CAMPINAS

Operação muda cenário no entorno da Catedral

Comerciantes e frequentadores comemoram: ao invés de papelões e sujeira, calçadas limpas

Inaê Miranda
17/11/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 14:34

No lugar dos cobertores, dos papelões e da sujeira deixada ao amanhecer — e mesmo ao longo do dia — sob as marquises das lojas, dos bancos e no entorno da Catedral Metropolitana de Campinas, pessoas circulando livremente e as calçadas limpas. O forte mau cheiro de urina e de fezes que obrigava os comerciantes a lavarem as portas de seus comércios praticamente todas as manhãs também já diminuiu. Em vez de moradores de rua e usuários de drogas, a presença ostensiva de agentes da Guarda Municipal patrulhando a região a pé ou de carro, por meio da Operação Centro Seguro, iniciada há quase dois meses.A mudança foi aprovada pela população, pelos trabalhadores e comerciantes da região central, que sofriam com o aspecto de degradação e com a sensação de insegurança. As irmãs Meire Moraes e Daniele Fernanda Miranda, que sempre vão ao Centro, notaram a mudança na manhã de ontem. “Esse horário aqui antes era lotado de morador de rua. Faz mais ou menos um mês que não os vejo aqui”, disse Daniele. “Não sei se foi por força policial, mas melhorou bastante o aspecto e dá mais sensação de segurança, porque embora nem todos tenham o hábito de roubar, alguns faziam isso até mesmo pelo vício em drogas”, disse Meire.Vendedores de uma loja do Centro, em frente à Catedral, há mais de cinco anos, Aparecida Ciorlin Carvalho e Francisco Vieira afirmam que a mudança no aspecto do local melhorou — inclusive as vendas. “O grupo que vivia por aqui era misturado. Tinha desde morador de rua, que não tem condição de viver em um local melhor, até usuários de droga e criminosos. Isso trazia insegurança para as pessoas que vêm e vão. Para os comerciantes eles não faziam nada, no sentido de roubo ou destruição, mas a simples presença deles aqui inibia os clientes de entrar na loja”, afirmou Aparecida.Em menos de meia hora, na manhã da última sexta-feira, pelo menso cinco duplas de guardas municipais e policiais militares foram vistos circulando de carro ou a pé no entorno da Praça Rui Barbosa e da Catedral. Os andarilhos ou moradores de rua que se arriscavam a parar no local eram convidados a circular. “Eles pegam no pé. Falam que a gente não pode ficar aqui, mas eu gosto de viver na rua passeando”, afirmou o servente de pedreiro Alessandro Cardoso, de 24 anos, que veio de Valparaíso (SP) há oito meses. “Tenho família aqui, mas prefiro ficar na rua”, acrescentou o jovem que foi orientado pelos guardas municipais a deixar as escadarias da Catedral.Mesmo com a operação, muitos moradores de rua e usuários de drogas vão migrando de um lugar para o outro, de preferência longe dos olhos dos agentes. “Nós estamos rodando igual barata tonta, fazendo ciranda, cirandinha”, afirmou Aline Gomes Sodré, de 29 anos. Ela reclama que não consegue ficar em paz nem de madrugada. “Estava ontem tomando a minha sopa na frente da Catedral quando um guarda veio me enquadrar. Disse que eu não podia ficar lá e que era para eu dormir em outro lugar”, reclamou. “Não estão deixando a gente usar nossa cachaça em paz”, disse Isley de Jesus.RespeitoSegundo o secretário de Segurança de Campinas, Luiz Augusto Baggio, quando é opção da pessoa viver na rua, ela deve ser respeitada, mas essa pessoa não tem o direito de se fixar no local. “Ele não pode montar uma barraca e dizer que mora ali. Então, nós estamos identificando essas pessoas, quem necessita de assistência à saúde nós encaminhamos, assim como para os serviços assistenciais”, disse o secretário. “Quero deixar claro que Campinas respeita o morador de rua, mas não aceita que ele não respeite a nossa cidade, que leve degradação, que urine, que defeque ou que ocupe locais públicos”, afirmou.Saiba mais A operação para retirar os moradores de rua e usuários de droga das ruas do Centro conta com pelo menos 20 agentes. O trabalho vem sendo feito basicamente a partir de horas extras dos guardas municipais. Segundo o secretário de Segurança de Campinas, Luiz Augusto Baggio, eles estão destacados para fazer abordagens e verificação de antecedentes criminais das pessoas que encontram pelas ruas. O balanço desde o início da operação inclui 19 flagrantes de procurados da justiça e cerca de 1.400 abordagens em 30 dias, o correspondente a quase 50 por dia. O objetivo é que a Operação Centro Seguro permaneça pelo menos até o final deste ano, principalmente por conta do Natal. “Ano que vem vamos fazer outra avaliação”, disse Baggio.

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