Correio voltou ao PS e cena era parecida: calor, falta de água e muita demora para atendimento
Pacientes demonstram abatimento e desolação por conta da longa espera no Pronto Socorro do Ouro Verde: na segunda-feira, ânimos se exaltaram e a Guarda Municipal foi acionada (Henrique Hein)
Pacientes seguem encontrando dificuldades para serem atendidos no serviço de Pronto Socorro do Hospital Ouro Verde, em Campinas. Pela segunda vez seguida, eles relataram que as filas de espera continuam caóticas. Teve gente que passou a noite no local e só foi atendido depois das 7h do dia seguinte. Além da demora no atendimento, a reportagem ainda constatou ontem que o bebedouro quase não liberava água pelo bico e que não haviam copos descartáveis para uso. Além disso, o banheiro, tanto feminino quando masculino, apresentavam marcas da cor marrom por toda a extensão do piso e papéis higiênicos jogados no chão. Não havia ventilador ou ar-condicionado no local. Itens como Wi-fi, por exemplo, que poderiam servir de distração para os pacientes, não estavam funcionando; o que havia era apenas uma pequena televisão ligada no mudo. A dona de casa, Débora Torres, de 21 anos, conta que chegou ao pronto socorro sentido dores no corpo e na cabeça. Ela afirma que, entre chegada e saída, foram mais de sete horas passadas dentro do hospital. “Eu passei o dia aqui. Eram 9h30 quando eu cheguei e, depois disso, eu continuei esperando. Passei pela triagem e só fui chamada para tomar soro depois das 13h30. Pensei, agora vai, mas só colocaram o soro em mim duas horas depois (15h30). Nesse meio tempo, eu quase desmaiei de tanta dor que eu tava sentindo.”, disse. O motorista Igor Felipe Bastos, de 21 anos, chegou no hospital na segunda-feira às 23h e passou a noite no local. “Eu só fui ser atendido depois das 7h, mas os enfermeiros não coletaram direito o meu sangue e eu tive que esperar tudo de novo para tirá-lo novamente. São mais de 16h agora e eu ainda estou aguardando um exame de ultrassom. Não faço ideia de que horas vou voltar para casa hoje.”, explicou. Já a dona de casa Rosana Ruiz, de 50 anos, disse que aguardar na fila de espera do Ouro Verde é um verdadeiro teste de sobrevivência humana. “Há uns três anos isso aqui era uma maravilha. Hoje está uma zona. A gente espera na sala e passa um calor horrível. Não tem ventilador e nem água direito para a gente beber” , relata a paciente. De acordo com ela, o serviço de internação também deixa a desejar. “A minha mãe está internada no hospital há 11 dias. Ela não tem acesso ao material, porque estão em falta. Eu e minha irmã tivemos que trazer roupa, lençol, travesseiro, fronha e tudo que você puder imaginar. Além disso, ainda faltam enfermeiros, atendentes e profissionais.", criticou a dona de casa. O interventor do Hospital Ouro Verde, Marcos Pimenta, foi procurado para comentar a situação. Ele disse que o complexo está tomando as medidas necessárias de modo a evitar novos tumultos. “Já estamos verificando o que aconteceu, sobretudo ontem (segunda-feira), que realmente foi uma situação atípica. O que queremos é que esse tipo de situação não volte a acontecer. Hoje (terça-feira) de manhã, acionei a nossa própria equipe de limpeza e de manutenção dos equipamentos para averiguar a situação dos banheiros e dos bebedouros. Com relação à falta de kits (na internação), eu não fui informado sobre isso ainda, porque a princípio não era para ter nenhum problema, já que temos uma empresa contratada e que presta esse serviço para nós. Vou chegar isso” , ressaltou Pimenta. Na última segunda-feira, por volta das 19h20, os pacientes perderam a paciência com a demora de mais de sete horas no atendimento e começaram a bater na porta que dava acesso à sala de um dos médicos, com o objetivo de cobrar explicações. O médico teria informado que estava atendendo as pessoas que chegaram no local ao meio-dia. Segundo os pacientes, a recepção chamou a Guarda Municipal, depois de que um princípio de confusão começou a acontecer.