CAMPINAS

Ônibus terão câmeras de reconhecimento facial

A instalação começará em novembro, e visa sobretudo reprimir o uso de benefícios tarifários por terceiros

Raquel Valli
14/10/2016 às 22:43.
Atualizado em 22/04/2022 às 21:57
Ponto de ônibus no corredor da Avenida João Jorge: manutenção dos espaços será assumida por empresas (Leandro Ferreira/AAN)

Ponto de ônibus no corredor da Avenida João Jorge: manutenção dos espaços será assumida por empresas (Leandro Ferreira/AAN)

Os ônibus urbanos de Campinas terão câmeras de reconhecimento facial para evitar fraudes com o pagamento feito com o Bilhete Único, cartão individual e intransferível, que armazena créditos em dinheiro para o pagamento de tarifas do Sistema de Transporte Público de Campinas, o InterCamp. A instalação começará em novembro, e visa sobretudo reprimir o uso de benefícios tarifários por terceiros. Os golpes sobrecarregam o subsídio que a Prefeitura paga às empresas de ônibus, concessionárias do transporte. O passe escolar, por exemplo, garante desconto de 60% no valor da tarifa; o universitário, 50%; o para idosos, gratuidade para maiores de 65 anos; e o gratuito, passagem livre para deficientes. “A biometria é muito importante porque o transporte coletivo é pago por todos. A gente divide o custo pelos usuários, e o que não foi possível pagar, a Prefeitura entra com o subsídio. Algumas pessoas têm os seus direitos de forma correta. Legitimamente elas têm direitos. Agora, o que não é correto? É a pessoa que o tem usurpá-lo, passando o cartão para outra pessoa usar”, disse o prefeito Jonas Donizette (PSB). “Já colocando a 'biometria', vai ser bom para todo mundo porque o sistema garante o direito de quem precisa e evita as fraudes. Quando o golpe é cometido, quem paga é todo mundo que usa o transporte”, acrescentou. O secretário municipal de Transportes, Carlos José Barreiro, presidente da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), disse que o sistema está sendo chamado de biometria por ser o “nome mais popular”. Mas, o que será implantado são validadores de reconhecimento facial (câmeras que tiram fotos). Os usuários, ao se aproximarem desses validadores nos ônibus, vão ter uma série de fotografias tiradas. Depois disso, essas fotos serão comparadas com as dos cadastros dos bilhetes.” As fotos tiradas nos ônibus serão comparadas visualmente por funcionários na Transurc com as dos cadastros. Dessa forma, o fraudador conseguirá passar pela roleta assim que cometer a fraude. Mas, a partir do momento que tiver as fotos comparadas com a do cadastro, será chamado à Transurc para esclarecimentos, e poderá perder o benefício, já que o golpe se caracteriza como falsidade ideológica. A expectativa de Emdec é flagrar uma quantidade significativa de fraudes assim que as câmeras começarem a operar, e que a quantidade de golpes caia à medida em que os usuários se enquadrem. Pelo fato do sistema ainda não estar instalado, a Prefeitura não tem como quantificar especificamente a quantidade de “trapaças” que são aplicadas atualmente nos circulares. Para o inspetor Márcio Frizarin, comandante da Guarda Municipal, a medida auxiliará na segurança pública. “Tudo que vem para somar ajuda, e bastante. E, neste caso, com certeza ajudará na identificação durante algum crime que possa ocorrer no interior dos ônibus.” Manutenção de pontos é alvo de concorrência A licitação para que empresas privadas construam e façam a manutenção de pontos de ônibus em Campinas será lançada em novembro. As vencedoras terão um prazo de 20 anos para explorar as propagandas nos mobiliários, em contrapartida pelo serviço. Terão no máximo 36 meses, a partir de 2017, para implantar os novos abrigos, que serão padronizados e iguais aos já existentes na Avenida Francisco Glicério revitalizada. As empresas serão responsáveis pela troca de todos os pontos de ônibus já existentes na cidade, pela instalação de novos, nos locais em que ainda não há abrigos, e pela manutenção de todos eles. Atualmente, Campinas conta com 5,2 mil mobiliários de parada de transporte público municipal. “Nós vamos definir onde serão implantados os primeiros mobiliários, e assim por diante”, informou o secretário municipal de Transportes, Carlos José Barreiro. A Prefeitura vai fazer a fiscalização do sistema. “Mobiliário físico e exploração da publicidade é problema das empresas. Mobiliário com transporte é problema nosso.” O secretário estima que o investimento para troca e a instalação dos pontos de ônibus será de R$ 50 milhões. Já a manutenção dos mobiliários não sairá por menos de R$ 4 milhões por ano. O requisito básico para participar da concorrência é ter “know-how”. Em relação à exploração da propaganda, a Prefeitura não arrisca estimar porque as que são feitas atualmente nos totens são clandestinas. “E esse é outro ponto positivo dessa parceria público-privada: a regularização dessas publicidades.” Para o prefeito Jonas Donizette (PSB), haverá uma melhoria significativa nas condições dos pontos. “É proteção para sol e para a chuva, e são bancos para as pessoas se sentar. E, possivelmente, teremos wi-fi e tomadas de recarga para smartphone em alguns.”

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