AMAZÔNIA

ONG dá atenção a mulheres indígenas

Expedição feminina do Programa Expedicionários da Saúde tem a meta de atender 60 pacientes

Gilson Rei/AAN
10/08/2019 às 10:27.
Atualizado em 30/03/2022 às 18:49

Com o objetivo de atender mulheres indígenas para a prevenção do câncer de colo de útero, a ONG Expedicionários da Saúde (EDS) partiu de Campinas com uma equipe de médicas para o município de São Gabriel da Cachoeira, no Noroeste amazônico. Essa é a segunda Expedição Cor de Rosa, formada apenas por mulheres para atender mulheres, entre as 43 expedições clínicas e cirúrgicas junto à população indígena do Amazonas realizadas nos últimos 17 anos. Essa viagem médica voluntária, denominada Expedição "Cor de Rosa", tem a meta específica de atender 60 mulheres indígenas até amanhã, data de retorno das profissionais — o trabalho começou na terça-feira. Essas indígenas foram diagnosticadas na última expedição, em abril, e deverão passar por cirurgias fundamentais para evitar o surgimento de câncer. Além dos procedimentos cirúrgicos, serão realizados atendimentos clínicos e exames laboratoriais. O grupo é formado por seis médicas e um enfermeiro. Ao longo dos cinco dias de atendimento, serão realizadas biópsias, exames de citologia oncótica, colposcopias (detecta lesões no colo do útero, como HPV), ultrassonografias e cirurgias de alta frequência (CAF) — procedimento que remove alterações celulares do útero, preservado assim o órgão e evitando futuros casos de câncer. Ricardo Affonso Ferreira, presidente e um dos fundadores da ONG, explicou que nesta expedição serão realizadas cirurgias fundamentais para as mulheres. Além disso, outros procedimentos serão feitos para a detecção e a prevenção do câncer de colo de útero. "O câncer de colo de útero ainda é muito prevalente no Brasil, mas é possível mudar esse cenário por meio de ações como a realizada em São Gabriel da Cachoeira. Com o diagnóstico e procedimento correto, essas mulheres ganham a chance de terem vidas normais, longe da ameaça de um tumor", comentou Ferreira. Ferreira afirmou que, por meio de consultas e exames ginecológicos regulares, feitos nas últimas expedições, é possível identificar e intervir em alterações celulares que levam à doença. "Estas ações que estão sendo realizadas neste momento em São Gabriel da Cachoeira são muito importantes se considerarmos o baixo acesso que as mulheres indígenas têm a atendimentos especializados", afirmou. A médica voluntária Íria Novaes, coordenadora da área de ginecologia da ONG, destacou também a importância desta missão. “Serão cinco dias de muito trabalho, mas também de grande realização. Saber que mudamos a vida de mulheres que estavam prestes a ter uma doença tão grave é emocionante. Queremos ter a chance de fazer isso mais vezes”, comentou Íria. O trabalho dos Expedicionários da Saúde conta com o apoio do Exército Brasileiro, que cedeu espaço em seu hospital para a realização dos procedimentos. Os equipamentos e insumos necessários foram levados pela equipe EDS e o Distrito Sanitário Especial Indígena do Alto Rio Negro (DSEI-ARN) dá apoio logístico para buscar e deslocar as pacientes que ficaram alojados na Casa do Índio. O ISA - Instituto Socioambiental -, também apoia a expedição, oferecendo hospedagem para a equipe de voluntários em sua sede, em São Gabriel da Cachoeira. [INTERTITULO]Histórico [/INTERTITULO]A Expedicionários da Saúde atende há 17 e reúne mais de 300 médicos de Campinas e de todo o Brasil. Organiza, em média, três expedições por ano em vários estados da Amazônia Legal Brasileira. Até abril deste ano, quando os médicos realizaram a sua última expedição, a EDS já havia completado 8.356 cirurgias, 58.893 atendimentos e 87.428 exames e procedimentos. Os maiores números de cirurgias realizadas foram nas especialidades de oftalmologia e cirurgia geral, além de cirurgias pediátricas, ortopédicas e ginecológicas de média complexidade. Também realizaram milhares de atendimentos clínicos em diversas especialidades. Formado por um grupo de médicos voluntários, os Expedicionários da Saúde desenvolveu o projeto "Operando na Amazônia", que mobiliza parcerias públicas e privadas para instalação provisória de um Centro Cirúrgico Móvel, composto por seis tendas com equipamentos de alta tecnologia para pequenas e médias cirurgias e atendimentos nas especialidades de oftalmologia, clínica geral, pediatria, ortopedia, ginecologia e odontologia.

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