Beco do Mokarzel no Distrito de Sousas é uma das áreas de Campinas que enfrenta problema com alagamentos (Kamá Ribeiro)
Balanço da Operação Verão 2022-2023 divulgado pela Defesa Civil estadual revela que a Região Administrativa (RA) de Campinas foi a que teve mais municípios afetados pelas chuvas no Estado de São Paulo. Foram 42 cidades, das 90 que compõem a RA, com registros como alagamentos, deslizamentos e enchentes. São 11 municípios a mais que o registrado na operação anterior (2021-2022).
Além de liderar na quantidade de municípios afetados, a RA ocupou a segunda posição no número de pessoas feridas, desabrigadas e desalojadas.
Socorro ficou devastada após uma chuva de 116 mm em três horas. O município registrou alagamentos e deslizamentos de terra. Em Campinas, o número de ocorrências também subiu, saltando de 1.776 para 3.233. Para o diretor da Defesa Civil da metrópole, Sidnei Furtado, a Operação foi de longe uma das mais agressivas.
Em relação aos números que consolidam a RA como a segunda colocada em vários indicadores, se destaca, por exemplo, os registros de feridos. Saltou de dois para 14 no levantamento entre as Operações Verão. No Estado, a RA que liderou foi a do Vale do Paraíba, com 33 feridos e compreende o Litoral Norte, atingido pelo temporal mais forte já registrado na história do País - com 682 mm em 24 horas.
Já o número de desabrigados saltou de 51 para 799 na RA de Campinas atrás da referente ao Vale do Paraíba, que registrou 1.863.
O número de desalojados ficou em 4.546, ante 142 do período anterior. Índice menor apenas que o registrado em Guarulhos, na Região da Grande São Paulo, que foi de 6.518. Para a Defesa Civil, considera-se desalojada a pessoa que foi obrigada ao abandono temporário ou definitivo de sua habitação, em função de evacuações preventivas. Já desabrigado é a pessoa cuja habitação foi afetada por dano ou ameaça de dano e que necessita de abrigo provido pelo governo.
Em relação a óbitos, a RA de Campinas registrou dois, um na metrópole e um em Indaiatuba. As mortes foram do jovem Guilherme da Silva de Oliveira, de 36 anos, que teve o carro atingido por uma árvore na Rua General Marcondes Salgado, em 28 de dezembro do ano passado, e de Marcelo Luiz Fonseca, de 41 anos, atingido por um raio no Jardim Carlos Aldrovandi. A Defesa Civil não considerou, no âmbito da Operação Verão, a morte de Isabela Tiburcio Fermino, de 9 anos, atingida por uma árvore na Lagoa do Taquaral no dia 24 de janeiro.
Para o diretor da Defesa Civil em Campinas, Sidnei Furtado, essa operação foi uma das mais difíceis dos últimos anos. “Nós não paramos, não pudemos tirar férias e ainda não estamos podendo. O volume de chuvas foi absurdamente grande. O maior problema é em relação a quantidade de água, foram temporais seguidos, que não davam tempo para uma recuperação do solo”, disse.
Dos 3.233 registros, lideram os alagamentos, com 555 atendimentos, sendo 126 em imóvel regularizado e 429 em habitações.
Os técnicos da Defesa Civil realizaram 172 vistorias preventivas em áreas consideradas de risco. Nos meses da operação, o telefone 199 recebeu 14.548 ligações da população. “Foi uma operação, em termos de agressividade, muito impactante. Um período extremamente atípico. Claro que houve uma influência do La Niña, - fenômeno natural que consiste na diminuição da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico Tropical Central e Oriental -, mas isso deve ser cada vez mais comum” alerta Furtado.
Campinas deve ganhar um radar de emergência, que disparará alarmes em tempo real conforme o risco para cada região da cidade. O equipamento será instalado pela Defesa Civil em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no entanto, só estará em operação no próximo ano.