COMPROMISSO AMBIENTAL

Oscip desenvolve projetos para preservação da biodiversidade

Foco dos trabalhos é a Área de Proteção Ambiental localizada entre os rios Atibaia e Jaguari e Ribeirão achoeira, no Distrito de Sousas

Da Redação
25/12/2022 às 11:15.
Atualizado em 16/03/2023 às 13:21
Atividades agroflorestais são o modelo ideal para a ocupação das chácaras de lazer do Loteamento rural Colinas do Atibaia que se encontra na envoltória da Mata Ribeirão Cachoeira (Gustavo Tilio)

Atividades agroflorestais são o modelo ideal para a ocupação das chácaras de lazer do Loteamento rural Colinas do Atibaia que se encontra na envoltória da Mata Ribeirão Cachoeira (Gustavo Tilio)

Em um movimento de percepção da necessidade de preservação do entorno onde vivem, no distrito do Sousas em Campinas, moradores de um condomínio rural montaram uma comissão de meio ambiente com o intuito de monitorar a área. A iniciativa evoluiu mais tarde para a APAVIVA, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), entidade que atua, através dos conselhos municipais e da mobilização e participação social, na construção de políticas públicas sustentáveis, lutando pela floresta em pé e pela preservação da água limpa.

A APAVIVA foi criada a partir da necessidade de desenvolver projetos para a preservação da Área de Proteção Ambiental – APA de Campinas – e garantir o cumprimento da lei, assim como dar apoio técnico-administrativo para o Conselho Gestor da APA de Campinas (Congeapa). Desde então, a APAVIVA e o Congeapa caminharam, juntos, em defesa do meio ambiente. Em 2015, numa iniciativa conjunta entre voluntários APAVIVA, técnicos da Prefeitura e membros do Congeapa, desenvolvemos o Plano de Manejo da APA, mais um instrumento legal garantidor da conservação do zoneamento ambiental do território. Desde sua fundação, a APAVIVA é porta-voz da defesa aos recursos naturais da APA. 

“Desmatamento para instalação de loteamentos e de barragens que estão assoreando os nossos rios e nascentes, são pauta do Conselho Municipal do Meio Ambiente ( Comdema) e Congeapa, onde representamos o terceiro setor e estamos como conselheiros titular.  Notificações ao Ministério Público, Cetesb , etc. mantêm a equipe ativista da APAVIVA mobilizada para diminuir o impacto negativo das obras que avançam para cima das poucas áreas verdes que restaram no município,” afirma Ângela Podolsky, presidente e fundadora da APAVIVA. 

Ela conta que se interessou por trabalhar com educação e conscientização ambiental quando foi morar ao lado da segundo maior e mais importante floresta de Campinas - a Mata Ribeirão Cachoeira (MRC), na zona rural de Sousas - e percebeu a riqueza da biodiversidade local. “Pesquisadores de diversas universidades buscam a Mata Ribeirão Cachoeira para suas teses de mestrado e doutorado”, detalha.

Para ela, a pauta ambiental é urgente. “A prioridade é manter preservados os remanescentes florestais nativos que sobraram em pé e reflorestar as áreas prioritárias para a restauração. Mas se tivermos de escolher entre uma e outra ação, frear o desmatamento faz mais sentido. Eu gosto sempre de frisar que a gente não pode usar a restauração para desviar a atenção da importância da conservação. Um hectare conservado é imensamente mais importante para as questões que a gente tem apontado sobre clima, biodiversidade, etc, do que um hectare restaurado no mesmo bioma e nas mesmas condições.” 

“Os munícipes precisam ter consciência de que a água não nasce da torneira. Praticamente toda a água que abastece Campinas, perto de 95%, vem do Rio Atibaia. E, para que essa água continue existindo e abastecendo a cidade, a conservação dos mananciais e das florestas da APA é fundamental. Em 2021, impedimos que um patrimônio sociocultural e natural fosse alagado dentro da APA Campinas. Depois de muita luta e mobilização da comunidade, conseguimos comprovar que a barragem proposta em Sousas não traria benefícios aos cidadãos e fortaleceria apenas a especulação imobiliária da APA de Campinas”, acrescenta. 

De acordo com Ângela, a APAVIVA atua também em conjunto com outros grupos ambientais para preservação e conexão de outros 54 fragmentos de mata nativa, localizados na APA de Campinas e tombados pelo município.  “Eles precisam estar integrados por muitos motivos, principalmente para que os animais possam transitar com segurança, por meio de corredores ecológicos. Isso permite que realizem, de maneira natural, o tráfego genético de espécies nativas”. 
Agrofloresta e educação ambiental 

Dentro das atividades da APAVIVA, está a transformação da sede num modelo de SAF – Sistema Agroflorestal aberto à visitação: “Através de visitas monitoradas, apresentamos os projetos da Oscip, esclarecemos sobre o que é permitido e proibido na lei da APA divulgamos nossas causas. Produzimos no sítio, além de sementes e mudas nativas para reflorestamento, diversos alimentos, como café, mel mandioca, milho, café, e frutas regionais, dentro da floresta”, relata. 

Atividades agroflorestais são o modelo ideal para a ocupação das chácaras de lazer do Loteamento rural Colinas do Atibaia que se encontra na envoltória da Mata Ribeirão Cachoeira. Atividade de EA realizada pela OSCIP, produziu uma campanha com placas educativas, chamada “Viver aqui é um privilégio que exige responsabilidade.” “É preciso fazer com que a comunidade entenda que é possível morar, ter desenvolvimento econômica com atividades compatíveis com uma área de preservação ambiental”, complementa a ambientalista.

Para Andrea Santanna, moradora local, consumir produtos como mel, café, hortaliças e frutas da estação diretamente do projeto fez com que ela se aproximasse e se tornasse voluntária no APAVIVA. “Sou uma pessoa envolvida com as questões ambientais, sustentabilidade e preservação do meio. Isso foi motivador para que me sentisse atraída e entrasse de cabeça no projeto e tudo o que estiver ligado a ele”, diz. Ela percebe a Oscip como algo ousado e necessário. “Sei o quanto é difícil mudar mentes e movimentar ações como as realizadas pelo projeto. Precisa de luta e determinação”, complementa.

Cid Manicardi é outro morador local que se envolveu ao projeto. “Conheço a Ângela tem alguns anos e acompanho o trabalho dela. Somos afinados na busca da proteção da Mata Ribeirão Cachoeira e na revitalização das áreas degradadas. Atualmente, meu envolvimento tem sido focado no desenvolvimento do sítio Flor da Lua, como um laboratório de experimentos de agricultura regenerativa, com foco na produção de alimentos e inclusão social”, conta ele. 

Os ‘Semeadores de Floresta’  é outro dos programas desenvolvidos pela APAVIVA. Em parceria com o Núcleo PCJ do Fórum Popular da Natureza, tem como objetivo a mobilização social para realizar o plantio de mudas nativas em áreas da APP. É um movimento multiplicador e de educação ambiental que busca conscientizar os proprietários das terras privadas da APA a reflorestar as áreas apontadas como prioritárias para a restauração.

“Reflorestadores Voluntários é um movimento com o qual celebraremos um novo ano mediante a integração das entidades ambientalistas presentes, a ampliação do diálogo e o plantio de cerca de 200 mudas. Fazemos essa ação anualmente em dezembro, época das chuvas. O encontro acontece na sede da APAVIVA de onde voluntários partem com suas próprias ferramentais e com as mudas cedidas pelo Viveiro das Nativas”, conta Ângela, presidente da Oscip. Além de fomentar a restauração florestal, o projeto busca fortalecer a rede de entidades ambientalistas.

Desde a sua criação, a APAVIVA atua incentivando reflorestamentos. Na aproximação entre os proprietários rurais e os programas públicos, já reflorestamos cerca de 10 hectares de corredores ecológicos na envoltória da MRC. É possível restaurar de graça desde que o dono da terra faça adesão a esses programas. O corpo a corpo é necessário para que esses donos de fazenda entendam que não perdem e, sim, ganham quando cuidam de suas matas e nascentes. A floresta em pé pode ser lucrativa. De acordo com informações da entidade, pelo menos de 50% das APPs - áreas de preservação permanente da APA de Campinas - estão degradadas. “Daí a necessidade da adesão dos fazendeiros a esses programas”, esclarece Ângela.

A APA de Campinas, observa a ambientalista, possui apenas 30% do seu território com cobertura de vegetação nativa. Os reflorestamentos são fundamentais para o equilíbrio ecológico, oferecendo proteção para as águas e o solo, reduzindo o assoreamento de rios, lagos e represas. Formam, além disso, corredores que contribuem para a conservação da biodiversidade; fornecem alimento e abrigo para a fauna; constituem barreiras naturais contra a disseminação de pragas e doenças da agricultura; e, durante seu crescimento, absorvem e fixam dióxido de carbono, um dos principais gases responsáveis pelas mudanças climáticas que afetam o planeta.

Mata Ribeirão Cachoeira

Promover a mata Ribeirão Cachoeira em uma Unidade de Conservação de proteção integral Refúgio da Vida Silvestre (Revis) é um dos objetivos da Oscip. Como na Mata Santa Genebra, para sua conservação, são necessários recursos. Recursos tanto para manutenção do fragmento - como aceiros e controle de espécies invasoras - como para ampliar a consciência ambiental. “Com isso, podemos garantir esse patrimônio natural para as próximas gerações. Em 2020, um incêndio florestal atingiu a Mata RC e graças a ajuda voluntária da Brigada Cachorro do Mato, controlamos o fogo. O fogo destrói em poucos dias arvores que levaram décadas para crescer.”, justifica Ângela.

A Mata RC, considera a presidente da APAVIVA, ligada através do Corredor Macro Ecológico à Mata Santa Genebra irá permitir o fluxo biológico o que garante um ecossistema saudável. Além disso, garante também a água que precisamos para abastecer as cidades da RMC. Isso é de extrema importância, e a população precisa saber disso”, conclui.

O reflorestamento da área da APA contribui para a preservação do solo, da água e da fauna (Divulgação)

O reflorestamento da área da APA contribui para a preservação do solo, da água e da fauna (Divulgação)

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