EDITORIAL

Os feriados inusitados e a coletividade

Do Correio
24/05/2020 às 08:31.
Atualizado em 29/03/2022 às 11:32

O campineiro está ingressando numa semana totalmente atípica. Por conta da pandemia e diante da necessidade de se aumentar os índices de isolamento social, as autoridades paulistas estão adotando medidas que interferem no cotidiano de milhões de pessoas, mudando hábitos, impondo sacrifícios, estrangulando atividades econômicas, privando o lazer, entre outras duras intervenções. Há quem aponte exagero e há quem veja até interesse político, numa hipotética conspiração para desgastar o presidente Jair Bolsonaro, claro defensor da flexibilização e péssimo exemplo de contribuição para o enfrentamento do novo coronavírus por conta, obviamente, de seu histórico de atitudes e discursos, todos na contramão da ciência, da prudência e da sensatez. Neste cenário de extrema gravidade, com o Brasil batendo recordes atrás de recordes e a clara interiorização da pandemia, as atitudes dos cidadãos que moram no Interior passam a ter cada vez mais impacto na curva de infectados. E a região de Campinas não pode permitir um afrouxamento no combate — os índices de reclusão seguem abaixo dos ideais. É por isso que Campinas terá uma semana decisiva com a adoção de três feriados, todos antecipados, a saber: Revolução Constitucionalista de 9 de julho, amanhã, por iniciativa estadual; Corpus Christi (terça-feira) e Consciência Negra (quarta-feira), estes dois últimos a partir de projeto do Executivo, aprovado pela Câmara. Bancos e serviços essenciais estarão abertos, mas a tendência é que haja um maior isolamento e uma circulação menor das pessoas. Este feriadão não deve ser colocado na conta dos atos que menosprezam a economia ou que veem com insensibilidade o drama de empresários que estão vendo ruir os seus negócios. O pacote inusitado e atemporal enquadra-se num contexto de necessária mitigação de casos da Covid-19 e, consequentemente, de mortes. Além disso, as redes de suporte de atendimento intensivo estão, quase todas, em seu limite. Na Capital, os hospitais públicos caminham para o colapso. Na última quinta-feira, reportagem do Correio mostrou que os leitos de UTI haviam atingido taxa de 75% de ocupação, próximo do índice considerado crítico, de 80%. Não há, portanto, solução mágica para o enfrentamento do vírus. Nem medida que agrade a todos. O momento é de levar ao extremo a capacidade de resiliência e de compreensão dos fatos que falam por si. E também de comportar-se com a cartilha da cidadania. O confinamento salva vidas.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por