alves Pereira, de 56 anos, foi até o local para pegar um remédio de diabetes, mas não conseguiu. “Eu geralmente pegava aqui, mas agora não consigo mais. Tenho que ficar caçando vários postos de saúde”, disse. Funcionários do posto disseram que a população do bairro cobra que a lista de medicamentos que estão em falta seja fixada em local visível no CS, mas não podem tomar a iniciativa sem o aval da Secretaria de Saúde. Precariedade Além da falta de remédios, a unidade sofre com estrutura predial precária e falta de segurança. Teto e paredes têm mofo e rachaduras. Nesta terça-feira, com a chuva, o posto estava repleto de baldes pelo chão. De acordo com funcionários, quando a tempestade é forte, alguns setores precisam ser isolados. O CS é ainda local frequente de episódios de violência contra médicos e atendentes. Há cerca de três semanas, um médico teve que se esconder de um paciente armado que o ameaçou de morte. Por isso, no último dia 10, os profissionais fizeram um protesto pedindo paz, com distribuição de flores brancas à população. Na ocasião, a Secretaria de Saúde se comprometeu em mandar técnicos para avaliar a estrutura e segurança do posto, o que ainda não ocorreu.

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