Conselheiros contrários afirmam que novo presidente seria um "braço" do governo na instituição
Conselheiros contrários à condução do ex-vereador do PSB Sebá Torres ao cargo de presidente do Conselho Gestor da Área de Proteção Ambiental (Congeapa) esvaziaram na terça-feira (29) a reunião que marcou a posse do pessebista. Eles afirmam que a presença de Sebá interfere diretamente nos trabalhos, pois o político, que atua na Sanasa, seria um “braço” do governo municipal dentro do Conselho, o que poderia beneficiar as deliberações em favor da Prefeitura ou de grupos específicos da sociedade civil.Diferentemente de outras reuniões que já terminaram em bate-boca e agressões físicas entre grupos contrários, o encontro de ontem foi tranquilo. O atual presidente do Congeapa e o secretário do Verde de Campinas, Rogério Menezes, que também participou da reunião, negaram que haja qualquer tipo de manobra política dentro dos conselhos municipais.“Não estamos agindo contra o Sebá, mas pela legalidade. Ele está de forma equivocada na presidência. Ele é oriundo de um grupo que tem outros interesses e prejudica o andamento do Conselho”, disse José Luis Müller, conselheiro que representa o Instituto Jequitibá. “A nossa briga é por melhor organização do Congeapa e que todos os outros Conselhos funcionem como instâncias de controle.” Para Müller, a presença maciça de representantes do poder público não permite que os órgãos cumpram o papel de controladores. “O Congeapa tem um histórico de alternância do poder. Os governos, desde 2004, sempre colocaram as pessoas que travam o trabalho, não permitem o diálogo. O governo faz o que quer e perdemos a cultura do controle.”Contrários à nova presidência, um grupo de oito conselheiros procurou o Ministério Público e protocolou pedido de novas eleições. “Este grupo que está na presidência está ilegal. É preciso determinar novas eleições”, disse Müller.Para o conselheiro, o perfil dos conselhos tem de ser alterado, seguindo orientação da Controladoria Geral da União (CGU), que prevê participação de 60% da sociedade civil, 30% do governo e 10% de representantes de outros conselhos. “Aqui o governo é a maior parte. Tem conselheiros que são de instituições, têm voto, mas são funcionários da Prefeitura. Isso é uma imoralidade”, afirmou. Poder públicoO secretário do Verde e Desenvolvimento Sustentável Rogério Menezes, que participa das reuniões, disse que as afirmações que os conselhos favorecem o governo não procedem. “Existe muito folclore, coisas que não se confirmam após uma reunião como essa de hoje (ontem), que ocorreu dentro da normalidade. Existe uma vontade enorme do governo em participar das discussões. O poder público está ouvindo e interagindo. Esse grupo contrário tem dificuldade em aceitar a derrota”, avaliou.No começo do ano, o Congeapa passou por eleição regimental e elegeu Jansle Vieira Rocha, que renunciou ao cargo em setembro. O Conselho chamou novo pleito e Sebá saiu vitorioso pela maioria dos votos.O atual presidente do Conselho refutou as afirmações do grupo contrário. “Eu discordo do posicionamento. Qual a história de trabalho desse pessoal no Congeapa? Eu já estava lá desde 1997, brigando pela APA. Ele só tumultuam. Hoje (ontem) eles não estão aqui e o trabalho foi muito produtivo. Não entendo quando dizem que o governo interfere. Estão muito no discurso, mas a população precisa de prática”, disse.