PANDEMIA

Outono instala crise por leitos pediátricos em hospitais

Outono instala crise por leitos pediátricos em hospitais

Rodrigo Piomonte/ Correio Popular
rodrigo.piomonte@rac.com.br
02/04/2021 às 12:10.
Atualizado em 22/03/2022 às 02:26

O motorista de aplicativo Elvis Magalhães (em pé) segura no colo o seu filho, Bryan, de um ano, que está com febre, coriza e tosse: aguardando atendimento no Mário Gatti (Diogo Zacarias/ Correio Popular)

Se não bastasse a falta de leitos para os pacientes adultos acometidos pela covid-19 nos hospitais de Campinas, a chegada do outono coloca em xeque agora o atendimento infantil para a rede de saúde da cidade. Com a incidência das doenças respiratórias típicas da nova estação muitas crianças são acometidas e passam a precisar de atendimentos, e muitas de internação, em alguns casos, de até duas semanas.

No entanto, com os leitos de enfermaria e Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ocupados com as demandas covid-19, a rede de saúde pediátrica já sente a pressão. A própria direção do Hospital Mário Gatti se mostra atenta ao represamento no atendimento das crianças que começam a se formar nos Prontos-Socorros Infantis.

Segundo informou o diretor técnico do Hospital Mário Gatti, Carlos Henrique Mamud Arca, durante o fórum on-line da classe médica realizado nesta semana na Sociedade de Medicina Cirúrgica de Campinas (SMCC), "estamos vendo isso este ano", relata.

A situação da UTI pediátrica na Rede Mário Gatti se mantém com nível alto de ocupação. E a preocupação com o excesso de crianças no atendimento do Pronto-Socorro Infantil é uma realidade. Uma situação que, conforme o próprio diretor, não ocorreu no ano passado em relação à pediatria.

"Nós temos 100% de ocupação da UTI e da enfermaria pediátrica, também já represando crianças no Pronto-Socorro Infantil, ou seja, coisa que nós não vimos no ano passado em relação à pediatria, estamos vendo este ano", compara.

Um dos motivos da pressão já estar sendo sentida pode estar associada com os remanejamentos realizados nos leitos, até então disponíveis para enfermaria e UTIs pediátricas, que acabaram dando espaço para a criação de leitos de enfermaria e UTIs para tratamento covid-19 adultos.

A própria Rede Mário Gatti, que engloba os hospitais Ouro Verde e Mário Gatti, realizou ajustes nas suas estruturas de leitos. O Hospital Estadual de Sumaré, que funciona por meio de um convênio entre Secretaria de Estado de Saúde e Unicamp, teve inclusive leitos pediátricos fechados para atendimentos a outras demandas.

Alta demanda

Para se ter uma ideia do problema que pode estar por vir, somente neste ano, de janeiro a março, a Prefeitura informou que as internações de crianças de zero a nove anos de idade vítimas de Síndrome Respiratória Aguda Grave chegaram a quase 300. Foram 129 no mês de fevereiro, 85 em março e 81 em janeiro. A Síndrome Respiratória Aguda Grave é causada por várias doenças, inclusive a covid-19.

O motorista de aplicativo, Elvis Magalhães, de 34 anos, é um exemplo dessa nova demanda na porta dos Prontos Socorros da Rede Mário Gatti. Ele esteve anteontem no pronto atendimento pediátrico do Hospital Mário Gatti buscando assistência para o filho, Bryan, de um ano.

"Meu filho começou a ter febre, coriza no nariz e tosse. Ficamos com medo e trouxemos para o hospital. Ele foi atendido e vamos aguardar os remédios que foram receitados. Mas estou muito preocupado", disse o pai. A situação do menino Bryan deve começar a se multiplicar mesmo com as medidas de isolamento, aponta a médica pediátrica Susana Carneiro Medeiros.

Segundo a médica, que atende em hospital privado e também na rede pública, já é perceptível o aumento de crianças infectadas por problemas respiratórios dando entrada em pronto atendimentos e se encaminhando para os leitos pediátricos.

A especialista explica que, quando uma criança chega para atendimento com sintomas de infecção respiratória, nesse período do ano, há chance dela precisar de internação. "Nessa época do ano os casos de bronquiolites começam a lotar as enfermarias. São crianças com quatro anos de idade, e que são imunologicamente deprimidas, ou seja, não tem o sistema imunológico completamente maduro. Elas pegam infecções gravíssimas", completa.

Segundo ela, a bronquiolite é uma infecção também provocada por um vírus e não tem cura. Dependendo, então, da recuperação do paciente. "A doença acomete os pulmões da criança de forma similar a covid-19 e as internações são longas", destaca.

Na rede pública, a Prefeitura informou por meio de assessoria de imprensa, que todas as crianças que precisam de atendimento estão sendo assistidas em leitos, porém, a ocupação está perto de 100%.

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