AÇÃO COLETIVA

ONG de Joaquim Egídio incentiva interação da comunidade com a natureza

“Assuma Sustentabilidade” foi criada para apoiar produtores rurais e proteger nascentes de água; atualmente, organização trabalha a educação ambiental com crianças e adultos de maneira lúdica

Luiz Felipe Leite/[email protected]
20/07/2024 às 07:36.
Atualizado em 20/07/2024 às 07:36
Para que os pequenos aprendam desde cedo a respeitar, preservar e conviver com a natureza e o pensamento ecológico, foram feitas parcerias com escolas públicas e particulares: presidente da ONG, a agrônoma Claudia Esmeriz analisa que é papel de entidades, como a Assuma Sustentabilidade, criar um vínculo natural das pessoas com o meio ambiente (Divulgação Assuma Sustentabilidade)

Para que os pequenos aprendam desde cedo a respeitar, preservar e conviver com a natureza e o pensamento ecológico, foram feitas parcerias com escolas públicas e particulares: presidente da ONG, a agrônoma Claudia Esmeriz analisa que é papel de entidades, como a Assuma Sustentabilidade, criar um vínculo natural das pessoas com o meio ambiente (Divulgação Assuma Sustentabilidade)

Agrupar pessoas em torno de ações que beneficiem toda a comunidade, tendo a natureza como foco, é o principal objetivo da ONG Associação para Sustentabilidade e Meio Ambiente (Assuma Sustentabilidade), localizada no distrito de Joaquim Egídio, em Campinas. A ONG possui atualmente 50 colaboradores voluntários ativos, entre moradores da região e até de fora da cidade, e foi criada em 2015, pós-crise hídrica de 2014.

Na ocasião, foi detectada a necessidade de apoiar os produtores rurais da região para que eles pudessem adotar ações para proteger as nascentes de água que passam pelas respectivas propriedades. Os fundadores da entidade fizeram “o meio de campo”, reunindo os produtores com profissionais de ONGs que desenvolviam projetos de recuperação dessas nascentes. Após essa ação, várias outras surgiram nos mais variados campos de atuação. 

Funcionando em uma casa alugada com 2 mil metros quadrados de área, localizada na Rua Heitor Penteado, a Assuma é financiada por doações e possui atividades presenciais três vezes durante a semana, nas áreas da cultura, educação, artes, entre outras. Parcerias com as escolas públicas e particulares também são realizadas para que as crianças possam ter contato direto com a natureza. 

Segundo a presidente da ONG, a educadora ambiental, agrônoma e escritora Claudia Esmeriz, é papel de profissionais, como ela, e de entidades, tal qual a Assuma, fornecer todas as informações e criar um vínculo natural das pessoas com o meio ambiente, “pois é na harmonia e equilíbrio que formaremos a condição de cobrar, do poder público, as melhorias, o cuidado com essa área (APA – Área de Preservação Ambiental) tão linda e importante para todos. E não apenas para quem mora aqui, mas também para quem visita ou trabalha, pois a qualidade de vida passa pelo meio ambiente sadio e que possa ser utilizado de forma sustentável”, explicou.

HISTÓRIA E AÇÕES 

Uma das fundadoras da Assuma Sustentabilidade é Sandra Marques. Ela contou que tornar “a vida de todos cada vez melhor” é uma das missões da ONG. “Aqui oferecemos aulas variadas, oficinas de capacitação, sessões de cinema, venda de roupas e trocas de livros, entre outras atividades. Tudo para valorizar os saberes e fazeres da região, destacando como sempre a importância da proteção ambiental, mas não com um foco técnico, e sim com ações lúdicas”, contou. 

Uma das atividades nesse contexto é chamada de "Quintal Encantado". Nela, há o incentivo para as crianças terem um contato maior e direto com a natureza, com contação de histórias sobre seres do folclore brasileiro, interação com as árvores e tudo com o pé descalço para sentir a grama. 

Outra, voltada à preservação do meio ambiente, é a limpeza coletiva da trilha de Joaquim Egídio. É feita uma visita externa ao local para auxiliar na manutenção da área, com os voluntários retirando itens e encaminhando, quando possível, para a reciclagem. 

Identificar, redescobrir e incrementar a vocação econômica local, com a participação da comunidade, são alguns dos pilares da entidade. “A promoção do convívio social, resgate da história e construção participativa do cotidiano cultural, artístico e educacional da comunidade, além da conscientização sobre a proteção ambiental... essas são as nossas palavras-chave”, disse Sandra. 

Além de proporcionar o contato entre os produtores rurais e entidades que fazem o resgate e proteção de nascentes de água, várias outras ações já foram realizadas pela Assuma, desde a reunião de diversas gerações de mulheres para o preparo de uma receita comum entre as famílias da região até a realização de passeios ao ar livre, como no Parque Linear Ribeirão das Cabras, na trilha de Joaquim Egídio, para proporcionar contato das pessoas com a natureza. 

RESGATE 

A história do distrito de Joaquim Egídio também é um tema abordado pela ONG Assuma Sustentabilidade. A APA de Sousas e Joaquim Egídio foi instituída em 1995, uma região que apresenta uma extensa e abundante área verde e uma fauna diversa. 

De acordo com Claudia Esmeriz, por ser uma região vulnerável a eventuais alterações no uso da terra em função do desenvolvimento desordenado, ter conhecimento sobre o local é fundamental para que ações de conscientização sejam aplicadas pela própria comunidade. “As pessoas são as responsáveis por defender o meio ambiente onde vivem, então realizamos muitas oficinas interativas com os moradores e visitantes sobre a importância da região para as futuras gerações diante das mudanças climáticas que estamos vivendo”, encerrou. 

DISTRITO 

O atual distrito de Joaquim Egídio foi batizado no final do século XIX em homenagem a Joaquim Egídio de Sousa Aranha, marquês de Três Rios. Localizado a cerca de 15 km do Centro de Campinas, também já foi chamado de Laranjal – devido à grande quantidade de árvores desse gênero existente nos cafezais – e São Luciano.

Não existem registros exatos da origem da área, mas alguns historiadores apontam que o provável fundador foi o major Luciano Teixeira Nogueira. Nascido na então Vila de São Carlos (como Campinas era conhecida na época) em 1803, era filho do sargento mor Joaquim José Teixeira e de Angela Izabel Maria de Sousa. 

O militar era conhecido por seus ideais liberais, tendo exercido o cargo de vereador entre os anos 1833-36 e um segundo mandato entre 1845-48, além de ter participado do Combate da Venda Grande, em 1842, batalha ocorrida em Campinas entre um grupo revoltoso liberal contra as tropas imperiais. O objetivo era derrubar o governo do Partido Conservador, então no poder. A vitória conservadora ajudou o governo a vencer os revoltosos e a manter a ordem vigente no país. Nogueira também ocupou posto na Guarda Nacional, substituindo o major Joaquim Quirino (pai de Bento Quirino) no cargo de comandante da corporação. 

No aspecto de terras, era proprietário da Fazenda Chapadão, herdada de seu pai. Já adulto, fundou a Fazenda Laranjal, de produção cafeeira. Sua antiga sede ficava onde hoje é a área urbanizada de Joaquim Egídio. Em homenagem ao major, que morreu em 1884, a vila passou a ser chamada de São Luciano.

Já o marquês de Três Rios doou um terreno para construção da capela de São Joaquim (atual Capela de São Joaquim e São Roque, localizada na Rua José Inácio), ainda no século XIX. Seu neto, Joaquim Egídio de Sousa Aranha Neto, conhecido como o “marquesinho”, ergueu a capela e doou o terreno para a construção de uma estrada de ferro (a antiga “Cabrita”, que fez o transporte de café e de outros produtos agrícolas, via trem, entre a Fazenda das Cabras e a Estação da Companhia Paulista, a partir de 1894 e até a década de 1930). O nome da vila – que mudou de São Luciano para Joaquim Egídio – passou, portanto, a ser utilizado como homenagem ao marquês e sua família. 

Apenas no século XX, em 1958, por meio do decreto do então governador Jânio Quadros, a vila transformou-se em Distrito, tendo como municípios vizinhos Valinhos, Itatiba, Morungaba, Pedreira e Atibaia, fazendo limite também com o distrito de Sousas.

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