COMBATE AO AEDES AEGYPTI

‘Operação de guerra’ contra dengue tem início nesta quinta no Jd. Eulina

Em dezembro, mais da metade das casas visitadas não foi vistoriada porque estava fechada, desocupada ou pela recusa dos moradores

Da Redação
11/01/2024 às 08:56.
Atualizado em 11/01/2024 às 08:56

Os agentes que trabalham no combate à dengue são da empresa Impacto Controle de Pragas e usam uniforme formado por camiseta branca, com logo da empresa, e calça cinza; em caso de dúvidas, é possível ligar para o 156 e checar se a ação é oficial (Rodrigo Zanotto)

Nesta quinta-feira, a partir das 8h30, a Prefeitura de Campinas promove o que tem sido chamado de "operação de guerra" contra a dengue. Na ação, que acontecerá no Jardim Eulina, está prevista a abertura forçada de imóveis, se necessário, em locais onde forem flagradas piscinas e caixas d'águas abandonadas ou outros espaços que possam servir de criadouro para o mosquito vetor da doença, o Aedes aegypti. A ação também será realizada na sexta-feira (12).

Para isso, a Guarda Municipal apoiará as equipes que vão atuar de casa em casa na prevenção à dengue e demais doenças transmitidas pelo mosquito (zika virus e chikungunya). Para abrir os imóveis, chaveiros atuarão em parceria com a Prefeitura. De acordo com a Prefeitura, a operação está respaldada em decisão judicial de 2020.

O secretário de Justiça de Campinas, Peter Panutto, explicou do que se trata a decisão que permite a ação da Prefeitura. "Campinas estava com um número elevado de contaminação por dengue em 2014. Em razão da recusa de moradores em permitir o acesso das equipes da Prefeitura de Campinas, para vistoria e limpeza de casas com possível foco de contaminação, foi concedida a liminar. Esta liminar foi confirmada por sentença no ano de 2020."

Segundo Panutto, isso permite que as equipes possam acessar a residência utilizando chaveiros profissionais e com acompanhamento da Guarda Municipal. "Como o processo não se limitou à crise sanitária por dengue ocorrida em 2014, a decisão poderá ser utilizada pela Prefeitura sempre que os dados técnicos da Secretaria Municipal de Saúde demonstrarem a necessidade de nova operação de combate à dengue. O referido processo judicial tramitou sob o n.º 1005810-97.2014.8.26.0114, na 1ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Campinas."

Campinas viveu em 2023 a sua sexta pior epidemia de dengue com mais de 11 mil casos registrados (alguns confirmados já neste ano) e três óbitos.

POPULAÇÃO PRECISA CONTRIBUIR

O Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) estima que 80% dos criadouros estão em residências, por isso a participação da população no combate à dengue é essencial.

O médico epidemiologista da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas, André Ribas, avaliou que embora seja um problema difícil de ser resolvido, por se tratar de ambientes privados, ele precisa ser enfrentado e corrigido. O coordenador do Programa Municipal de Arboviroses, Fausto de Almeida Marinho Neto afirmou que a situação do aumento de moradores que não aceitam ter as suas casas vistoriadas pelas equipes dos mutirões é preocupante. Segundo dele, o trabalho fica prejudicado em regiões onde o índice de recusa é alto, impossibilitando interromper as transmissões.

Muitas vezes a recusa acontece porque o morador fica com medo e não confia que as pessoas que estão pedindo para entrar na residência estão à serviço da Prefeitura. Fausto ressaltou que o morador que recusa a entrada dos agentes de combate à dengue por insegurança pode ligar para o 156 para checar se a ação é oficial.

Os agentes que trabalham nas ações de combate à dengue são da empresa Impacto Controle de Pragas e usam uniforme formado por camiseta branca, com logo da empresa, e calça na cor cinza. Outro motivo frequente utilizado para justificar a não permissão de entrada dos agentes, é o retorno para uma nova vistoria em um curto espaço de tempo, ou seja, quando precisam fazer mais de uma visita na mesma residência.

"Se o agente está retornando, é porque há uma situação de risco nesse local", explicou Fausto. Ele acrescentou que o único intuito da ação é combater a reprodução do mosquito que transmite a doença. "Nós vamos procurar riscos relacionados à saúde pública. A não ser que, ao entrar, identifiquemos um caso de trabalho escravo, ou algo do tipo, que temos que, como cidadãos, temos que notificar."

MUTIRÃO ANTERIOR NO EULINA

No dia 16 de dezembro, um sábado, quatro mil imóveis foram visitados pela Secretaria de Saúde, mas parte da ação não aconteceu. Segundo a Prefeitura, 57% dos locais deixaram de ser acessados por conta de espaços fechados, desocupados e recusas de moradores às equipes.

Os imóveis trabalhados ficam em 108 quarteirões. A ação mobilizou todas as equipes contratadas pela Administração para atuar nos serviços de visita aos imóveis. Um caminhão participou do mutirão recolhendo materiais. Enquanto isso, um carro de som avisava a população. Mesmo assim, houve 278 recusas, o equivalente a praticamente 7% de todas as residências visitadas.

Pelo menos desde 2020 o índice de pendência (residências fechadas ou com recusa) sobre imóveis sem acesso na área do Jardim Eulina durante ações contra a dengue tem sido maior do que o verificado em Campinas. No último ano, o índice de pendência no Jd. Eulina foi de 54,5%, enquanto na cidade toda foi de 50,3%.

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